Escola
Municipal Teodomiro Rodrigues da Rocha
Projeto
Oficina de Poesia
Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real e que contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se
Este
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo...
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.
(Vinícius de Moraes)
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Vinícius de Morais
Soneto de
Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Morais
MODELOS
E IDEIAS
A Ave (Maria) é a Eva
Modelo que deu certo.
A união de Adão e Eva
Modelo que deu errado
O vil caminho incerto
A rota certa do pecado.
II
A união de José e Maria
Modelo ideal de família.
Jesus é o seu único filho
Modelo ideal de existência
Que ao longo dos tempos
Espelha e sempre brilha
III
Deus, único eterno
O modelo singular
De vida exemplar
Capaz de nos salvar
Do fogo do inferno
Modelo que deu certo.
A união de Adão e Eva
Modelo que deu errado
O vil caminho incerto
A rota certa do pecado.
II
A união de José e Maria
Modelo ideal de família.
Jesus é o seu único filho
Modelo ideal de existência
Que ao longo dos tempos
Espelha e sempre brilha
III
Deus, único eterno
O modelo singular
De vida exemplar
Capaz de nos salvar
Do fogo do inferno
ELEMENTOS
DA POESIA
Estrofe
Parte de um poema
consistindo de uma série de linhas ou versos dispostos em uma certa
configuração regular, definidos por metrificação e rima que se repetem
periodicamente. Uma estrofe tem geralmente um "pattern" regular de
número de linhas, metrificação e rima, constituindo-se em uma seção da poesia.
No entanto, uma estrofe irregular não é incomum.
Na corrente
modernista encontramos estrofes livres, onde a preocupação maior é com o
conteúdo dando-se menor importância à metrificação, à rima ou a qualquer outra
configuração regular.
As estrofes podem ser
classificadas como:
1 - monóstico
2 - dístico
3 - terceto
4 - quarteto (ou
quadra)
5 - quintilha
6 - sextilha
7 - sétima
8 - oitava
9 - nona
10 - décima
Todas as estrofes que
tenham mais de dez versos recebem a denominação de Irregulares.
Ritmo
Considerado por
muitos como sendo a mística da palavra, o ritmo é uma alternação uniforme de
sílabas tônicas e não tônicas em cada verso de uma composição poética.
O ritmo de um poema
ainda tem muito a ver com a metrificação e a correspondência sonora provocada
pela rima. Todo esse conjunto de elementos determina o ritmo da obra.
No verso livre a
sonoridade rítmica obedece a um padrão próprio, não sendo governado por regras
externas derivadas da alternação uniforme de sílabas tônicas ou de metrificação
e rima, a essa modalidade dá-se o nome de Arritmia.
Elisão
A elisão é a
supressão (na escrita ou na pronúncia) na vogal final de uma palavra e antes da
vogal inicial da palavra seguinte. É usado para adequar o número de sílabas
poéticas dentro de um verso.
Ex.:
Copo-d’água - Pau-d’alho
Metrificação – Escansão
Metrificação é a
técnica para se medir um verso. Em Português, ela se apóia na tonicidade das
palavras, a escansão; contagem dos sons dos versos. É importante observar que
as sílabas métricas diferem das sílabas gramaticais, observando-se as seguintes
regras.
1. Contagem das sílabas métricas:
a) só
contaremos até a última sílaba tônica de um verso.
1 2 3
Tal / a / chu / va
1 2 3
Trans / pa / re / ce
1 2 3
Quan / do / des / ce
(va/ce/ce - são as
sílabas átonas e não entram na contagem poética)
b)
Quando em um verso uma palavra terminar por vogal átona e a palavra seguinte
começar por vogal ou H (que não tem som, portanto não é fonema, mas uma simples
letra), dar-se-á uma elisão.
A/mo/-te, ó/ cruz/
no/ vér/ti/ce/ fir/ma/da
De es/plên/di/das/ i/gre/jas.
c)
Sinérese: é a fusão de dois sons num só dentro da mesma palavra.
Lan/ça a/ poe/si/a
d)
Diérese: o contrário da sinérese. Separa em sílabas distintas dois sons
vocálicos dentro de uma mesma palavra.
1 2 3
4 5 6 7
8 9 10
Deus/ fa/la/, quan/do
a/ tur/ba es/tá/ qui/e/ta
e)
Hiato: é o contrário da elisão. Separa-se de dois sons interverbais (a sinérese
e a diérese são intraverbais; a elisão e o hiato são interverbais). Conferir
elisão e hiato no exemplo à seguir:
E/ va/ ga
Ao/ lu/ ar
Se a/pa/ga
No / ar.
2. Classificação do verso quanto ao número de sílabas:
a) Isométricos: são os versos de uma só medida. São classificados como:
·
monossílabos
·
dissílabos
·
trissílabos
·
tetrassílabos
·
pentassílabos (ou redondilha menor)
·
hexassílabos (heróico quebrado)
·
heptassílabos (redondilha maior)
·
octossílabos
·
eneassílabos
·
decassílabos (medida nova)
·
hendecassílabos
·
dodecassílabos (ou alexandrinos)
b) Heterométricos: são os versos de diferentes medidas, usados em um mesmo poema.
c) Versos livres: são aqueles que não obedecem a nenhum esquema.
Rima
A rima é um dos
elementos do verso, mas não é essencial ou obrigatório. É apenas uma opção do
autor para criar um vínculo de "melodia" e acentuar o final de um
verso. Este recurso passou a ser usado na Idade Média pelos trovadores.
Atualmente, existem composições poéticas onde as rimas não são usadas, que
recebem o nome de Poesia
Branca ou Poesia
Solta.
As rimas são
classificadas quanto à disposição nas estrofes, e de acordo com as classes
gramaticais que a compõem. Veja alguns exemplos.
1 - Quanto à posição:
Emparelhada (ligando versos seguidos).
A
A
B
B
Cruzada
(versos rimados se alternam).
A
A
B ou
B
C
A
B
B
Abraçada
(ligando dois versos iguais e dois diferentes).
A
A C
B ou
A e
C
B
A C
A
B
B
Interpolada (liga o primeiro e último verso, quando existem três ou mais
entre as ligações).
A
A
B
B
B ou
C
B
D
A
A
Seguida
(liga dois ou mais versos sucessivos).
A
B
B ou
B
B
A
2 - Quanto ao valor:
Pobre –
Formada por palavras da mesma classe gramatical.
Existe
(verbo)
Teimoso
(adjetivo)
Aviste
(verbo)
Amoroso
(adjetivo)
Rica –
Formada por palavras de classes gramaticais diferentes.
Espero
(verbo)
Vida
(substantivo)
Sincero
(adjetivo)
Querida
(adjetivo)
Rara -
Formada por palavras de pouca rima, difíceis de se encontrar.
Cisne
(adjetivo)
Bosque (substantivo)
Tisne
(verbo ou substantivo)
Quiosque
(substantivo)
Preciosa
– Formada por artifícios gramaticais, ou junção de palavras.
Amá-la
Tranqüilo
De gala
Por certo fi-lo
Imperfeitas – Formada por palavras homógrafas (escrita igual ou semelhante, e
significado diferente) e homofônicas (pronúncia igual ou semelhante).
Estrela
(Homógrafa)
Vejo
(Homofônica)
Vê-la
(Homógrafa)
Beijo
(Homofônica)
Poesia existencial
Poesia cujos temas são grandes experiências da vida, como a
angústia, a dúvida, a solidão, a velhice, a morte. No modernismo brasileiro,
os poetas da chamada "geração
de 1930" (Drummond, Murilo Mendes, Vinícius de Moraes),
oferecem em sua obra grandes exemplos desse tipo de poesia. Drummond, sobretudo, tematiza em poemas célebres
o impasse existencial (E agora José?),a velhice (Dentaduras duplas e
Versos à boca da noite, por exemplo), a dúvida e o desengano filosófico (A
máquina do mundo, etc).
Poesia lírica
Poesia centrada na primeira pessoa do discurso (o eu lírico, que não deve ser confundido com o poeta) e cuja
expressão é marcada por subjetividade.
Geralmente, mas não sempre, o conteúdo do poema lírico
são emoções do sujeito (o eu lírico) expressas em forma musical (por
isso o nome lírica, que na Antigüidade
indicava o acompanhamento musical da lira). O poema lírico
tende a ser breve como a canção e obedece a um ritmo
associativo (conexão emocional dos sentidos e das imagens).
Poesia social
Poesia que tematiza questões políticas e sociais. No Brasil, grandes exemplos são, no Romantismo, a poesia abolicionista de Castro Alves e, no Modernismo, os poemas de Carlos Drummond de
Andrade escritos na altura da Segunda Guerra Mundial
e publicados em seu livro A rosa do povo (1945).
Poesia: arte de escrever em versos, inspiração, o que desperta o sentimento do belo, o que leva o poeta a escrever um poema.
Verso e Estrofe
Verso: cada linha de uma estrofe.
Estrofe: conjunto de versos.
" Todos cantam sua terra,
Ex. de verso - Também vou cantar a minha
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha:
- Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-e sem quanto tinha."
Autor: Gonçalves Dias
Ex. de estrofe:
"Imagem falsa, duvidosa, inserta
Não mas minha alma iludirás em sonhos,
Não mas me mostrarão ventura oculta
Teus ademães risonhos."
Autor:
J. M. da Costa e Silva
Métrica
Poética e classificação dos versosÉ a medida do verso, que pode variar de duas silabas poéticas, até doze. Ao número de sílabas métricas quase sempre corresponde o mesmo número de sílabas gramaticais.
A contagem das sílabas métricas obedece aos seguintes princípios:
Conta-se até a última sílaba tônica da última palavra do verso;
Os ditongos crescentes constituem uma sílaba métrica;
Duas ou mais vogais que se encontrem no fim de uma palavra e no início da outra, unem-se numa só sílaba métrica.
1 2 3 4 5 6 7
Oh!/ que/ sau/ da/ des/ que eu/ te-nho
1 2 3 4 5 6 7
Da au/ ro/ ra/ da/ mi/ nha/ vi-da
1 2 3 4 5 6 7
Da/ mi/ nhá in/ fân/ cia/ que/ ri-da
1 2 3 4 5 6 7
Que os/ a/ nos/ não/ tra/ zem/ mais
Os versos quanto ao número de sílabas classificam-se em:
Classificação
|
Número de sílabas
|
Monossílabos
|
1 sílaba
|
Dissílabos
|
2 sílabas
|
Trissílabos
|
3 sílabas
|
Tetrassílabos
|
4 sílabas
|
Pentassílabos
|
5 sílabas
|
Hexassílabos
|
6 sílabas
|
Heptassílabos
|
7 sílabas
|
Octossílabos
|
8 sílabas
|
Eneassílabos
|
9 sílabas
|
Decassílabos
|
10 sílabas
|
Hendecassílabos
|
11 sílabas
|
Dodecassílabos
|
12 sílabas
|
Bárbaros
|
Mais de 12 sílabas
|
O homem, as viagens
"O homem, bicho da terra tão pequeno
chateia-se na Terra.
Lugar de muita miséria e pouca diversão.
Faz-se um foguete, uma cápsula, um módulo.
Toca na Lua,
Pisa na Lua,
Planta bandeirola na Lua,
Experimenta a Lua,
Civiliza a Lua,
Coloniza a Lua,
Humaniza a Lua.
Lua humanizada: igual à Terra!
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte! Ordena as máquinas.(…) "
(Carlos Drummond de Andrade)
Rima
É a coincidência de sons entre palavras, especialmente no final dos versos.
Quanto à posição na estrofe
a) Cruzada ou alternada: (ABAB) O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto:
"Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada A
E triste, e triste e fatigado eu vinha; B
Tinhas a alma de sonhos povoada A
E a alma de sonhos povoada eu tinha." B
(Olavo Bilac)
b) Interpolada: (ABBA) O primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro:
"Para canto de amor tenros cuidados. A
Tomo entre voz, ó montes, o instrumento; B
Ouvi pois o meu fúnebre lamento; B
Se é que compaixão dos animados." A
(Cláudio Manuel da Costa)
c) Emparelhada: (AABB) O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto:
"Manhã de junho ardente. Uma encosta escavada A
seca, deserta e nua, à beira de uma estrada A
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha B
bebendo o sol, comendo o pé, mordendo a rocha." B
(Guerra Junqueiro)
d) Internas: Quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso seguinte:
"Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz."
e) Misturadas: Não tem esquema fixo.
f) Versos brancos ou soltos: São os que não tem rima.
Quanto
à tonicidade
a) Agudas:
Quando rimam palavras oxítonas ou monossilábicas: a/mor e com/por; a/mém e
Be/lém.b) Graves: Quando rimam palavras paroxítonas: an/ta e man/ta; qui/os/que e bos/que.
c) Esdrúxulas: Quando rimam palavras proparoxítonas: má/gi/co e trá/gi/co; li/ri/co e o/ní/ri/co.
Quanto à sonoridade
a)
Perfeitas: Há uma perfeita identidade dos sons finais: festa e manifesta; cedo
e medo.b) Imperfeitas: Quando não há uma perfeita identidade dos sons finais: céu e breu; sais e paz.
c) Consoantes: Quando há os mesmos sons a partir da última tônica: perto e incerto; dezenas e apenas.
d) Toantes: Quando só há identidade com a vogal tônica do verso: terra e pedra; vela e terra.
Quanto ao valor
a) Pobres: Quando rimam palavras da mesma classe gramatical: amor e flor; meu e teu.
b) Ricas: Quando rimam palavras de classes gramaticais diferentes: festa e manifesta; cedo e medo.
c) Raras: Quando rimam palavras de difícil combinação melódica: cisne e tisne; leque e Utreque.
d) Preciosas: São rimas artificiais, decorrentes da combinação de um nome com a forma verbo-pronome: tranqüilo e ouvi-lo; estrela e vê-la.
Disposição das estrofes
Quanto ao número de versos agrupados, as estrofes recebem diferentes denominações:
Classificação |
Número
de versos |
Dístico |
2 versos |
Terceto |
3 versos |
Quarteto |
4 versos |
Quintilha |
5 versos |
Sextilha |
6 versos |
Setilha |
7 versos |
Oitava |
8 versos |
Nonas |
9 versos |
Décimas |
10
versos |
Irregulares |
Mais de
10 versos |
Quando ao metro dos versos, as estrofes podem ser:
a) Simples: Quando agrupam versos de um mesmo metro.
b) Compostas: Quando agrupam versos de metros diferentes.
c) Polimétricas (livres): Quando agrupam versos de diferentes medidas sem obediência a qualquer regra.
Interpretação do poema
Desejo
"Quando eu morrer adornem-me de flores,
Descubram-me das vendas do mistério,
Verso E ao som dos versos que compus carreguem
Meu dourado caixão ao cemitério.
Abram-me um fosso no lugar mais fresco,
Cantem ainda, e deixem-me cantando;
Estrofe Talvez assim a terra se converta
De suave dormir num leito brando.
Em poucos meses far-me-ei poeira,
Porém que importa se mais pura e bela
Minh’alma livre dormirá sorrindo
Talvez nos raios de encantada estrela.
E lá de cima velarei teu sono
E lá de cima esperarei por ti,
Pálida imagem que do exílio escuro
Nas tristes horas de pesar sorri!
Ah! E contudo se deixando o globo
Ave ditosa eu não partisse só,
E ao mesmo sopro conduzisse unidas Rimas (ABAB)
Nossas essências num estreito nó!… (Alternada)
Se junto ao leito das finais angústias,
Da morte fria ao bafejar gelado
Eu te sentisse junto a mim dizendo:
Decassílabo São/ ho/ras/ de/ mar/char,/ eis-me/ a/ teu/ lado.
Como eu me erguera resoluto e firme!
Como eu seguira teu voar bendito!
Quarteto Como espancara co’as possantes asas
O torvo espaço em busca do infinito!"
(Laurindo Rabelo)
APRESENTAÇÃO OFICINA
ESCOLA MUNICIPAL PARAÍSO
APRESENTAÇÃO FINAL DE ANO
GUNNAR VINGREN
http://www.slideboom.com/presentations/901140/APRESENTA%C3%87%C3%83O-GUNNAR
Gostei muito !!
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