A IMPORTÂNCIA DE DESENVOLVER
HÁBITOS DE LEITURA E COMPREENSÃO
José dos Reis Vieira
Pedagogo
RESUMO
O mundo da leitura é muito
diversificado, pois ler envolve todos os sentidos do leitor, é uma atividade em
que quem lê, não usa somente a sua mente, pode-se dizer que leitura é algo
nato, que já está dentro de todo ser humano, o homem é um ser completamente
envolvido pelas diversos tipos de leitura, com uma única diferença de um tipo
de leitor para outro, que é o incentivo que cada um teve para desenvolver o seu
hábito de ler. O professor do Ensino Fundamental deve-se preocupar basicamente
em desenvolver métodos de estimular o seu aluno a ser um bom leitor, tanto no
que diz respeito aos tipos de textos em si, quanto à compreensão daquilo que se
espera de cada faixa etária do desenvolvimento do aluno. Ler e interpretar o
que leu são fatores fundamentais para que o ser humano tenha uma vida
evidentemente muito melhor.
Introdução
Dentro do universo escolar, vemos
uma diversidade infinita de leituras, que são partes fundamentais da vida
diária dos educandos, para que ler? Como ler? E por quê ler? Estas três
perguntas são muito importantes para que o professor possa traçar seu plano
tentando sanar um problema que parece crônico dentro de todas as escolas, o de
desenvolver o hábito de ler nos alunos de 1ª a 4ª série. Que não é um problema
somente da primeira fase do Ensino Fundamental, mas que deve ser trabalhado
nesta fase para que não seja sacrificada toda a vida acadêmica do educando, ou
seja, quanto mais cedo for trabalhado, melhor será o resultado alcançado pelo
professor e evidentemente, melhor será a carreira escolar do aluno, pois quem
escreve, tem que saber o que escreveu, e com quem lê não deve ser diferente, o
leitor deve entender o que leu para ampliar de forma satisfatória todo o seu
universo escolar.
Desenvolvimento
O professor não possui uma
varinha mágica é verdade, mas tem em suas mãos as armas adequadas e bastante
suficientes para não deixar o seu aluno à mercê da sorte, isto não quer dizer
que ele não encontre problemas, pois numa sala de aula há diferentes tipos de
aprendizagens, e o professor com certeza, terá que ser muito dinâmico para não
deixar que o seu trabalho caia na mesmice e se perca no vazio, que é o
acontecimento maior dentro de nossas escolas, por falta de tempo, ou por falta
de metodologias suficientes às expectativas dos alunos, estes não conseguem
desenvolvimento adequado e se conseguem não têm estímulo necessário para
desenvolver o hábito de leitura e compreensão, fazendo o trabalho pedagógico
muitas vezes serem recalcados apenas na leitura e reprodução dessa leitura,
pois o que se pretende realmente buscar é a compreensão daquilo que está
escrito em cada tipo de leitura, para isso é necessário que o aluno entenda que
a sua leitura não acontece somente ao decodificar a escrita, está nos diversos
momentos de sua vida, e de uma forma bem ampla, ou seja, independentemente de
estar ou não dentro da escola ele já está em contato com a leitura de mundo, e
quando ele sabe interpretar bem esta espécie de leitura, entra na escola com
uma vantagem a mais sobre as outras crianças.
Para o professor da 1ª fase do
Ensino Fundamental desenvolver o hábito da leitura nos seus alunos, precisa
acreditar nas possibilidades de fazê-los viajar pelo mundo maravilhoso que é a
leitura, pois é ela que nos leva a conhecer lugares tão fascinantes e
inimagináveis pela nossa mente, e é ela que faz com que o aluno sem sair do seu
mundo, adentre em mundos fantásticos que só poderia se tornar realidade ali,
dentro das páginas de um livro, por tamanha diferença que existe entre o
concreto e o abstrato, porque é através da leitura que essa diferença será aos
poucos desestruturada, fazendo com que o aluno se coloque num patamar
completamente favorável ao desenvolvimento de suas habilidades nas outras áreas
do conhecimento.
Mas o que fazer e como fazer para
que o aluno de 4ª série comece a se interessar pela leitura?
Esta pergunta não poderá ser
respondida sem que o professor tenha antes de tudo feito um diagnóstico profundo
com sua turma, ou seja, elaborar primeiramente um questionário em que dentro
dele esteja todas as indagações necessárias para atender as expectativas do
professor referente às diversas fases de leitura. Depois de elaborado, o
professor deverá aplicar esse questionário para toda a turma, de forma a ter um
resultado real, ou seja, nada de fazer amostragens, porque na amostragem não dá
para se ter um resultado real, e sem o resultado verdadeiro, o professor fica
restringido apenas repetir tudo que já foi feito por outras pessoas. Ele não
consegue estipular os objetivos do seu trabalho, e nem consegue fazer com que o
aluno perceba qual seria realmente o papel no desenvolvimento literário.
Depois de feito o questionário
com os seus alunos, o professor deverá prestar muita atenção nas respostas dos
educandos, pois será na resposta de cada um que ele fará sua atividade render e
desenvolverá atividades diferenciadas de leituras, como por exemplo, há uma
quantidade de alunos que gostam de poesia, há outro grupinho que gosta de
música, um outro porém, prefere os contos, etc. neste infinito de alternativas,
nota-se que o professor não deverá forçar o aluno a seguir nenhum dos grupos,
mas também, quando por acaso, encontrar alguém que goste de todos os tipos de leituras,
deverá fazer deste aluno, um modelo para os demais, assim, todos os alunos se
sentirão estimulados no desenvolvimento da leitura e terá facilidade de
interpretação da mesma.
A dinâmica do professor é sem
dúvidas papel primordial no desenvolvimento do hábito de ler do seu aluno, pois
ele não deverá pregar aquilo que ele não acredita, só poderá passar para o seu
aluno aquilo que ele tem como certeza, não esquecendo também que como formador
de opiniões, deverá desenvolver a questão da afetividade, que é uma tarefa para
poucos, pois dentro de uma sala heterogênea, onde existem crianças em diversos
níveis de aprendizagem, ele deverá nivelar, pelo menos no que diz respeito à
leitura, ou seja, cada um dos grupos deverá ser trabalhado individualmente,
respeitando a resposta de cada um no seu questionário. Aqui não se pretende dar
a resposta pronta, mas fazer o professor trabalhar de forma a respeitar o aluno
como um ser de conhecimento limitado, onde ele deverá transformar esse
conhecimento limitado em horizontes fantásticos e infinitos dentro do mundo
globalizado da leitura.
Quem precisa do conhecimento não
é só o aluno, o professor como mediador, aquela pessoa que tem a obrigação de
aproximar cada vez mais o educando ao saber, precisa estar sempre refletindo a
sua prática, pois é através dessa reflexão que ele encontrará meios de estar
sempre progredindo o trabalho realizado por ele dentro de sua sala de aula.
Aceitar os erros e transformá-los em acertos só é possível quando o professor
não se deixa levar pelo primeiro momento, ou melhor dizendo, na leitura, a
primeira impressão não é a que fica, o aluno é um ser capaz de transformar a
sua realidade, para isto precisa apenas que o professor acredite no seu
potencial, e este, com certeza, é o primeiro passo para que o trabalho com a
leitura dê resultado não só dentro da sala mas em todos os momentos da vida.
Outro fator de muita relevância,
é que o professor não pode deixar o seu aluno desestimulado, precisa, a todos
os momentos incentivar a leitura, explicar a razão dos alunos serem bons
leitores. O estímulo deverá ser constante, e não frustrante, porque o professor
não poderá deixar todo o seu trabalho ir por água abaixo. Também cabe ao
professor não desistir daquele aluno que não se intera com os outros, precisa
sim, estimulá-lo muito mais que os outros de forma a evidenciar para ele que
todo processo humano depende da interpretação que cada um faz em relação ao ato
de ler. Transformar a realidade da sua sala de aula, é uma tarefa que deverá
ser muita bem planejada, caso contrário, o professor cairá na mesmice ou até
poderá sofrer um ataque de nervos, por não estar conseguindo elevar o nível
intelectual de seus alunos, e nem fazendo compreender aquilo que realmente
buscava dentro do universo escolar.
De acordo com ANTUNES 2000 “A
leitura freqüente de textos é muito importante na formação de uma pessoa porque
a obra de arte oferece interpretações do mundo que estimulam a reflexão e o conhecimento e um professor
apaixonado pela leitura de textos literários influencia naturalmente seus
alunos a se transformarem em bons leitores”.
As atividades com leitura, não
podem e não deverão se restringir somente aos muros da escola, deverá ser algo
constante na vida dos alunos, o professor deverá conversar com os pais, buscar
formas de retirar os alunos para excursões literárias, ensaios teatrais,
recitais de poesias, fazer concursos de músicas com videokaraokê, e várias
outras atividades que coloquem as crianças em contato com uma infinidade de
leituras. O professor em nenhuma hipótese poderá forçar o aluno a fazer
determinada atividade, pois se o aluno não gosta de ler, com certeza deverá ter
uma razão para isto, também não deverá escolher o texto para ele, mesmo que ele
tenha respondido que gosta de texto tal no seu questionário e tenha escolhido
outro texto para ler, deixe-o pois do contrário, o vínculo afetivo estará sendo
cortado e ele terá muito mais dificuldade para trazê-lo de volta, e se ele
escolheu certa leitura para fazer isso quer dizer que ele está se interessando.
Para os alunos que gostam de
poesia o professor poderá realizar um mini concurso dentro de sua sala de aula,
dependendo do número de alunos que escolheram essa opção, caso o número seja
muito pequeno, ele poderá fazer uma parceria com as demais turmas da escola e
realizar o concurso com toda escola. Neste tipo de atividade, o professor
deverá escolher diversos livros de poesias, entregá-los aos alunos para que
eles possam escolher por livre e espontânea vontade as poesias que serão
recitadas por eles. Depois terá um tempo para que os alunos possam decorar,
pois somente assim é eles poderão colocar mais vida naquilo que vai ser
exposto. Se o trabalho for realizado na escola, o professor poderá dar algumas
sugestões, e ensaiar cada qual o seu aluno.
Para aqueles que gostam de
teatro, o professor poderá, inicialmente fazer pequenas dramatizações dentro da
sala de aula, através de fábulas, ou outros contos infantis, sempre dando
oportunidades para que o aluno interprete aquilo que leu, ou seja, não se
espera que ele decore o texto, mas que compreenda aquilo que leu, podendo usar
falas diferentes das usadas pelos personagens do texto, ou mesmo se o texto não
tiver falas colocar falas suficientes para que quem estiver assistindo tenha
uma boa compreensão do que foi exposto. Este tipo de atividade deverá ser
iniciado na sala, mas não quer dizer que os alunos ficarão somente dentro da
escola, poderá ser ampliado o número de apresentações para diversos outros
locais, assim, os alunos aumentarão o estímulo para estarem sempre em
evidência, e cada vez mais tornando leitores realmente ativos, e capaz de
compreenderem realmente o que leram.
Para os que gostam de contos,
imagina-se que são aqueles alunos que se encontram mais em contato com a
leitura, ou seja, estes poderão ser trabalhados em rodas de leituras, onde cada
um poderá de forma simples, expressar o que está contido em cada texto que foi
lido por ele, provavelmente, com o incentivo relativo do professor, ele poderá
se deslanchar, e será capaz de em muito pouco tempo ser um leitor assíduo da
biblioteca escolar, quando a escola não possui esta biblioteca, fica
comprometido o incentivo a este aluno, então o professor poderá recortar contos
de jornais, e outras leituras de livros e levá-las para a sala de aula a fim de
proporcionar aos alunos o contato sempre presencial com o mundo literário.
Independentemente da atividade
trabalhada, o professor deverá estar disposto a doar uma parte do seu tempo
para o desenvolvimento do seu aluno, caso ele não disponha deste tempo, é melhor
que ele nem comece um trabalho dessa grandeza, pois é através deste tempo que o
aluno será acompanhado por ele. Dentro da sala de aula não há espaço para que
os ensaios aconteçam, e se o professor for fazer isso dentro da sala de aula, a
empolgação das apresentações será prejudicada, pois os alunos que ensaiam na
maioria das vezes não gostam de apresentar para a sua própria turma, é
preferível que esteja na frente de pessoas desconhecidas para que a inibição
não venha prejudicar o trabalho realizado.
Uma criança que tem contato
direto e que participa das diversas
leituras, sempre compreende mais, sempre tem melhor dicção, facilitando assim
muito o seu desenvolvimento, tanto na leitura como na escrita, a sua interpretação
também melhora sempre que for repetido a mesma apresentação, cada vez, ele
melhora, e cada vez mais ele cria capacidade de ver aquilo que ele interpretou
de forma mais ampla. No universo literário há uma grandiosa fonte de
inesgotáveis possibilidades, e não há como negar de que o mundo da leitura é a
capacidade que as pessoas tem de poder viajar sem sair do seu lugar, conhecendo
assim horizontes fantásticos capazes de elevar cada vez mais o hábito pela
leitura.
Um professor que não busca
selecionar os tipos de leituras poderá estar destruindo, ou fragmentando um
canal muito importante para o aluno que é o de estar em contato com textos de
qualidade, porque dependendo do texto que for colocado e da idade do educando
certamente, ele estará ao invés de incentivando a leitura, podando o aluno nas
suas expectativas de conhecer cada vez mais os mistérios que existe no mundo
fabuloso e fantástico dos diversos gêneros literários, também sabemos que, a
interpretação da leitura não deve ser forçada, mas algo que, através do
incentivo feito pelo professor, é desenvolvido na criança de forma gradual, ou
seja sem que ambos percebam, há um insight, e o aluno estará cada vez mais
dentro do universo literário, e crescerá gradativamente a sua vontade de
procurar mais e mais as leituras, e através dessa busca, ele estará muito mais
incentivado a procurar dentro de suas possibilidades aquilo que tanto prejudica
os nossos alunos, o gosto pela leitura.
A leitura não deve ser algo
cansativo, pois a leitura exaustiva em certa época do desenvolvimento da
criança poderá para sempre marcá-la e transformá-la numa das pessoas que odeiam
a leitura, e se isso acontecer, é porque o professor, de alguma forma
interferiu de maneira decisiva para que isto viesse a acontecer. O professor
deve ser um incentivador, não um podador, de expectativa, pois ele tem uma
tarefa muito difícil, que é o de transformar a realidade virtual de seus
alunos, para assim também, através de seus próprio esforço e estímulo,
desenvolver os hábitos de leitura, para transformar também o real de seus alunos.
Imaginar leitura, sem sofrimento
só é fácil para quem já tem o hábito de ler, quem não possui este hábito com
certeza terá muita dificuldades para desenvolvê-lo, só o fato de ter que passar
de uma realidade para a outra já é motivo de muita angústia, tanto por parte do
professor, tanto por parte do aluno. Para o professor chega a ser mais difícil,
porque ele tem de ver o seu aluno progredindo para se satisfazer, e a demora do
aluno é o tempo que gera a sua angústia, ou seja, é neste intervalo que existe
entre o real e o imaginário, que está o resultado de seu trabalho, quanto mais
demorar o aluno para se desenvolver, maior será o sofrimento do professor
enquanto profissional.
Conclusão
Leitura e sua interpretação são
portanto algo que se busca, em todos os momentos da vida escolar, como diz o
ditado “Escreveu não leu, o pau comeu!”, e para que isto não venha acontecer de
forma suntuosa dentro de nossas escolas, precisamos ter pessoas que se dedicam
e que de alguma forma “desperdicem o seu tempo”, para se doarem um pouco mais
aos seus educandos, pois o tempo que se perde quando este aluno está lá no
Ensino Médio ou Faculdade é muito maior, porque nós encontramos pessoas
completamente transtornadas e forçadas a fazerem uma coisa que não tinham o
costume de fazer, ler... ler... e ler.
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES,
Walda de Andrade. Lendo e Formando Leitores. Editora Ática – São Paulo, 2000.
BENCINI,
Roberta. Hora da Leitura. Compreender,
eis a questão! Revista Nova escola. São Paulo, nº 160, p.48-50, março/2003.
CADEMARTORI,
Ligia. O que é literatura Infantil. Coleção Primeiros Passos – Editora
Brasiliense. 5ª ed. São Paulo, 2001.
FREIRE,
Paulo. A Importância do Ato de Ler:
em três artigos que se completam. 44ª ed. São Paulo. Editora Cortez, 2003.
PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS: Língua
Portuguesa/Ministério da Educação. Secretaria de Educação fundamental. – 3ª
ed. – Brasília, 2001.
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