A INTERDISCIPLINARIDADE
RESUMO
Dentro das escolas se tem falado
muito de interdisciplinaridade, mas devemos ter o cuidado necessário para que o
trabalho aluno-escola, professor-aluno e professor-escola, não seja fragmentado
a um espaço bastante restrito, pois o trabalho docente deverá estar voltado
para o crescimento amplo do seu aluno, é preciso que para isso sejam
desenvolvidas atividades necessárias para o crescimento tanto pessoal quanto
cognitivo desse mesmo aluno, não esquecendo porém que, como mediador, o
professor deverá estar disposto a estimular o seu aluno através da afetividade,
que deverá ser o trabalho principal do professor, esta, sem dúvida é a
metodologia, que deverá ser adotada por todo o professor preocupado com o
desenvolvimento do seu aluno, pois dele dependerá o sucesso ou o fracasso de
toda atividade docente.
Palavras-chaves:
Interdisciplinaridade, desenvolvimento, escola, disciplina, atividades.
Quando se fala de
interdisciplinaridade o que se vem na mente?
Para
início de conversa, interdisciplinaridade é uma palavra complicada, para se
dizer e para praticar, pois nas duas últimas décadas as pessoas escrevem-na e
fala muito sobre ela, mas não sabem realmente o que eventualmente vem a ser a
sua essência, de fato. O trabalho interdisciplinar não é, e nunca será, uma
atividade alheia ao processo ensino-aprendizagem, só pelo fato dos professores
estarem em sala de aula, já devem estar de alguma forma executando mesmo que de
maneira inconsciente a interdisciplinaridade, ou seja, podem até não saber
trabalhar, mas de alguma forma trabalham.
É claro que para que a sala de aula
não seja completamente aniquilada, com propostas inovadoras que não dão
oportunidades ao professor de fugirem do mecanismo globalizado nos conteúdos
dos livros didáticos e nos currículos extra-escolares, é necessário que o
profissional da educação esteja em contato realmente com a necessidade do seu
aluno, e faça com isso o seu trabalho ser muito mais dinâmico do que realmente
é, porque a escola necessita de tempo, e interdisciplinaridade para quem
entende e sabe trabalhar com esta nova proposta ao ato de ensinar.
De
acordo com Fazenda 1995, “O nível transdisciplinar seria o mais alto das
relações iniciais nos níveis multi, pluri e interdisciplinares. Além de se
tratar de uma utopia, apresenta uma incoerência básica, pois a própria idéia de
uma transcedencia pressupõe uma instância científica que que imponha suas
autoridades sobre as demais, e esse caráter impositivo da transdiciplinaridade
negaria a possibilidade do diálogo, condição sine que non para o exercício
eletivo da interdisciplinaridade”.
Um professor que desenvolve com
eficácia o seu trabalho dentro de sua sala de aula, certamente terá mais
oportunidades de praticar atividades interdisciplinares com seus alunos,
possuindo também, um melhor desenvolvimento com os conteúdos propostos por ele
para a sua turma. É evidenciado também, quando se fala de
interdisciplinaridade, que o professor domine todas as disciplinas (Português,
Matemática, Ciências, Geografia, História, Educação Religiosa, Artes, Educação
Física, Inglês, etc.) quando falamos da primeira fase do Ensino Fundamental, ou
seja ele deve desenvolver atividades que sirvam, e que de alguma forma seja uma
ponte entre uma e outra disciplina, e para fazer isso, precisará estar sempre
atualizado e por dentro da realidade de mundo, e do mundo que cerca o seu
aluno.
O trabalho interdisciplinar é muito
importante para o professor desenvolver no seu aluno algo mais, é um momento em
que todo o trabalho pedagógico pode ganhar, através da estruturação correta, e
do desempenho do professor, para que ele de forma criativa e dinâmica se
encontre dentro do espaço de sua sala de aula, e faça uma viagem fantástica ao
mundo real das disciplinas estudadas por todos os seus educandos, é sem
dúvidas, dar créditos na sua própria forma de ver o mundo e de repassá-lo aos
seus alunos. O professor, trabalha ao mesmo tempo um amontoado de conteúdos,
sem perder a essência daquilo que precisa buscar para o seu aluno, ou seja, ele
precisa despertar no seu aluno o interesse e a participação no desenvolvimento
entrelaçado de atividades, e sem que o aluno perceba, algumas dúvidas cruciais
do seu processo de ensino-aprendizagem estarão aos poucos sendo respondidas.
Acreditar no seu trabalho e no
potencial do aluno, também são características fundamentais do professor
interdisciplinar, caso contrário todo o esforço necessário para o bom andamento
de suas atividades, deverão ir por água abaixo, porque por mais que ele se
esforce, e por mais que esteja didaticamente comprometido, ele não pode nunca
deixar o seu aluno à mercê de um emaranhado de dúvidas que sempre vão estar
presentes no ato pedagógico. Então, o professor deverá estar completamente
ciente de sua missão e ser um incentivador do seu aluno, pois só assim terá
como cobrar, conhecimentos futuros, e desenvolver melhor sua proposta
interdisciplinar.
O professor que não consegue ter o
seu trabalhado voltado para a interdisciplinaridade, e de repente, se vê
obrigado a praticá-la, não terá o desempenho satisfatório em suas atividades,
porque ele estará perdido dentro de sua mudança, ou seja, a sua sala de aula
será completamente revirada de cabeça para baixo, e não saberá dosar a
quantidade necessária de conteúdos com o conhecimento esperado de seus alunos.
É praticamente desnecessário todo o esforço relacionado com cada disciplina se
o professor não consegue estipular e construir uma ponte entre o tema abordado
e todas as disciplina do currículo escolar.
Em pesquisa realizada, sobre a
importância da interdisciplinaridade como meio facilitador do processo
ensino-aprendizagem na Escola Municipal Tancredo de Almeida Neves em Bernardo
Sayão - Tocantins, notou-se que os professores dessa escola estão praticando o
trabalho interdisciplinar, mas de forma que não se completam, ou seja, já que a
escola é um todo, e os professores fazem parte de uma equipe, seria favorável
um trabalho de grupo em interdisciplinaridade, para poder ter um
desenvolvimento melhor em suas atividades pedagógicas. O gráfico 1 abaixo
mostra o trabalho realizado pela equipe escolar, onde os docentes se vêem
preocupados com o trabalho interdisciplinar, mas não sabem, ou não estão
voltados completamente para ele, e o gráfico 2 expressa o sentimento dos alunos
referente ao trabalho interdisciplinar realizado pelo seu professor. Ambos se
vêem numa mesma situação, ou seja, o professor por um lado não oferece meios
dos alunos estarem em contato com temas de sua própria realidade, já o aluno
ainda não sabe buscar aquilo que realmente é necessário dentro do currículo
escolar, porque ainda não tem maturação para isso. É claro que a
responsabilidade maior é do professor, porque ele sendo um meio de levar o
aluno até o conhecimento, deverá buscar metodologias adequadas para que isso
aconteça.
Alguns professores imaginam
interdisciplinaridade, apenas pelo fato de que poderão ganhar tempo, mas não se
organizam cronologicamente para isso, como por exemplo: certo conteúdo de
História foi atrapalhado por causa de uma reunião, e o professor estava
precisando dele, então pegou a aula de Português, deu um texto de história, fez
a interpretação juntamente com seus alunos, e pronto foi resolvido o seu
problema, em apenas uma aula, conseguiu passar o conteúdo de duas disciplinas.
Este fato ocorre muito dentro de nossas escolas, pois a carga horária de cada
disciplina é atrapalhada por causa de tantas atividades no núcleo escolar, o
calendário é completamente atropelado pelo grande número de atividades
extracurriculares que envolvem os professores que se vêem, muitas vezes
perdidos num emaranhado de novas situações, que nem mesmo eles conseguem
explicar. A verdade é que todo esse número de atividade reflete de forma
negativa dentro da sala de aula, e o professor não tem controle de sua
situação, se perdendo de vez dentro do espaço escolar.
Há uma controvérsia muito grande
referente ao ato interdisciplinar praticado por muitos profissionais, por um
lado existe um pequeno grupo que diz trabalhar de forma interdisciplinar, e
existe um outro que diz não trabalhar dessa maneira, ou seja, não estamos aqui
para taxar o trabalho realizado pelos professores, mas sim para que juntos
possamos refletir sobre a prática pedagógica interdisciplinar dentro de nossas
escolas, porque se vê falando muito, mas na prática mesmo não estamos vendo
praticamente nada. Para que se tenha um trabalho realmente eficaz no que diz
respeito à interdisciplinaridade é preciso que cada um desempenhe o seu papel, tanto
como interlocutor que é o caso do aluno, tanto como interventor que é o que o
professor deve ser para o seu educando, ou seja em toda área de ensino os dois
devem se equivaler, e o trabalho interdisciplinar só terá realmente êxito
quando ambos se tornarem capazes de interagirem de forma satisfatória no
desenvolvimento de suas atividades pedagógicas.
É possível que ainda haja
professores que cabulam suas aulas, e que fazem de conta que ensinam, e também
há alunos que pouco se importam com esse acontecimento dentro da escola, pois
se trata de algo mesquinho, pois uma pequena hora de enrolação, é muito pouco
para uma vida inteira de desprazeres pedagógicos, é o que mais se vê dentro da
prática cotidiana da sala de aula, pois professores desmotivados, desmotivam os
seus alunos, e, aluno desmotivado não consegue ter raciocínio de que o estudo é
importante, porque, como sabemos, quando não se tem certeza daquilo que se faz,
há uma grande possibilidade de querer fazer e fazer errado, assim acontece com
a interdisciplinaridade, os professores não compreendem bem do que ela se
trata, e porque não entendem, praticam atos falhos ao processo pedagógico.
Existem vários grupos de professores
que se colocam em diferentes posicionamentos quando se trata da interdisciplinaridade,
alguns trabalham com ela, mas não entendem porque trabalhá-la dentro da sala,
outros porém, querem trabalhar mas não sabem como, um outro grupo porém não
trabalha e nem quer saber de trabalhar dessa forma, ou seja a
interdisciplinaridade é para esse grupo de professores algo que não vale a
pena, por que se arriscar quando o que mais interessa é o controle do conteúdo
a ser repassado para os alunos? É muito mais fácil não ousar, pois a ousadia
poderá fazer com que ele perca toda a seqüência daquilo que teria como
planejado para o seu aluno, se perdendo de vez, dentro do espaço de sua própria
sala de aula.
Ser
ou não ser interdisciplinar, eis a questão!
Apesar de todas as exigências que
pertencem à prática pedagógica do professor, não há uma preocupação por parte
da escola de cobrar uma postura interdisciplinar dentro da sala de aula, porque
isso ocasionaria muito mais trabalho tanto para a escola quanto para o
professor. Às vezes o professor se torna interdisciplinar pela própria
necessidade de ganhar tempo, mas não sabe que esta sua atitude poderá trazer
graves conseqüências ao desenvolvimento de seu aluno, porque se precisa de
atitudes que facilitem o trabalho pedagógico, ou melhor dizendo, o que ele
precisa realmente é dedicação naquilo que está se fazendo, o professor deve se
esforçar cada vez mais para que consiga realizar um trabalho evidentemente mais
próximo daquilo que é esperado por ele e por todos os membros de sua equipe.
Nenhum professor poderá estar
isolado, o seu trabalho pedagógico deverá estar voltado para a
interdisciplinaridade, pois todos devem estar na moda, e o modismo hoje é a
interdisciplinaridade, mesmo sabendo que ela poderá não trazer conseqüências
muito bem vinda à sua prática escolar. Às vezes por apenas um pequeno detalhe,
o professor, deixa escapar a interdisciplinaridade e passar então a executar
apenas uma mistura de conteúdos dentro
de sua sala, fazendo o seu trabalho progredir de forma fragmentada, o que não
deve ser nunca buscado por um profissional que está de alguma maneira formando
mentes, e estimulando conceitos de vida para os seus clientes. A
interdisciplinaridade é algo que deve ser primeiramente trabalhado na mente dos
professores para depois os colocar de volta para o trabalho corriqueiro da sala
de aula.
Querer ser interdisciplinar é muito
fácil, basta que o professor trabalhe em sua turma todas as disciplinas do
currículo de forma simples e eficaz, mas para realmente falando
interdisciplinaridade não é fácil, precisa-se de um estudo muito bem
aprofundado, e bastante contundente por parte tanto do professor como da sua
equipe pedagógica. Para que o aluno desenvolva suas habilidades de forma
cristalina é preciso que o professor compreenda as limitações do seu aluno e o
mais importante, que ele também reconheça suas próprias limitações, para
desenvolver com êxito todo o seu potencial interdisciplinar.
Muitos profissionais da educação,
independentemente de ser ou não docente, acham que a interdisciplinaridade, é
tão somente estipular um tempo para o desenvolvimento de cada espécie de ação,
ou seja, com o professor jogando para o aluno ao mesmo tempo um conteúdo
cabível em duas ou mais disciplinas, ele estará não somente ganhando tempo, mas
conseguindo o objetivo maior da interdisciplinaridade, que é o de produzir com
eficácia um elo de ligação entre todas as disciplinas do currículo escolar, só
que se por um lado é aceitável este tipo de pensamento, por outro é
praticamente impossível aceitarmos que o ato interdisciplinar se resuma apenas
a isto.
Ser interdisciplinar é necessário,
mas é também imprescindível que o professor seja realmente comprometido com a
proposta da sua escola, é estar sempre em contato com o trabalho dos outros
docentes, porque interdisciplinaridade não é somente ser um mero retransmissor
de conteúdos mesclados às vezes por uma necessidade alheia até a sua própria
vontade, para tão somente satisfazer aos outros. O melhor sem dúvidas, é que o
trabalho docente seja evidenciado e voltado completamente para as necessidades
básicas do seu educando, para que não se perca no vazio de expectativas. Ser
interdisciplinar é buscar alternativas de vida, dentro do espaço que se tem, ou
seja, é basicamente um limite que existe entre a possibilidade de aprender uma
disciplina, e o resultado alcançado tanto pelo professor como pelo aluno.
Acreditar em todas as situações de
aprendizagem é passo fundamental para que o professor seja interdisciplinar,
porque é através da interação que existe entre educador e o educando é que se
vê possibilidade maior para o professor ser realmente um agente transformador
da realidade do mundo de seu próprio educando, ou seja, se não houver essa
interação, o trabalho escolar e extra-escolar do professor ficará completamente
prejudicado, tirando-lhe a chance de mostrar todo o seu potencial, pois é
através da sua atitude é que terá o apoio necessário para o desenvolvimento de
suas capacidades intelectuais e a capacidade de assimilação do educando.
Diante de tudo que foi visto no
campo da interdisciplinaridade, tanto na teoria quanto na prática da sala de
aula, ainda se vê, pessoas completamente perdidas dentro do seu próprio espaço,
ou seja, dominar apenas um conteúdo hoje, não é mais moda nem suficiente para
acontecer de forma certa a interdisciplinaridade, o professor deverá estar por
dentro de todas as disciplinas do currículo escolar, não quer dizer porém que
ele tenha que ser um expert em todo conteúdo, mas que pelo menos, ele tenha uma
noção básica de tudo que vai ser estudado pelo aluno, pois ele tem que estar
preparado para ensinar não só aquilo que está dentro do livro didático, ele tem
que ser muito mais do que um mero retransmissor de conhecimento, tem antes de
qualquer coisa ser um facilitador do processo de formação do seu aluno. Hoje o
professor que se limita apenas àquilo que está no livro didático, com certeza
não deverá ter mais espaço dentro da escola, porque o que se pretende do
profissional da educação é que ele seja o caminho entre o seu educando e o
saber, entre o seu educando e a sua própria vida, ou seja o seu trabalho deixou
de ser suficiente dentro da sala de aula e passou a ser uma necessidade na vida
extra-escolar do seu aluno, certamente este deverá ser o perfil do verdadeiro
profissional da educação no século XXI.
BIBLIOGRAFIA
FAZENDA,
I. C. A. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa, ed. Papirus, São
Paulo, 2002.
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