Biografia

BIOGRAFIA

BIOGRAFIA JOSÉ DOS REIS VIEIRA José dos Reis Vieira mais popular (Zezinho), nasceu na cidade de Morrinhos no Estado de Goiás no dia 0...

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ITINERÂNCIA

ITINERÂNCIA/2012

CAPA DO LIVRO
ITINERÂNCIA



CAPA DO LIVRO
ITINERÂNCIA



MARCADOR DE PÁGINAS DO LIVRO
ITINERÂNCIA


APRESENTAÇÃO DO LIVRO
ITINERÂNCIA


APRESENTAÇÃO


De repente ao abrirmos uma janela dentro do coração, sentimos um vazio, mas isto ocorre por pouco tempo, esse vazio logo é preenchido por coisas boas que nos elevam e nos fazem perceber que a felicidade existe e que ela nos chega de graça sem nos cobrar nada.
Na nossa vida ao depararmos com momentos assim, e o simples girar de uma maçaneta nos remete a instantes inesquecíveis, até porque, muitas vezes nos acovardamos no nosso egoísmo, e ele nos provoca males imensuráveis, que às vezes desacreditamos em nos mesmos.
Ainda bem que o poeta tem a sensibilidade para itinerar sentimentos e fazê-los viajar por caminhos nunca seguidos pelos tolos pensamentos humanos, até porque nos caminhos de sentimento é muito difícil caminhar e o poeta tem essa sensibilidade de sentir e de fazer seu próprio caminho.
Itinerar é poder viajar, uma viagem fantástica pelo mundo cômico, poético, virtual, ignorante… enfim… um mundo imaginário que só é encontrado dentro do coração daqueles que são capazes de amar e de fazer com que seus sentimentos sejam itinerantes. “Às vezes aqui / às vezes acolá / sempre indo e vindo / e voltando ao mesmo lugar.”


PREFÁCIO

Pesquisando no dicionário Aurélio descobri o que significa itinerante. “1. Que jornadeia de lugar para lugar: Trabalhador itinerante. 2. Que percorre itinerários: Bispo itinerante.” Já para o poeta José dos Reis Vieira ser itinerante é fazer uma movimentação constante de sentimentos, o amor não fica somente num lugar, ele está sempre indo e vindo, deve ser por isso que sentimos a saudade. Partimos com o pensamento em alguém que ficou, e se ficamos estamos com o pensamento em alguém que partiu.
A música de Milton Nascimento e Fernando BrantCanção da América” expressa bem o que é isso:
Assim falava a canção
que na América ouvi.
Mas quem cantava chorou
ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou no pensamento voou
com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
com a lembrança que o outro cantou.”

A sensibilidade é para poucos, adentrar no mundo sentimental dos seres humanos é muito difícil, mas o que nos dá respaldo a esta evasão e invasão de sentimentos é porque sempre procuramos algo melhor em nossas vidas, por isto estamos sempre indo e vindo. O Poeta José dos Reis sempre se renova e desta vez, tentando explicar o que existe de melhor dentro de cada ser e nos trás de presente a obra “ITINERÂNCIA” uma mistura heterogênea de sentimentos a vislumbrar o nosso universo tanto concreto quanto imaginário.
Convido então o leitor para se acomodar e adentrar neste mundo tão peculiar, que se encontra neste livro que é o retrato de cada um, pois itinerantes somos todos nós, e estamos sempre procurando uma chance para encontrar um mundo melhor, seja aqui ou qualquer lugar por onde a gente for.



TEXTO QUE DEU TÍTULO AO LIVRO


ITINERÂNCIA

Estou aqui,
Mas gostaria de estar lá.
Quando estou lá,
Gostaria de estar aqui.

Não sei o que vai me fazer mudar,
Não sei o que vai me fazer partir,
Às vezes não sei...
Se quero ficar lá,
O se quero ficar aqui.

Estou partindo,
Já pensando em voltar,
E quando estou de volta,
Logo terei que partir.

A minha vida é assim,
Assim toda vida é,
Estamos sempre caminhando,
Às vezes em busca do amor,
Às vezes em busca da fé.

Mas o que nos faz
Realmente pensar que somos,
é o que queremos,
ou que realmente pensamos ser.

Às vezes aqui,
Às vezes acolá,
Sempre indo e vindo,
E voltando ao mesmo lugar.







DESABAFO DE UM JOVEM LOUCO


DESABAFO DE UM JOVEM LOUCO


CAPA DO LIVRO
DESABAFO DE UM JOVEM LOUCO


CONTRACAPA DO LIVRO
DESABAFO DE UM JOVEM LOUCO





DEDICATÓRIA





A Deus todo poderoso, único e insubstituível ser que me dá a certeza de que todas as nossas loucuras são por uma causa justa quando se trata de amor ao próximo.

            Aos meus familiares por sempre me acolher nas minhas loucas loucuras, e por me fazer acreditar que só sendo um louco poderei certamente ser mais feliz.

À minha louca loucura de vida por me inspirar nos bons e maus momentos de minha vida (Marly Batista de Oliveira).

A todas as pessoas que se encontram ao meu redor e acreditam que são normais só pelo fato de ter opiniões opostas às das demais pessoas.































AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por ter me dado a sensibilidade de poder pregar o amor em todos os lugares através de palavras e principalmente através de gestos sempre verdadeiros.

Aos amigos que de certa forma inspiraram minhas loucuras, e as fizeram transparecer nestas simples folhas de papel.

Aos “NORMAIS” que sempre me deram alternativas para que eu fosse cada vez mais louco, e buscasse nas minhas loucuras uma chance de não cometer os seus mesmos erros.




































PREFÁCIO


“Como a Etimologia ensina coisas – é como se a origem das palavras contivesse toda a sabedoria do mundo”
M. JULIETA DRUMMOND DE ANDRADE, O valor da vida.


Temos aqui, portanto, mais uma obra pródiga, de significação básica, pois é aplicada, por exemplo, consoante conflitos existenciais e desequilíbrios emocionais os quais se sucedem, alternadamente, em virtude do ser humano chegar ou não a conclusões, devido, no início, não compreender o comportamento da imagem humana que lhe aparece. Sem critérios científicos, entretanto, pelo senso comum, cria uma psicologia comportamental objetiva cuja função é definida como um conjunto de situações que levaria o ser humano a conhecer e compreender todas as fases daquele jovem “louco”. Segundo  sua determinação,  o seu caráter consistia em testar, arbitrariamente, a sua relação com os outros visto que só haveria contestação diante das ocorrências ou eventos definidos cuja organização contribuiria para estabelecer relações do tipo sócio-culturais.
Tal procedimento é válido em contextos diferenciados, veja como o personagem se comporta em todos os capítulos. Nesse caso, o autor possibilita momentos adversos ao pensamento do jovem “louco”. Várias passagens da obra fazem referências a conteúdos emocionais, experimentados pelas suas idas e vindas, por não saber, ainda, da sua própria existência.
É nesse clima caótico da dúvida e das incertezas, do certo e do errado, a personagem, impotente, resolve enfrentar a vida e fortalecer seus sentimentos no sentido de superar o egoísmo, a falta de solidariedade; desejando ações concretas e, sempre, preocupado  com a felicidade dos outros.
Ao contrário de todos pensarem que ele era louco, e não o era, também, precisava do amor para transcender os obstáculos de forma que atendesse não só a ele mas a todos os cidadãos. E, também,  lutar por uma afirmação ideológica.
Assim, o principal personagem torna possível evidenciar ao mundo um tratamento de sentimentos entre as pessoas, embora desprovidas de conhecimento; mas disposto a ser um modelo para os outros, mesmo sacrificando seus projetos pessoais.
Por isso, ele passou a acreditar em um mundo melhor para si e para os outros.
Então, a obra apresenta um instrumento natural que é a educação como meio de fortalecer, avançar, transformar o ser humano porque ela estreita relações, alarga horizontes e demarca projetos para o futuro.
Assim é o autor; assim é José dos Reis Vieira, um escritor. Consciente de seu dever, consciente de sua função; assim é a obra, natural, pessoal, real, social, enigmática; religiosa; absolutamente, um retrato, um retrato do consciente que basta um transtorno para sermos “loucos”; loucos pela vida, loucos pelo irmão, loucos pelo amor. Assim é o autor-personagem, solidário.



            Miguel Ângelo Alvarino Ramos
























































APRESENTAÇÃO


Todos  temos uma história de vida  muito peculiar e, neste manifesto natural, às vezes, nos degradamos de nossos sentimentos, imaginando sermos outra pessoa; isto constantemente faz com que não percebamos o mundo vazio que se encontra dentro de nós. As palavras expressadas, por cada um, são muitas vezes confundidas com um aglomerado de informações desnecessárias, que nos elevam à categoria de seres insensíveis capazes de poder camuflar até a nossa própria existência.
Não dá mais para aceitar  os  obstáculos  insuperáveis e nem  objetivos que não sejam alcançados por nossa própria vontade, sem sermos dissimulados com as pessoas as quais encontramos pelo  caminho. Ir além de nossos limites deve ser a dinâmica de vida de quem se diz humano; ficar estático, sem ter uma meta, capaz de nos fazer acreditar que realmente estamos vivos, é uma atitude inaceitável por parte de todos aqueles cuja esperança depositam em nós.
De qualquer forma há uma retórica muito superficial quando tratamos de cada ser humano. Devemos então nos tornar dignos de cada atitude que formos praticar, mesmo que essas atitudes nos levem a imaginar que não podemos nada. Há uma necessidade básica de pelo menos tentarmos ser aquilo que almejamos para nós. Só que nos vemos num universo mágico, onde o anjo de cada um se vê  tentado pelos demônios que se encontram ao redor dele, querendo  que ele desista de trilhar o seu caminho.
É aí que percebemos toda a forma de poder que existe dentro de cada ser humano. A mente humana é superdotada de forças que vão  além de qualquer pensamento, e, impreterivelmente,  nos mostra que realmente somos capazes e  que precisamos acreditar sempre na possibilidade, mesmo quando o fracasso vier de encontro à nossa pessoa.
Quando fazemos uma viagem para bem dentro de nós, conseguimos enaltecer e ficar repletos do mais lindo dos sentimentos que qualquer ser humano pode ter, e que de alguma forma se vê escondido, esperando apenas que o egoísmo seja desnivelado pela nossa força de vontade e pela solidariedade que está ali, esperando apenas a sua oportunidade para nos mostrar todas as suas bem-aventuranças.










BIOGRAFIA

José dos Reis Vieira mais popular (Zezinho), nasceu na cidade de Morrinhos no Estado de Goiás no dia 08 de setembro de 1971, onde residiu durante os primeiros cinco anos, partindo em meados de 77 para a cidade de Colinas de Goiás, hoje Colinas do Tocantins.
Antes de entrar na escola já traçava os seus primeiros rabiscos na areia, ali estava nascendo naquela humilde chácara, o poeta, e com suas primeiras letras, apareceram também os primeiros pensamentos, e como sonhava alto, o menino!
Sua vida estudantil começou em 1979 na Escola Estadual de 1º Grau Ernesto Barros, onde terminou o 1º grau em 1986. Iniciou em 1987 o Curso técnico em contabilidade no Colégio João XXIII terminando em 1989. Por falta de vaga na área contábil iniciou em 1992 o curso técnico em Magistério no Colégio Estadual Pres. Castelo Branco concluindo em 1994. Desde 1995 está no Magistério municipal de Colinas.
Cursou Pedagogia na UNITINS no Campus Universitário de Guaraí – TO de 1998 a 2001.  É pós-graduado em Ensino especial pelo IBPEX (instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão).
Escreveu o livro “O amor e a vida” em 2003, sendo bem aceito pelas pessoas que adquiriram e tiveram o prazer de ter em suas mãos aquilo que realmente retratavam os seus sentimentos, tanto patriótico quanto romântico, em 2004, porém, não foi diferente, “Rabiscos de Sentimentos” deu seguimento àquilo que o poeta fez na sua primeira obra. Em 2005 abriu as Janelas Poéticas do seu sentimento, e mostrou ao público mais um trabalho acreditando e pregando que precisamos abrir cada uma dessas  janelas para vivermos bem melhor.
Em 2006 novamente se pôs a mostrar o porquê de suas andanças pelo universo mágico do amor, pregando toda a sua essência no mais célebre dos corações humanos e o livro Pra não dizer que não falei do amor tocou bem no fundo das emoções de todos aqueles que tiverem a oportunidade de conhecer o teor de suas páginas.
Agora em 2007, mudando radicalmente vem a público,  com uma nova metodologia, e o livro Desabafo de um jovem louco está mostrando uma nova face do autor, esperando com isso proliferar o número seus discípulos a fim de demonstrar que se pode ser feliz com o que a gente é, e não pelo que as pessoas nos desejam.
            Esta obra é a marca registrada de alguém que sempre acreditou nos seus ideais, mesmo sabendo que a trajetória de nossas vidas às vezes, é um amontoado de equívocos que são praticados por nós e por todos aqueles que estão à nossa volta, é preciso que o amor não seja apenas mais um sentimento, é necessário que além de sentido, ele precisa ser vivido e elevado ao mais alto grau de sublimidade.






UM ROSTO NA MULTIDÃO



Numa manhã de setembro, um dia  como qualquer outro,  marcas de um sol  abrasador no rosto das pessoas que se mostravam na rua. Ninguém ousaria dizer que não era um dia lindo, mas realmente era um dia lindo. E no meio de tanta euforia,  pessoas trafegando para lá e para cá, deslocando-se para o trabalho e compras, havia a figura de um rosto o qual o sol conseguia muito bem esconder, mas  não conseguia apagar as marcas que o tempo havia lhe deixado.  Ele estava lá, olhando fixo, tentando decifrar o pensamento das pessoas, que como eu, também tinha o seu ponto de vista,  que poderia fazer do meu mundo algo melhor. Aproximei-me, então, daquela pessoa e tive uma enorme surpresa, quando percebi que da minha memória vã, ela fazia parte. Só que eu não conseguia entender nem como e nem por que. O meu pensamento viajou, viajou. Eu  não conseguia me lembrar de nada  e aquela manhã seria o ponto de partida para  eu  repensar tudo que houvera acontecido na minha vida.
Quis falar alguma coisa àquela pessoa de olhar tristonho, entretanto não conseguia. Parece coisa mais absurda do mundo, mas o que me adiantaria? E  para ela,   adiantaria alguma coisa?  Se nada eu poderia oferecer além da minha força de vontade, e da minha maneira otimista de ver o mundo, pois muitas pessoas dizem ser pessimista. Fiquei somente a olhar, parece que aquilo estava preso em mim, era uma coisa  mexendo comigo, mas a pessoa continuava com o seu olhar fixo de tristeza, impassível, somente a verificar o vai-vem das pessoas,  como ela, deveriam ter uma angústia em suas vidas.
Aquela manhã, para mim, estava completamente acabada, não entendia nada, mas aquele rosto na multidão queria me mandar uma mensagem, porém eu não conseguia compreender o que realmente era. Foi terrível. Fiquei impressionado com aquela figura martelando a minha mente, gostaria de procurar entender aquele ser misterioso de forma concreta, mas  era muito abstrato para mim, e o meu tempo, naquela manhã, apesar de passar tão rápido e de não conseguir fazer nada, eu tinha certeza de que ele não teria sido desperdiçado, haveria alguma razão para  eu estar ali naquele exato momento, e de ter esquecido tudo que eu precisava lembrar naquela instigante manhã.
Foram, aproximadamente, duas horas observando aquela pessoa misteriosa, não sei por que, mas alguma coisa estava relacionada com a minha vida. Os meus pensamentos viajaram para muito distante de mim. Situei-me  para que tudo estivesse bem organizado na minha mente, e   não cometesse nenhum equívoco; então resolvi fazer o que ela estava fazendo. Ela olhava a multidão no vazio do seu olhar, e eu olhava para ela, querendo encontrar uma razão para aquilo que eu estava vivendo. Quando observei bem dentro dos seus olhos, senti um vazio gigantesco dentro de mim, apesar de  seus olhos estarem lacrimejando, pela tristeza que  estava sentindo. Sem perceber, dos meus, também, caiam as lágrimas, contudo eu não conseguia saber por que; porém, sentia dentro de mim  uma razão muito forte para que elas descessem e molhassem o meu rosto.
Voltei para casa. Aquela pessoa mostrou um flash back da minha vida. Deitei e fiquei com aquilo em minha mente. Era uma coisa extraordinária que estava acontecendo comigo, nunca havia imaginado ser tão sensível, como estava me sentindo naquele dia. Tudo estaria igual se não fosse aquele rosto entristecido que me mostrava à multidão, que se mostrava indiferente,  mas que de alguma forma eu teria algo a ver com ele. Elevei meus pensamentos e comecei a me perguntar e a lhe perguntar o porquê de ele estar ali naquele exato momento. As  respostas começaram a aparecer como se me levassem a algo que eu nunca houvesse imaginado, por mim e pela minha mente limitada de pensamentos possíveis e de sonhos impossíveis. Ela me mostrava naquele momento, tudo que eu poderia fazer para melhorar a minha vida e encontrar uma razão para viver.
Continuei a questionar aquela pessoa, em minha mente, e continuava estática, mas  tinha uma razão, para estar daquela forma. Os minutos passando, a minha agonia aumentando por não saber o que teria me acontecido durante toda a minha existência. Aquela figura exposta no vazio do meu mundo me fez recordar de pequenas coisas  deixados de fazer, ao percorrer nos meus pensamentos uma pequena parte da minha vida. Estava aos poucos revivendo um passado. Poderia ter sido melhor, se não fosse a minha imaturidade e a minha falta de fé ao enfrentar os problemas que outrora apareceram na minha vida. Eu não queria pensar nos fracassos, se é que houve fracassos, apenas eu não me sentia preparado para enfrentar os problemas de maneira a superá-los, pois naquele instante de minha vida eles não eram importantes, ou eu não conseguia vê-los com a devida importância que mereciam.
Eu que nunca havia pensado pós-morte, estava naquele frio e isolado quarto a imaginar, através daquele rosto, o que seria de mim? Por que morremos?  E sem que eu percebesse estava chorando,  bateu-me um desespero,  sentia-me mais frágil do que realmente era, não estava compreendendo porque eu estava daquela forma, pois, há poucos segundos atrás, era uma pessoa super fortalecida e capaz de ver a felicidade em cada ser humano. E continuei naquela maresia sem conseguir respostas às minhas perguntas.A cada segundo  aumentava ainda mais e cada vez mais me sentia inútil diante de tantas dificuldades  no meu viver.
Não conseguia ficar quieto dentro do meu silencioso e obscuro aposento, andava de um lado para o outro como quem procurava alguma coisa para realmente me satisfazer diante das expectativas que procurei para o meu pequeno universo. E o meu universo era pequeno mesmo pois só conseguia ir de mim até aquele rosto misterioso, que se escondia nas sombras do meu infinito pensamento, e só por ele estar ali, era mais um motivo para que eu não me sentisse só, mas eu teimava em me sentir só, porque não conseguia ver naquele rosto o que realmente seria o meu maravilhoso e irrepreensível viver. Parei um pouco, lavei o meu rosto e novamente estava a me perguntar e a perguntar àquela figura que permanecia indiferente à minha agonia, o porquê de passar toda a minha vida procurando respostas às coisas que não tinham valor algum, mas aquele rosto dentro de mim, eu sabia que poderia trazer de alguma forma uma razão para a sua e para a minha existência.
Quanto mais eu fazia perguntas, mais eu via que não conseguiria respostas e sem respostas as dúvidas se multiplicavam a cada novo segundo que parecia uma eternidade. Realmente, elas eram a minha eternidade porque eu tinha certeza de que elas não iriam sair da minha mente, mesmo que um dia eu chegasse a ter as respostas necessárias a todas as perguntas que eu fazia no vazio e silêncio do meu quarto. E quanto mais eu me dirigia àquela figura, mais eu me sentia inútil, porque sempre queria aquilo que não era possível.  Sempre procurava respostas que seriam vagas por não me dar o suporte necessário para que eu pudesse ser uma pessoa completamente feliz.
Adormeci, deitado ali na cabeceira da cama, sem ter respostas, mas a figura continuou comigo, entrou nos meus sonhos e começou a me dar  respostas que antes havia feito e que estavam martelando em minha nobre e insensata consciência. Parecia que a minha cabeça era um vídeo onde nele estavam retratadas todas as coisas praticadas durante minha itinerante vida. Cada vez mais eu sonhava, mais encontrava respostas ao que estava perguntando, e a cada nova resposta, apareciam outras perguntas que aumentavam ainda mais as minhas dúvidas. Despertei, então, daquele sonho, que eu acreditava, tinha alguma coisa a ver com que estava acontecendo no meu cotidiano. Permaneci, ali, estático como se fosse uma gravura sem vida e sem a esperança de encontrar todas as respostas necessárias para o que eu estava a procurar, o meu vídeo cerebral não conseguia raciocinar direito e havia se tornado uma verdadeira babel, por tamanha balbúrdia que estava acontecendo em minha vaga mente.
Já era outro dia. A ressaca de uma noite mal dormida me prejudicava. Eu tentava encontrar forças para sair daquele universo de marasmo que me dominava, mas nada me fazia esquecer de tudo que me acontecera no dia anterior. Fui forçando a  mente e quanto mais eu forçava, percebia toda fragilidade  dentro do meu mundo; quanto mais fraco sentia-me, mais força fazia para que as respostas viessem a solucionar de vez todos os problemas enfrentados pela  frágil mas determinada mente. De tanto fazer força, eis que começou  aparecer aquela figura à minha mente, trazendo-me algumas pequenas respostas que durante a vida tinham me massacrado e me tornado uma pessoa desacreditada nas próprias possibilidades de enfrentar os problemas que, com certeza, aparecem na vida de todo ser humano.
Mesmo meio sonolento, aprendi muita coisa naquela manhã. Não encontrava formas de satisfazer as minhas necessidades porque precisava de respostas mais claras e convincentes, bem diferentes daquelas que a minha mente retratou e alcançou através da projeção daquela figura misteriosa que me acompanhou durante o dia anterior. Era o complemento de tudo que precisava. Segui, então, o questionamento daquele ser imaterial sempre presente. Estava me tornando meio maluco, porém estava novamente me dando forças para prosseguir o caminho sem aquele terrível medo de não ter história para contar e nem de deixar este mundo sem me tornar importante para as pessoas. Assim as respostas foram aparecendo mais e mais. Senti-me completamente aliviado, pois durante toda a permanência daquela figura na minha mente, eu havia tido todas as respostas de que realmente precisava, só que não estava entendendo qual era o significado delas.
A figura, a cada nova resposta, ia se desmaterializando e desaparecendo aos poucos da minha mente e cada vez mais eu entendia os significados.  Tornava-me mais leve e solto; mais alegre eu ficava pois não era aquela caricatura de humano, que estava ali, naquele momento, agonizante  do dia anterior. Estava quase que completamente satisfeito com as respostas, mas uma coisa me intrigou, aquele rosto estampado na multidão parecia divino, fazendo-me acreditar na possibilidade de um mundo, evidentemente, muito melhor, só que quanto mais eu forçava para que ele permanecesse ali comigo, mais desaparecia, até sumir completamente na pequena imensidão do meu quarto, que ficou completamente tomado de luz.
Percebi então que havia encontrado com a pessoa certa e na hora certa, no momento em que eu mais precisava de respostas, encontrei naquele rosto tudo que eu precisava para ser um ser completamente diferente do que eu era.Eu que me tornava desacreditado em mim mesmo, vi-me mais confiante e perseverante na minha árdua luta em busca dos diversos tipos de amores. Eu que me sentia fraco, vi-me fortalecido pela própria vontade de viver e comandar a minha vida. Eu que não sabia, realmente, quais os objetivos da vida, conseguia ver ali, na minha frente, tudo que poderia ser o meu futuro. Eu que não tinha a mínima vontade de viver, me tornei capaz de ver em minha vida motivos para encontrar a verdadeira face do amor em todos os seres humanos.
Aquele rosto então poderia ser apenas mais uma invenção da minha mente maluca que cria e recria a formas do meu enlouquecido viver, mas fez-me acreditar que eu poderia ser alguém e de alguma forma me traria as benquerenças de um ser humano em busca de sua verdadeira felicidade. Parei, então, outra vez, e virei o meu rosto para o espelho, e lá estava aquela figura misteriosa novamente a me perseguir, pois ela era o retrato da minha própria pessoa, e a cada novo questionamento que eu me fazia mais em dúvida eu ficava por não perceber que ela era eu, e em todos os instantes de nossas vidas estamos nos deparando com a nossa própria imagem e isto se chama reflexão, um tipo de encontro com nós  mesmos.
Senti-me, então, uma pessoa completamente realizada, pois tudo que eu precisava para mim, não poderia encontrar nos outros, mas em mim mesmo e, às vezes, procuramos nos outros aquilo que só encontramos bem dentro de nós. Lavei novamente o meu rosto.Lágrimas caíram do meu semblante, mas lágrimas de uma felicidade que eu esperaria ser infinita, pois quando eu estava naquele estado depressivo elas vieram para deixar-me mais triste ainda. Agora elas estavam ali para me mostrar que eu era um vencedor e, a partir de agora, durante toda a minha existência, eu precisava de confiança em meus próprios esforços para não tornar a  vida sem sentido. Deixei-as caírem porque estava precisando daquele momento de encontro com o meu próprio rosto, que  se encontrava perdido no meio da multidão e  agora havia se tornado a minha própria razão de ser.






            UM ROSTO DENTRO DE MIM


             Ressaqueado pela minha indiscriminada busca, em explicar todo o acontecido em minha vida, deparei com o espelho; fitava-me meio triste, tentava me convencer, realmente, de ser  herói e buscar forças para que tudo fosse do jeito como um dia eu havia sonhado. Estava ali, perdendo o meu tempo sem achar um caminho para  as minhas pretensões em busca de um amor. Poderia até ser eterno, se eu pudesse pelo menos encontrá-lo. Olhava o espelho e via que estava faltando um pedaço da minha imagem, olhava de ângulos diferentes, mas não adiantava. O reflexo do meu corpo teimava em sair de forma fragmentada,  revelando-me uma necessidade básica de fazer uma viagem ao fundo do meu próprio ego. Parei, refleti, e olhei novamente aquele espelho. Refletia sempre o meu rosto de forma desfigurada. Estava desaparecendo dentro de minha própria imagem, e cada vez mais eu olhava, mais ela se tornava transparente. Estremeci por dentro, parece que eu estava perdendo completamente a minha essência de vida. Estava quase na última escala de minha imagem, eis que, de repente,  estava refletido aquele rosto que havia me feito muito e muito pensar sobre tudo em minha vida.
Olhei para o espelho, não parecia mais um espelho, pois dentro da minha imagem transparente estava o reflexo de outra , semelhante a um quadro, mas um quadro em que estava refletida toda a minha história de vida. Abri os olhos com bastante força para que a surpresa não me viesse novamente . Eu estava tão estático. Não dava mais para perceber se tudo aquilo que estava passando comigo não era apenas coisa da minha fértil imaginação. Olhei  no fundo dos olhos daquela imagem meio sem vida, meio eterna, porque estava dentro de mim . Não havia formas concretas de ela sair e mostrar um caminho para   minha vida, pois ela já estava fazendo parte de mim, ou melhor dizendo, ela estava dentro de mim e eu não encontrava formas para tirá-la, e nem adiantaria pois eu não sabia se era aquilo mesmo que eu queria.
            Briguei muito para  não me perder no vazio das pessoas. Quando saí daquele quarto, percebi  que   faria algo para modificar o meu viver. Nada estava certo até o momento, precisava de uma mudança radical. Teria que me esforçar para  ser feliz a minha maneira. Naquele dia fui em busca de uma chance de ser outra pessoa. Havia renascido ao olhar aquele espelho que me trouxe a necessidade de revirar a minha vida. Olhava para as pessoas na rua; precisava de alguma resposta que certamente não iria encontrar em mim, mas nas outras pessoas; estava confiante  das respostas para todas as perguntas  feitas àquele ser inanimado do espelho, estaria dentro do próprio viver.
            Eu estava completamente louco, se bem que louco não pensa muito para fazer as coisas, mas o meu pensamento estava completamente misturado de sentimentos e ações desorganizadas que com certeza não poderia me levar a lugar algum. É isso! Um louco que tentava apenas um caminho para se livrar de todo o universo de loucuras que estava à minha volta. Permaneci na minha caminhada, meio desengonçada, sei lá, pois nem sentia realmente os meus pés no chão, parece que eu estava flutuando, mas sentindo um peso tão enorme  das palavras porque não tinham  sentido. Estava me perdendo dentro de mim , e foi assim que eu percebi um insight, como se ele fosse a coisa mais importante da minha vida. Para entender quem eu era, olhava para as pessoas meio desoladas, tentando achar uma saída, mas quanto mais eu olhava para os diferentes tipos de pessoas, mais eu me sentia diferente, ninguém sequer se aproximava da minha maneira de ser, eu era completamente o oposto de todos eles. Senti ser a pessoas mais inútil do mundo porque não conseguia encontrar alguém que fosse da minha espécie, imaginava então ser uma espécie em extinção.
            Voltei para casa naquela ensolarada manhã, sem conseguir realmente êxito na minha busca pela evidência da minha imagem. Olhei para o espelho. Lá estava o meu rosto, bem nítido, mas  estava novamente, aos poucos, desaparecendo. Dando lugar  àquele rosto pálido e completamente entristecido. Deitei, já estava cansado de imaginar o que seria da minha vida. Minha mente também cansada de buscar alternativas, se rendeu ao cansaço. Então adormeci e, nos meus sonhos, lá estava novamente o semblante daquele rosto, querendo me trazer uma mensagem e uma chance de encontrar realmente a felicidade. Já estava quase chegando a uma conclusão do que seria aquele rosto. Minha razão de viver estava em algum lugar, dentro daquela dimensão tridimensional do espelho.  Quando já estava quase conseguindo a resposta, eis que acordei. Sentei na beira da cama. Senti arder o meu rosto. Lembranças me invadiram, e me fizeram novamente  raciocinar, mas todos os acontecimentos que apareciam na minha mente, faziam-me sentir muito vazio, deveria ser a solidão pois ela  havia  tomado e dominado completamente a minha vida.
            Voltei-me novamente ao espelho, olhei bem fixo os traços do meu rosto. Eu já estava para perder toda minha essência na transparência, quando comecei a indagar para aquele rosto, o porquê daquela perseguição implacável. Fazia perguntas e mais perguntas, mas a minha voz não saía, e como eu não conseguia nada, pois aquela figura permanecia imutável, não adiantava nada, parecia uma fotografia envelhecida na parede, que só poderia se movimentar quando alguém viesse e a tocasse. Então, através desse pensamento  consegui a primeira resposta concreta a todas as perguntas. Eu estava precisando  de atitudes, mas de atitudes convincentes;  mostrar a minha própria explicação para o que estava acontecendo comigo. Aquela resposta para mim foi algo que me fez sorrir  ligeiramente. Eu consegui me situar um pouco no tempo, pois já estava perdendo a minha identidade e isso não era exatamente o objetivo  para a minha vida.
            Saí da frente daquele espelho, com  certeza, eu precisava mesmo era acreditar no meu próprio potencial. Estava confiante. Acharia respostas às perguntas soltas no tempo e no espaço. Todas elas dependeriam de como eu me encontrasse e  como poderia enxergar as pessoas que estavam ao meu redor. Então resolvi tomar a primeira atitude que iria mudar a minha vida completamente, pois estava cansado de ser aquela pessoa cheia de dúvidas e sem respostas. Queria  ser reconhecido pelas pessoas amigas. Comecei, então, ali mesmo, a minha luta em prol de um seguimento o qual me faria uma pessoa completamente sem preconceitos e cheio de amor dentro do coração. Imaginei então alguma forma de me expressar, deixando-me  sentir mais solto e mais confiante no que poderia ser a partir daquele momento. A vida havia oferecido-me  oportunidade para eu me sentir um vencedor. Eu tinha que agarrá-la sem nenhum constrangimento; queria ter a certeza de  que não estava vivendo  apenas mais um sonho. Voltei para casa e me deparei novamente com o espelho e para a minha surpresa havia mudado o semblante. O meu rosto não estava mais  desfigurado como havia acontecido durante todas as minhas visitas anteriores. O meu rosto não era mais aquela caricatura de sentimentos opostos, da forma que eu estava vendo, já estava me tornando o que realmente eu era, só que desta vez com atitudes diferentes. Olhei  para o espelho bem no fundo dos meus olhos,  pareciam querer me mostrar horizontes e sem dúvidas haveria muitos horizontes para serem desbravados.  Estavam escondidos em algum lugar dentro de mim.
            Procurei focalizar aquele rosto, novamente, para buscar soluções as quais eu precisava; ver se encontrava mais uma forma de me completar, quando comecei a entender ainda mais o que representava o meu viver. Olhei  bem profundo nos meus olhos e percebi nos contornos daquele rosto,  o mesmo rosto que eu estava vendo e que ele residia dentro do meu universo de pensamento, de alguma forma ele estava ali para me mostrar que eu precisava refletir cada vez mais as ações praticadas no meu viver. Então resolvi deixar aquele rosto penetrar  dentro do meu ser e fazer dele as minhas aspirações, tentado encontrar um mundo muito diferente daquele que estava vivendo antes de encontrar aquele ser misterioso naquela ensolarada manhã de setembro. Resolvi então tomar a segunda atitude em minha vida, ajudar as pessoas  porque delas dependeriam o meu próprio viver, e, neste pensamento, entrei na batalha de ser um bom samaritano. O meu lema era o de fazer o bem sem olhar a quem. Esta poderia ser uma atitude que viesse me trazer vários contratempos, porque as pessoas são completamente diferente uma das outras, e o que você faz para uma pessoa não tem o mesmo valor  para outra. Mas não estava me intimidando, naquela altura aquilo não era nem mais uma atitude, era mais um dos objetivos em minha vida.
            Pensei por  longos vinte minutos. Essa reflexão me fez fortalecer ainda mais a idéia de que eu estava no caminho certo. Queria extrapolar os meus próprios limites. Deixar  as minhas dúvidas serem esclarecidas por minhas próprias perguntas, porque quanto mais eu me perguntava, mais eu tinha para me responder. Respondia na tentativa de justificar a minha própria existência. Satisfiz as minhas dúvidas; eu tinha certeza, não eram apenas minhas, mas de todas as pessoas que procuravam ir de encontro à face do verdadeiro e magnífico amor. Senti então que eu era humano e  precisava das pessoas viventes  ao meu redor. E quanto mais eu me aproximava de uma verdade, mais  me sentia eu. Neste ínterim de reflexões positivas houve uma titubeação dentro de mim, não queria  hesitações naquilo que eu pretendia fazer da minha vida, mas  só pelo fato de sermos humanos e termos os nossos próprios defeitos já é motivo para deixar em dúvidas aquilo que pretendemos e  buscamos na tentativa de darmos sentido ao nosso viver.
Foram pequenos momentos que tentei somar a tantos outros que estavam dentro de mim, na esperança de  um dia eles se tornarem a minha pequena eternidade. Meditei bastante em tudo e percebi então que o rosto no espelho não passava de momentos  passados em minha vida, estavam vindo à tona,  morando dentro do meu inconsciente em algum lugar na minha vaga consciência. Voltei novamente ao espelho para reformular os meus conceitos que já tinha se formado na minha mente sobre a felicidade Olhei fixo ao espelho e vi meu semblante cheio de luz. Havia me transformado. Depois daqueles quase  eternos vinte minutos de reflexão, tudo estava mais claro dentro de mim. É como se eu estivesse procurando uma coisa há muito tempo e de repente encontrasse. É como se uma determinada tarefa parecesse impossível e  num passe de mágica ela se fizesse possível, e fosse a coisa mais prazerosa do mundo, assim eu estava me sentindo.   Eu era importante, mas que a minha importância só realmente existia se existissem outras pessoas, sem elas não haveria o porquê de ser importante.
Olhei para aquele rosto meio amalucado. Senti-me uma pessoa superior àquele ser que se encontrava perdido naquele circulo tridimensional vicioso do espelho, querendo  me dar um recado prontamente aceito pela minha mente, a de conseguir aceitar o oposto como proposta de vida, de fazer das perguntas, encontradas na nossa vida, algo capaz de nos dar as respostas que precisamos ao deparar com cada obstáculo.  Às vezes é preciso  que saibamos ouvir a nossa própria voz, ou olhar o nosso próprio interior através do rosto que se encontra dentro de cada um de nós. No silêncio de palavras sem respostas, um dia virá, com certeza, o que buscamos e,  sem o nosso próprio reflexo, não conseguirá se manter e se fazer para cada um de nós, uma lição para darmos andamento ao que pretendemos alcançar em nosso viver.
Imaginei tudo, os meus dias a partir daquele episódio se tornaram bem mais alegres e convincentes, porque eu já conseguia acreditar em meus próprios esforços, na busca de fazer dos meus problemas uma escada que me levaria até o ponto mais alto da felicidade. E, assim, aconteceu, mudei radicalmente o meu viver, acreditando em cada um dos seres que me cercavam, e melhor, estava me sentindo rejuvenescido pela tamanha mudança que tomava conta de todo o meu ser. Busquei, em cada um de meus semelhantes, a força  para continuar acreditando nos meus ideais. O rosto, que se encontrava dentro mim, fizera então eu crer que era outro ser, muito mais confiante, muito mais cheio de atitudes, e praticamente o oposto do que um dia eu tinha sonhado para o meu viver. Ninguém poderia me reconhecer se não fosse o meu físico, franzino, mas que não precisava da força física para alcançar os objetivos propostos em minha vida, pois o raciocínio usado de forma correta dispensa a força bruta, e era esta a proposta que eu tinha abraçado, na tentativa de radicalizar o meu mundo, que agora se tornava uma meta alcançável devido toda a confiança que havia depositado nos meus ideais de luta.






UM ROSTO AO MEU REDOR    


Depois de todos os acontecimentos nos dias anteriores, lá estava eu, procurando ser delicado com as pessoas, tentando compreendê-las, criando novas alternativas e perspectivas de vida para o meu mundo de ser humano. Aprendi a amar sem me importar com o  receber em troca, pois compreendi  o amor. Ele não tem valor. Se eu quisesse realmente ser feliz, era preciso abrir mão do meu egoísmo excêntrico, porque  até então, eu havia sido uma pessoa egocêntrica;  não dava razão nem ouvidos aos outros que vinham me propor e nem propunha nada para que as pessoas tivessem atitudes também diferentes. Comecei a me polir tal qual diamante, pois ouço muito que, todos nós, seres humanos, somos  pedras preciosas de valor incalculável. Eu queria melhorar a cada novo amanhecer. A cada novo dia eu teria que ser um novo homem.  Não seria fácil. A todo instante me policiaria para não cometer os mesmos erros  do passado. Então, segui nessa batalha com  afinco tornando-me uma pessoa  crente em minhas próprias forças, procurando encontrar o verdadeiro caminho onde  todos nós estamos mas que realmente não caminhamos, por nos sentirmos estáticos e sem a dinâmica da vida vivida.
Explorava a minha mente para encontrar tudo.  Quanto mais eu buscava, mais eu tinha para buscar, parece que a
minha cabeça era uma CPU , com uma diferença, ela tinha sentimentos.  Sentimentos para viver com alegria a minha vida. Tornar-se capaz de pensar e de agir por conta própria é uma tarefa para os incríveis seres humanos; eles se sentem deuses, por possuir inteligência super avançada, mas eu não me sentia assim, apenas possuía a convicção de que poderia conquistar o meu espaço, através de meus próprios esforços. Para isso acontecer eu precisava de atitudes realmente eficazes e que não admitiam equívocos apesar de saber que todos os seres humanos cometem erros admissíveis, mas eu já estava cansado de errar na minha vida, e mais um erro naquelas circunstâncias poderia colocar todo o meu projeto de vida por água abaixo. E, então, pensava muito antes de cada ação praticada pela minha pessoa. Tornei-me capaz de pensar e refletir e, portanto, a minha vida ganhou novas dimensões  nunca  imaginadas, porque quando se busca um objetivo e se faz um esforço para alcançá-lo, nós realmente alcançamos, se tivermos a coragem de enfrentarmos todos os problemas vindouros dessa nossa busca indiscriminada para a realização e concretização de nossos anseios.
Estava ainda a buscar os meus horizontes, quando olhei para o meu lado, alguém junto de mim queria falar comigo, mas eu me sentia tão ocupado com os meus novos sentimentos que nem dava importância àquele ser, nem percebia se era do sexo masculino ou feminino, porque não havia reparado no seu semblante. Depois de martelar muito o meu desejo, ainda utópico, mas, um dia, poderia ser a razão máxima do meu viver, pois o que se busca nesta vida é o amor e devemos tê-lo para com os outros e, principalmente, com nós mesmos. Só podemos amar alguém quando esse amor é sentido por nós. E eu acreditava prontamente.  Novamente olhei para os lados e lá estava ainda aquela criatura querendo me dizer alguma coisa; parei. Fiquei a olhar aquela figura quase que humana, digo isso porque ela parecia querer me dizer algo, mas não dizia nada, percebi que eu estava precisando daquela figura ali, mas não conseguia explicar o porquê de minha necessidade e da permanência dela ali junto a mim, continuei a caminhar, às vezes olhando para os lados, para ver se não estava novamente tendo uma miragem, mas não, o ser parecia muito, mas muito real mesmo, o problema é que não dizia nada, permanecia impassível, igualmente aquela figura que havia me aparecido na rua dias atrás, ou mesmo aquele rosto que estava no espelho. Senti um calafrio por dentro quando comecei a andar e a observar tudo que aquele ser fazia; aqueles movimentos contorcidos eram os mesmos os quais eu havia proposto para mim  como sustentáculo do meu próprio viver.
Desta vez eu não estava mais triste e nem apreensivo, eu já tinha certeza que aquele rosto estava ali, me dando a certeza de que eu  podia caminhar com mais firmeza. Seguia com os meus passos firmes. O vulto me seguia, parecia tão real, e quanto mais eu caminhava com ele ali ao lado, mais eu me sentia fortalecido e confiante naquilo que havia escolhido para o meu viver. Todos os meus pensamentos eram mais desinibidos, pois eles apareciam na sua volúpia constante, me dando energia e força, mas uma força dinâmica capaz de me fazer sentir no mais alto dos patamares humanos; tudo porque eu havia descoberto a minha verdadeira vocação, a de transmitir alegria aos meus semelhantes mesmo que estes não pudessem retribuir da mesma forma, mesmo que eles desejassem o contrário para mim. E continuei a minha caminhada, não queria mais saber do complexo em minha vida, pois a simplicidade deveria ser a coisa mais importante para o meu viver, e de todos os seres que acreditam na possibilidade de um amanhã muito melhor, e eu entendi isso, quando aquele ser misterioso me tomou, e me fez perceber que o mais importante para nós não é fazermos as coisas certas, é claro que isto é importante, só que muitas vezes não sabemos qual é a coisa certa e fazemos a errada, um erro inconsciente, desse que todo e qualquer mortal comete, mas que há como voltar, ou seja, não adianta nada a gente ter orgulho de uma coisa se nem sabemos se as pessoas vão entender o porquê desse orgulho, muitas vezes  temos que nos fechar dentro de uma redoma de sentimentos que poderá se transformar na nossa única e primordial razão de ser.
A minha vida sofreu uma mudança radical, digo isso, porque eu já estava agindo de forma completamente oposta a  aquele ser de estrutura misteriosa antes de aparecer e me fazer refletir sobre todo o meu viver, mas aquilo me fazia compreender ainda mais a importância de ser um ser mais alegre e evidentemente transmissor dessa alegria para as outras pessoas. Consegui sintonizar a antena parabólica dos meus sentimentos, de maneira que não prejudicasse a imagem das pessoas que estavam à minha volta, e, sem nenhuma interferência, poderia distribuir as diversas formas de amor às pessoas que eu sentia, estavam realmente precisando. Naquele momento mágico eu já não via mais aquele ser ao meu redor, ele deve ter se desintegrado dentro do meu pensamento e se transformado nas minhas ações, naquele dia tão especial para mim, aquele ser já era parte de mim, e só entendi quando comecei a refletir sobre todo o meu viver.
Naqueles dias não estava mais importando com trabalho, com nada, apenas eu queria colocar um sentido verdadeiro à minha vida. Distribuía sorrisos, transmitia força de vontade,  fortalecia os sentimentos daquelas pessoas que me procuravam; para mim era a melhor coisa do mundo, estava me sentindo completamente realizado, e as pessoas só se realizam mesmo, quando conseguem fazer uma viagem ao fundo do seu próprio ego, tipo aquela que estava terminando de fazer ali na companhia embriagante e preocupante daquele ser de estrutura onipresente, que me fizera compreender o verdadeiro valor das pessoas que me cercam. Ali, estava começando um novo ser, reformulado por espíritos, fortalecido por sentimentos, e acima de tudo, enfraquecido de orgulho e descrença. Estava confiante naquilo que buscava como alternativa para a minha vida, e  mostraria para aquele novo ser dentro de mim, mas sabia que muitos iriam me criticar e jogar charadinhas. Todos nós precisamos abrir mão de algo em nossa vida para conseguirmos alcançar os objetivos que traçamos ao longo do nosso viver.
Aquele ser me acompanhava dentro de mim; ele me fazia ter a força de que necessitava para não fracassar naquele meu objetivo de vida; passei a conviver com sentimentos de perdão, de aceitação ao oposto, de compreensão aos sentimentos das pessoas pois todos não poderiam pensar da mesma forma que eu, de perseverança porque é preciso perseverar naquilo que buscamos e colocamos como meta para nossa vida, de amor e felicidade, mas não um amor egocêntrico como aquele que sentia antes, mas um amor capaz de nos fazer realmente seres humanos feitos por Deus a sua imagem e semelhança, mesmo sabendo que todas as pessoas já não aceitavam este tipo de amor porque diziam que ele era antiquado e a sua existência no mundo contemporâneo era, praticamente, sem sentido. Elas não acreditam que em pleno Século XXI esse tipo de sentimento ainda existia, ou mesmo, que devia ser sentido por alguém, e quando aparece alguém o expressando é taxado como louco; uma pessoa completamente fora dos padrões normais para a sociedade, que só se contenta em ver aqueles protótipos degradados pela mídia de forma geral, que é o caso de várias apresentações escandalosas e absurdas que todos os dias se vê na TV, decapitando todos os laços familiares e tornando as pessoas cada vez mais alienadas.
Eu não queria ser diferente, mas gostaria de ser único, porque o que as pessoas iriam pensar a meu respeito não era coisa para me preocupar naquele momento, mesmo sabendo que a sociedade influi muito na nossa maneira de ser, mas aquela criatura ali dentro de mim não me deixava alternativas. Eu teria que batalhar para que as coisas fossem exatamente daquela forma. Preparei as coisas para fluírem de maneira natural; fingiria a não existência das pessoas pois elas poderiam atrapalhar  meu processo de formação, mesmo sabendo que seria impossível ignorá-las, mas também não era essa a minha intenção, porque eu sempre acreditei nas pessoas e encontrava em cada uma  algo que precisaria para mim, ou seja, as pessoas com suas individualidades acabavam de alguma forma nos ofertando coisas que com certeza precisaríamos para dar razão ao nosso viver e quanto mais  negamos a importância das pessoas em nossas vidas mais elas se tornam presentes, dando dinâmica ao nosso viver.
Naquele dia, voltei para casa olhei para aquele espelho, estava me sentindo mais suave, mais light, mais dono de mim e confiante  que eu seria a pessoa capaz de dar ânimo ao meu viver, de fazer dele algo muito melhor, e era esta a minha proposta, e foi isto que fez eu arregaçar as mangas e ir à luta. Parece que eu estava numa guerra e em todas as batalhas eu  utilizaria uma única arma, o amor aos meus semelhantes, que se encontrava até então escondido dentro de mim em algum lugar. Não me iludi e nem fraquejei por causa das dificuldades. Iria enfrentar, mas  me fortaleceria em todos os momentos da minha vida, para que esta arma tão frágil e ao mesmo tempo tão forte, não se fizesse por despedaçar no vazio das coisas criadas pelo homem. E o meu otimismo foi acalentado porque eu sabia também que teria os meus pés no chão, aceitaria as coisas boas e ruins na vida da gente e que devemos estar preparados para que elas não venham  nos trazer surpresas desagradáveis, pois quando estamos preparados os acontecimentos podem até nos fazer sofrer, mas será um sofrimento, muito mais fácil de ser superado.
Continuei então a olhar a minha imagem no espelho que estava, então, refletindo todo o meu otimismo em relação a mim mesmo e pensei comigo “você é outra pessoa!”, “você tem agora uma missão, talvez a mais difícil de todas, a de lançar seu projeto de vida para as outras pessoas e fazê-las acreditarem que ele é verdadeiro.” E aquilo para mim, foi a coisa mais importante que eu estava fazendo na minha vida, destruí completamente aquele ser meio desprezível  dentro de mim, e deixei aquele rosto coberto de sinceridade me dominar e tomar conta de todo o meu ser.



  

DESABAFO DE UM JOVEM LOUCO   


Meu pensamento havia me mostrado que a vida sempre vale a pena. Eu tinha certeza absoluta  que o meu viver não havia sido em vão. Talvez tenha cometido erros é verdade, mas se eles foram cometidos era na tentativa de alcançar o caminho certo e, com certeza, se tivesse que praticá-los da mesma forma eu faria tudo outra vez. Era a coisa mais previsível pois só bastava olhar para mim para se ter  certeza do que realmente queria como princípio básico para o meu viver, as pessoas que se encontravam ao meu redor certamente poderiam ser iguais a mim, mas muitas delas deveriam ter medo de correr atrás de seus sonhos, ou mesmo de sonhar. Eu sabia que era necessário sonhar para não ressecar a alma, mas o importante mesmo era poder sonhar e não deixar esses sonhos se tornarem algo para nos aprisionar dentro de nós mesmos e, esse, sem dúvida, era o meu maior medo.
            Nunca havia tido tempo para pensar nas realizações de meus sonhos com tanto afinco, aqueles instantes mágicos fizeram-me viajar para mundos completamente fantásticos que iam  além da minha imaginação, mas não queria nunca deixar de imaginá-los  reais. Queria entrar num mundo real onde tudo fosse imaginário, e a minha imaginação sempre fértil me fazia crer na existência de um mundo completamente paralelo ao meu. Era isso que me dava forças para lutar e buscar a minha verdade. Poderia muito bem ser a verdade de todas as outras pessoas. Entrei neste mundo que se encontrava à mercê de todos. Conseguia chegar nele, quem tinha realmente as características básicas de um ser humano perfeito; então, pensei que eu estava chegando perto da perfeição pois  já me encontrava na porta de entrada deste mundo, completamente diferente da confusão cotidiana  de minha vida.
            Eu estava ali, o mesmo ser humano que buscava dentro de minha diferença, o que realmente precisava para tornar o meu mundo mais feliz. Tinha convicção de que era preciso estar sempre questionando os diversos tipos de ângulos em que são mostradas todas as coisas. E eu estava precisando ficar ali, ter um tempo mais para comigo mesmo, para não deixar as coisas acontecerem por mero acaso. Era preciso acreditar na minha essência para que de repente eu viesse a compreender a minha existência, o porquê de ser uma pessoa diferente das outras e com buscas fascinantes de um ideal que até então eu nem sabia se existia. Mas não queria me dar por vencido, teria que mostrar o meu verdadeiro valor para realmente se ter valor, é como se as pessoas quisessem me seguir por um caminho que fosse conhecido somente por mim, e de repente a cada momento eu estivesse mostrando para elas o meu caminho e o meu próprio jeito de caminhar.
            Eu não sabia por que razão  suportar todas aquelas angústias. Fazia de tudo para que o meu fardo fosse um pouco mais leve. Naquelas circunstâncias, as pessoas já não me aceitavam como alguém normal; eu teria que reinventar completamente a minha maneira de ser. Mas a vida era assim mesmo, sempre  tentando fazer uma coisa certa, as pessoas diziam que estava errado. Era quase impossível dizer que eu seria um ser humano normal, pois depende muito do patamar sobre o qual se encontram as pessoas quando se faz algo completamente diferente do desejado por determinado grupo; aquilo seria algo anormal e dentro da anormalidade das coisas eu queria ser evidentemente mais anormal ainda, pois ser anormal era com certeza buscar dentro de nós mesmos a força que nos faz necessários. Só consegue ser diferente quem realmente é diferente e faz a diferença.
            Não estava mais importando sobre o que as pessoas pensariam, queria apenas ter o meu espaço de reflexão comigo mesmo, ou seja, a vida nunca havia  dado-me oportunidade de olhar dentro do meu mundo e imaginar tudo que poderia. Eu não tinha nada de extraordinário para mostrar; resolvi simplificar todas as minhas ações; transformá-las naquilo que poderia realmente dar sentido ao meu viver, mas quanto mais eu tentava, mais eu via que precisava de atitudes convincentes para poder apaziguar todos os meus dilemas. Então resolvi acreditar nas pessoas como se estivessem acreditando em mim, só que sempre com os meus pés bem firmes no chão. Foi aí que percebi que poderia fazer as pessoas participarem dos meus sonhos sem ter que dar nem uma prova de minha sanidade mental. Eu estava louco, como diziam as pessoas, mas a minha loucura era bastante sadia pelo menos para mim, porque eu não estava prejudicando ninguém, apenas colocando as minhas idéias, que se não eram as melhores, no pensamento alheio, pelo menos era aquilo  que realmente estava me acontecendo.
            Por muitas vezes, errei por  insistir nos meus ideais para com outros;   outras vezes, tive que oferecer o meu rosto para ser esbofeteado a fim de mostrar quem realmente era o jovem de ideais opostos à maioria das pessoas que me taxavam de louco só pelo fato de não tentar modificar o pensamento. E o meu pensamento não era modificado só porque eu  sempre tinha certeza daquilo que queria e, naquele momento, eu precisava viajar ao fundo do meu ego para não cometer injustiças, que no decorrer de minha vida foram cometidos à minha frágil e incapacitada pessoa. Eu queria muito mais; gostaria de que a minha verdade fosse a verdade da maioria das pessoas, e realmente não era. Tudo porque a gente traça os nossos objetivos e, às vezes, não se tornam reais,  modificando o nosso jeito  para que alcancemos, em cada um deles, o êxito esperado.
            Sempre tentei ser a mesma pessoa, se houve mudanças foram muito pequenas e, para mim, nem foram percebidas, depois que passei a buscar esse horizonte dentro de mim, a minha vida se tornou conseqüência daquilo que pretendia para o meu mundo. O meu  universo se via, até então, dilacerado pela minha própria falta de fé e esperança, mas eu conseguia a cada minuto melhorar a minha capacidade de ver as coisas e de imaginar um mundo mais fraterno e mais humano onde as pessoas sempre olharão à frente e não temerão qualquer tipo de inimigos às suas costas. Estava disposto a traçar os meus objetivos e fazer deles uma capacidade de ver em cada ser um irmão pois Deus nos fez à sua imagem e semelhança; entretanto, nós , destruímos essa imagem de igualdade e  nos tornamos mais e mais diferentes.
            Sempre  eu fechava os meus olhos para imaginar os acontecimentos e via que o sentido de viver estava nos outros; procurava nos outros uma forma de alegrar o meu viver; quanto mais eu fitava meus pensamentos nos outros,  eu via que precisava me isolar para refletir sobre a minha vida. E sempre que refletia a minha vida, mais eu via que precisava da vida dos outros. E isso foi responsável por uma metamorfose louca de pensamentos oblíquos em minha mente, porque a certeza de que eu precisava de minhas próprias forças, para chegar a algum lugar, era completamente perdida quando eu me via fraco com os meus problemas e para muitos pareciam banais. Eu não conseguia resolvê-los através de meus próprios esforços. Resolvi, então, refletir sobre tudo e o que poderia fazer para que os meus problemas não conseguissem me tornar um ser insensível e sem amor.
            Eu sabia que precisava viver para buscar dentro de mim a força que me fazia necessário, era louco é verdade, mas a minha loucura não deixava com que os meus problemas fossem deixados de lado, porém a minha preocupação maior não estava mais nos meus problemas, estava, sim, na maneira, em como eu teria que enfrentá-los para solucioná-los. Buscava forças dentro do meu pequeno universo, era uma pessoa completamente desacreditada, não por mim, mas pelos outros, as pessoas gostavam de ouvir a minha fala, diziam que eu falava bonito, mas realmente não acreditavam nas minhas propostas de fazer do meu mundo algo muito melhor, diziam somente que eu era um jovem louco de sentimentos utópicos.
            Foram vários e vários dias nesta busca louca pela minha imagem, talvez a mesma que se encontrava naquele espelho, só que de forma concreta. Eu não queria que a vida me trouxesse surpresas desagradáveis.  Tornara-me uma espécie de ser humano que imaginava o certo, mas precavendo-me  do errado. Fazendo isso, eu certamente sofreria menos, caso as coisas indesejáveis viessem a acontecer e me fortaleci dentro do meu próprio ser; estava disposto a repassar essa experiência para as outras pessoas; elas me ouviam, mas não importavam; não davam ouvidos ao que eu estava falando; diziam que falar é fácil fazer é que são elas. Ouvia todas as críticas, as mais terríveis. Entretanto estava disposto a seguir o meu caminho sem me importar com elas. Eu sabia que de alguma forma elas viriam e, dessa forma, eu poderia ser evidentemente mais forte.
            O jovem louco, que estava dentro de mim, fez  eu buscar  mais força e me tornasse  mais humano; não como os outros que só tinham um pensamento, o de destruir os sonhos e os ideais alheios. Ali estava o maluco, obcecado pela vida. Um menino que sempre acreditava na possibilidade de realização dos seus próprios sonhos e  a única pessoa responsável por eles, com certeza,  seria ele.  Não abandonava nunca a chance de mostrar aos outros aquilo que seria de fato o mais importante para os seres humanos, o amor. Eu não tinha mais medo de me expressar, mas queria também encontrar pelo menos uma pessoa que fosse igual a mim, mas não adiantava, pois quanto mais eu procurava, mais eu notava a distância  entre mim e o mundo. Ninguém ousaria deixar escapar o seu grito de liberdade, até mesmo, por não acreditar que a liberdade simplesmente existia, ou seja, eu estava só, defendendo uma causa e, para a maioria das pessoas, era perdida, mas eu acreditava nelas e fazia delas o meu ponto de partida em busca de dias melhores e, com certeza, viriam e modificariam a minha vida.
            Andava em meio a multidões enfurecidas, umas que eu via na TV, outras  se encontravam ao meu redor; algumas estavam dentro da minha mente martelando,  obscurecendo os meus pensamentos. Eu me sentia só, fui chamado de rebelde sem causa, tudo porque não acreditavam que eu, poderia aos poucos, transformar o meu mundo; queria que as pessoas encontrassem a sensibilidade de ver em cada ser, um irmão;  a minha vida estava, ali, estraçalhada  pelos seres da minha própria sociedade.  Eu, nessas circunstâncias, era um ser completamente alienado por causa de tantos pensamentos ocultos, digo assim porque não queria que as pessoas me vissem naquele flagelo e, às vezes, tinha que esconder o meu próprio rosto para que as pessoas não vissem  meu desespero diante das falcatruas da sociedade.
            Eu precisava do amor e sabia que só ele seria responsável pela permanência humana na face do planeta terra, sem ele, certamente os homens se extingüiriam, ou seja, nós estávamos desaparecendo aos poucos, nossa existência estava aos poucos sendo decapitada. Via a aceleração do avanço tecnológico como uma ferramenta retrocedente do progresso humano, quanto mais o homem descobria as coisas, mais pensava que era Deus, e nessas brincadeiras de ser Deus, ele se tornou perdido dentro do seu próprio espaço e aquilo estava me preocupando pois, mesmo eu tendo um pensamento oposto, não tinha como não ser um deles. Aos poucos estava vendo o outro me destruir e se destruir. Era como uma bola arremessada na parede, sempre resvalava em algum lugar, mudando toda a sua trajetória. Eu me sentia inútil por não poder fazer nada; era apenas um pequeno grão de areia diante de toda estrutura terrestre, mas eu não podia me entregar e nem desistir de ser eu; acreditava que aquilo deveria e poderia ser mudado, arregacei as mangas e fui novamente à luta, com a arma mais poderosa que poderia existir no universo cristão, a arte de amar.







OS IDEAIS DE UM JOVEM LOUCO


            Era fantástico o meu mundo. Tudo acontecia, eu nem conseguia explicar. Vivia a tomar decisões comprobatórias as quais  me efetivassem como ser humano, tão cheio de amor e tão acreditado nos seus ideais. Decidi que a minha vida deveria partir de um princípio básico, o amor; mas um amor capaz de  fazer-me entregar sem pedir nada em troca, ou seja, um amor que não fosse egoísta, algo que poderia me mostrar a capacidade de sonhar, mesmo estando acordado. Eu imaginava um mundo diferente, sem guerras, sem violências, onde o amor pudesse destruir todos os laços de ódio que poderiam existir entre os seres  humanos. Só de pensar, se alguma coisa, dentro do meu pensamento, pudesse dar errado, eu já me sentia revirar por dentro.  Sentia-me machucado e sempre fazia forças para que a esperança não viesse a morrer. Tudo porque eu acreditava na possibilidade de um mundo mais fraterno  e mais humano, onde as pessoas pudessem caminhar olhando fixo para frente sem temer algum inimigo às suas costas. É uma pena que as pessoas olhavam para mim, como se eu estivesse delirando, é como se a minha bandeira fosse hasteada de forma  não representar realmente aquilo que deveria representar, ou seja, era como se eu acreditasse em alguma coisa que dificilmente pudesse acontecer.
            O jovem, que estava dentro de mim, tinha ideais completamente opostos à maioria dos outros da minha idade, por isso mesmo em expeliram do meio social, fiquei à margem de uma sociedade que nem sequer acreditava que eu pudesse existir, mas eu  continuaria com o meu sonho, o de fazer com que as minhas atitudes fossem levadas até as últimas conseqüências do desenvolvimento humano. Eu acreditava nos meus ideais, mas precisava fazer  as pessoas  acreditarem que eles eram verdadeiros. Não era da minha alçada desistir dos meus sonhos e sempre me esforçava para que as pessoas também não desistissem dos seus. Eu era uma pessoa irremediavelmente sonhadora, porque tinha dentro de mim esperanças de tornar cada um, meu irmão. Tentava de todas as formas agir pois meus sonhos não podiam se despedaçar sobre uma parede de concreto, mas, certamente, esse concreto que me separava de todos os meus semelhantes fosse esmigalhado a partículas, quase imperceptíveis a olho nu.
            A vida havia me mostrado praticamente tudo, mas  o pouco que faltava para eu compreender era mais um motivo para encarar com muita seriedade todos os obstáculos como prova de fogo e tornaria parte de todo o meu ser. Vivia massacrado dentro do meu próprio espaço. Ninguém ousaria dar ouvidos às minhas propostas de fazer deste mundo um lugar digno para se viver a vida em paz, a balbúrdia em que se encontrava o meu universo era a mesma em que se encontrava a maioria das pessoas, só que elas já haviam se acostumado com aquilo, para elas o sofrimento fazia parte da vida e teriam que viver naquele eterno sofrimento. Era completamente contraditório a tudo isso, fazia as pessoas, às vezes, se irritarem pelas minhas propostas e buscas quase utópicas. Eu acreditava plenamente, em todos acontecimentos e, por isso, lutava de todas as formas para não abandonar a face do verdadeiro amor, só através dele, um  dia,  alcançarei os meus objetivos.
            Era praticamente impossível não ver as pessoas se lamentando da sorte, mas também não queria que elas vivessem assim por toda a vida, por isso pregava a face do amor fraterno, uma espécie de amor  capaz de engrandecer toda a trajetória humana. Vivia praticando redundâncias necessárias à minha própria existência, teria que repetir o mesmo ritual todos os dias pois caso contrário não seria capaz de acreditar nos meus próprios ideais. Via friamente os meus sonhos sendo, às vezes, despedaçados por meus próprios irmãos, mas não queria abandonar tudo aquilo, que eu buscava, para eu ser um ser completamente feliz. É claro,  a felicidade, para mim, era coisa passageira, mas deveria aproveitar os momentos mágicos  e fazê-la ser eterna, pelo menos, dentro da minha mente. E foi assim que eu consegui modificar tantas outras coisas dentro de mim, aproveitei cada instante  da felicidade  e fui juntando cada um deles até formar a minha eternidade.
            Fui tentando mostrar para as pessoas um mundo completamente  oposto do que elas viam, mas nada adiantava, porque por mais que eu falasse, elas me revelavam a sua ira pelo mundo, quanto mais eu pregava o amor, mais eu via que elas sentiam ódio; quanto eu mais falava de esperança, mais elas se viam desacreditadas, quanto mais eu buscava soluções, mais elas me apresentavam problemas, quanto mais eu tentava expor o que estava sentindo, mais elas se distanciavam de mim, quanto mais alternativas eu apresentava, mais sem alternativas elas se viam, quanto mais expunha minhas idéias, mais sem princípios elas se mostravam, quanto mais eu me mostrava sincero, mais eu encontrava desonestidade nas pessoas, quanto mais segredos fossem desvendados mais mistérios seriam oferecidos para serem estudados e decifrados. Era uma pessoa de ideais fortes, mas o meu ideal maior não me pertencia, estava em algum lugar que eu não tinha como encontrar, pois não dependia somente de mim, mas da maneira como as pessoas pudessem agir quando lhes fossem propostos.
            Não queria fazer as pessoas desacreditarem nas minhas propostas, mas teria que reformulá-las de forma  que quando eu as repassasse, não viessem causar transtornos na maneira de ser tanto minha como das outras pessoas. A vida já tinha me oferecido praticamente tudo; estava buscando uma certeza de  o mundo ser evidentemente muito melhor. Não era minha intenção intrometer de forma demasiada na vida do meu irmão, mas também não queria vê-lo praticando somente as coisas erradas, que ele achava serem certas. Eu tinha que fazer alguma coisa em prol da vida e minha vida se resumia naquele exato momento em instantes de renovação, de retorno aos objetivos que haviam sido traçados e designados por mim como iniciativa de vida. Na tentativa de dinamizar o meu pensamento, buscava palavras de conforto, mas percebia que enquanto eu falava as palavras se perdiam ao vento, resolvi então repassá-las primeiramente para o papel e mostrá-las para as pessoas. Elas  liam e achavam-nas super abstratas e todas mentirosas, por ser o oposto de tudo que elas viviam, por ser o que eu pensava a respeito delas, e por não ter nada ver com a prática de vida de cada uma delas. Eu tinha certeza de que é  difícil as pessoas aceitarem os seus equívocos, mas eu poderia, através de seus equívocos, mostrar-lhes tudo que é, e poderia ser certo.
            Quanto mais eu tentava expor minhas idéias, mais eu sentia que precisaria de novas atitudes em relação a mim e os outros seres humanos, porque quando se busca algo aplausível em nossas vidas, mais vemos e precisamos de novas buscas, e essas buscas certamente nos levarão a novas conquistas. Pensando desta forma, eu já estava vendo que seria impossível retroceder a minha idéia em prol de um mundo mais justo, mais fraterno e mais humano, e, quem sabe, as pessoas, um dia, poderiam caminhar sem medo de, realmente,  serem feliz, mesmo olhando para mim como se eu estivesse querendo lhes tirar toda a essência que existia dentro de cada um, ou seja, o jovem louco que estava dentro de mim, poderia destruir as coisas mais importantes de uma sociedade podre e desacreditada em seus próprios ideais. Era esta a minha intenção, mas as pessoas que me cercavam diziam que eu estava desqualificando as coisas mais importantes na vida de cada um delas: a cobiça, o poder e a corrupção, pois até então elas tinham feito de tudo para chegarem lá, brigaram entre si e, às vezes, com os seus próprios meios de sobrevivência, construíam armas de morte, e davam fim aos seus semelhantes.
            Não adiantava nada eu tentar falar de um mundo diferente, porque eles não queriam me ouvir, mesmo  o meu grito sendo para valer, não haveria possibilidades de convencer  todos  que estavam ao meu redor, mas essa era a minha intenção. Algo praticamente impossível dentro de uma sociedade capitalista sem o mínimo de escrúpulos. Eu já nem sabia o que realmente era, só porque a maioria esmagadora da sociedade, nem notava a minha importância, eu seria como uma gravura estampada numa parede imóvel que permanece imóvel até que as sujeiras do dia-a-dia recaiam sobre ela e a faça aos poucos desintegrar. Assim, eu estava me sentindo uma pessoa que não possuía respaldo diante da sociedade, tudo porque ela não acreditava na minha existência; mesmo assim, eu nem me importava, sabia que estava no caminho certo e que somente através da minha persistência é que realmente chegaria a algum lugar.
            Vivia dentro de uma comunidade sedenta. Sedenta de amor, mas que só tinha em seu rosto a face do ódio. Sedenta de paz mas que só procurava meios de viver dentro da violência. Sedenta de salvação mas que não acreditava realmente que existia um ser supremo chamado Deus. Sedenta de alegria mas  não possuía meios de desintegrar a tristeza. Sedenta de soluções para os seus problemas, mas  não sabia buscar em sua vida um minuto para reflexão. Essa sociedade era a mesma da qual eu fazia parte, mas era a mesma também que eu criticava todos os dias, por não saber acreditar nas suas próprias forças e  destruía, de forma suntuosa, todos os seus ideais. Olhava para o meu rosto, no espelho, para ver se havia alguma partícula  que refletisse a  real  sociedade.
            Eu era um ser desacreditado, mas, depois,  consegui me aproximar da realidade que queria, procurei patamares diferentes para me mostrar o mais belo dos pensamentos humanos, o ato de refletir e poder perdoar. É claro, eu já sabia qual seria o pensamento das pessoas referente a mim. Mas eu também não poderia desistir de tentar alcançar os meus objetivos traçados, mesmo antes de eu me tornar o louco varrido que todos diziam. Pois a minha sensibilidade estava mais aflorada do que qualquer coisa naquele instante. Então parti em busca de encontrar em cada pessoa a sua essência, ou seja, não estava importando com o pensamento dos outros; estava, sim, tentando facilitar a cada uma delas aquilo que  tinham de melhor. Era a minha principal missão, acolher e fazer de cada ser humano, uma pessoa  crédula em si mesma, mas o pior de tudo, na maioria das vezes, eu sempre ganhava não como respostas às minhas iniciativas. As pessoas já não sabiam nem porque isto acontecia, mas eu  encontrei a resposta necessária, ou melhor dizendo, eu compreendia o porquê de elas agirem dessa forma. A vida delas não era muito diferente da minha vida, até porque eu aprendera  muito com a convivência e por ser uma pessoa bastante sensível. De tanto sofrimento, por parte delas, tornaram-se insensíveis e sem esperança; de tanto apanharem se autoflagelavam, quando não possuíam os seus castigos. Na tentativa de solucionar os seus problemas, inventavam-nos quando não possuíam. Assim eu as observava, sempre com a mesma vontade e capacidade de vê-las como realmente eram.
            Fiz tantos sacrifícios pela  a vida  que eu sempre estava a buscar, mas percebi, precisava fazer muito mais, não adiantava o meu pensamento querer fazer as coisas certas, se minhas ações não estavam correspondendo para que eu acertasse e fui, então, traçando as ações necessárias para  a minha vida, sem perder o sentido. Já havia prosseguido até a metade do caminho, imaginei  o percurso  menos árduo, mas quanto mais eu caminhava, mais via que estava difícil caminhar, e mais pesada se tornavam as minhas decisões.  Eu não estava com medo de enfrentar os problemas, estava, sim, com receio de não os possuí-los. Eu estava sendo um ser humano capaz de buscar, através do meu próprio reflexo, as respostas até então vagas a todas as minhas perguntas. Um louco famigerado e obstinado por justiça e pelo dom de amar cada ser como irmão.
            Viajava por estradas inimagináveis, não queria retroceder no tempo mas precisava de algumas coisas que teimavam em permanecer no meu passado, e,  com certeza, fariam muita falta no meu futuro. Era algo necessário.  Talvez em determinado momento de minha vida teria sido desnecessário. Para explicar melhor, seria uma coisa que eu estava precisando,  estava guardada e  voltaria a utilizá-la. A minha vida se resumia a isso, era realmente muito pouco, para um jovem de pensamentos loucos. Sempre imaginava ajudar o mundo que sempre o desacreditava, tudo porque a minha maneira de pensar fosse completamente o oposto dos outros seres de minha mesma espécie. Vivia tentando encontrar um alguém que tivesse os mesmos pensamentos e,  ideais.  A  vida nunca me ofereceu chances para encontrar essa pessoa tão necessária em meu viver. Eu teria que continuar a minha trajetória cuja     verdadeira imagem não fosse mais confundida com aquela,  descaracterizada, naquele espelho, naquela bela manhã de setembro.










CAMUFLAGEM


O meu mundo era  desfacelado  por causa dos meus pensamentos utópicos em prol de uma verdade que teimava em não existir. Daí, então, iniciei um meio de me ver livre dos meus pensamentos os quais eu julgava serem utópicos e como eu não tinha alternativa, resolvi camuflá-los por pouco tempo. A verdade a qual tanto pregava não passava, até então, de um sonho super fantástico. Eu me tornei uma espécie de ser que não conseguia acreditar na verdade, por achar as pessoas dissimuladas e, realmente, não eram, e até onde eu me entendo por gente, continuam não sendo. Estava disposto a mudar todas as minhas expectativas de vida, mas para isso precisaria desenvolver hábitos completamente diferentes daqueles  acostumados a praticar.
Não sabia como fazer as pessoas acreditarem que eu poderia ser diferente, mas dentro do meu espaço. Seria quase impossível me tornar diferente sem receber críticas por todos os lados, ou seja, se eu realizasse uma atividade diferente poderia estar perdendo a minha identidade; então, a solução encontrada, por mim, foi a de fazer as coisas diferentes e me esconder dentro de mim mesmo.  Isto não estava me fazendo bem; sentia-me mal  quando tentava camuflar a minha própria realidade, mas eu sabia que aquilo seria coisa de momento e  de alguma forma, em algum lugar,  precisaria fazer o meu mundo ser muito melhor, mesmo  que,por alguns momentos, minha vida se tornasse uma incógnita  de sentenças matemáticas e não houvesse realmente soluções para atender todas as minhas angústias.
A minha vida ficou repleta de caminhos, mas nenhum deles me fez crer na possibilidade de modificação do meu modo de ser, porém eu não queria mudar porque precisava pensar diferente para não deixar que a monotonia cotidiana me fizesse um ser redundante e sem princípios, ou seja, não gostaria da minha pessoa  descaracterizada, apesar de pensar que o ser humano é o produto do meio onde vive; mas, até então, eu seria uma grata ou ingrata exceção, pois acreditar na possibilidade de um mundo melhor é possível, contudo fazer alguma coisa para transformar o nosso mundo, em algo melhor, é quase impossível, ou melhor dizendo, as pessoas podem até dizer o que pensam, mas realmente não sentem, e se não sentem não podem fazer nada de melhor. O sentimento para mim seria então a base de transformação do nosso universo tanto físico, como espiritual, a gente só pode fazer algo com amor se realmente sentirmos amor dentro do coração e se essa é a nossa sina, é melhor que saibamos entender o espaço existente entre o ser humano e sua capacidade de pensar e amar o seu próximo como a si mesmo.
A vida me deu tantas oportunidades de reflexão, não gostaria de fugir dos meus ideais, queria mostrá-los às pessoas e, pelo menos, fazê-las acreditar que eles eram verdadeiros, mas as minhas palavras se perdiam no vento, eu estava cercado de sentimentos miseráveis por todos os lados. Os seres humanos carregavam consigo todas as espécies possíveis de falsidade, e, às vezes, eu tinha que me distorcer para entrar no mundo vazio das pessoas, pois essa seria a forma de conseguir me encontrar com cada uma delas;  estar ali, fazendo o que elas fazem, me tornando uma delas, mesmo não aprovando suas atitudes em relação aos outros seres de mesma espécie. Eu teria que conviver com cada pessoa, acreditando nos meus ideais, e mostrando a riqueza de meus pensamentos, mas teria que fazer isso sem prejudicar o meu relacionamento com as demais pessoas e sem apregoar as minhas verdades, porque acreditava no sentimento de cada pessoa, mesmo sendo elas um amontoado de equívocos.
Não era possível viajar ao fundo de cada ser humano, mas através da conversa bem sincera, é possível arrancar verdades inculcadas na mente vazia de cada um. Estava sendo uma espécie de psicólogo  em busca de uma psicologia q para  eu  entender o porquê de tantas atitudes mesquinhas por parte das pessoas que se encontravam fechadas dentro do meu universo de ilusões. Resolvi então modificar um pouco minha atitude e a partir daquele momento decidi   pregar o amor e elevá-lo à categoria de substância essencial e existencial necessária para o estudo do nosso bom viver. Foi fazendo isso que eu entendi a minha verdadeira vocação. Eu precisava acreditar e me propunha a fazer, ou seja, tudo que se pretende na vida  se alcança quando realmente acreditamos. Eu já estava repleto de idéias inovadoras  capazes de não me deixar sozinho, a lutar por um sonho no qual  eu acreditava que um dia seria real.
Eu  não me importava com que os outros diriam, estava apenas preocupado em receber o máximo possível de adesões às minhas propostas. O jovem, dentro de mim, não me deixava quieto, queria dominar as atitudes necessárias para manipular as pessoas, mas uma  manipulação saudável  que  refletisse sobre os rumos de suas próprias vidas. É claro, eu acreditava nos meus ideais, também pudera, havia passado grande parte da minha vida em função dessa procura louca e indiscriminada da minha imagem. Eu sabia que a minha vitória dependeria de como enfrentar as dificuldades,   posteriores, em minha vida. Fui objetivando os meus impulsos. Cada dia eu me tornava mais forte, quanto menos esperava, havia construído uma fortaleza sentimental ao meu redor. Ela fazia  eu conseguir enfrentar, com mais superioridade, tudo que eu não conseguia através de minha própria coragem.
Atravessei por barreiras quase que infindáveis. Estava disposto a buscar horizontes  mais reluzentes daqueles existentes a minha frente e as próprias barreiras, que antes serviram de obstáculos, agora se tornaram partes de uma trajetória de vida quase  abominada pelas pessoas, ou seja, elas não acreditavam em meus impulsos e nem naquilo que estava dentro de mim. Eu precisava de alguma coisa enaltecedora capaz de me tornar pelo menos um pouco livre, algo desprendido dos laços de ignorância que me separava dos outros seres. Busquei intensamente o meu espaço, não desisti de estar dentro do meu próprio ego. As pessoas se viram incapacitadas de me mostrar uma realidade  já  exposta no semblante de cada ser humano que conseguia passar por mim. Resolvi por conta própria estreitar os laços de amizade  entre todos os seres humanos, pois deles dependeria a minha própria felicidade.
Apesar de tantas coisas diferentes que eu via, percebi estar faltando algo. Um mundo de fantasias poderia surgir ao lado esquerdo do meu peito, ali, onde se encontra o coração, se é que ele seja responsável realmente por nossos sentimentos, pois eu já estava completamente transtornado em minhas atitudes. Queria que cada uma delas objetivasse o que realmente seria o meu próprio viver. Bastou eu  buscar respostas às minhas perguntas, para que elas viessem e causassem um tumulto bastante acelerado em minha mente, pois se encontrava bastante estressada, pelo tamanho de informações que haviam sido armazenadas nela. Queria poder entregar-me a um amor que eu nem sabia de sua existência; queria que as pessoas refletissem os seus movimentos em prol de uma cultura sentimental, onde todos pudessem entender todos e a vida de cada um estivesse correlacionada com cada um. Todos os seres humanos precisavam de afeto, disso eu tinha certeza, mas não entendia porque se escondiam dentro de seus próprios interiores e se faziam insensíveis diante de tantos sentimentos belos que havia ao redor de cada um.
Eu não me importava com o que aconteceria, queria apenas viver o momento presente, essa era a proposta de todo ser que  humano, mas que não sabia realmente viver. Era absolutamente impossível não pensar em crescer naquele momento tão importante da minha vida, queria exteriorizar os meus sentimentos e fazer  as pessoas satisfeitas com o que elas eram ou não, mas a minha mente não aceitava algumas atitudes que teriam sido praticadas por elas no decorrer da minha própria vida. Eu estava querendo transformar os meus pensamentos e, assim de maneira mútua, transformar um pouco os sentimentos dos outros. Queria fazer de cada momento uma soma de instantes que poderiam, sem nenhuma sombra de dúvidas, formar a minha eternidade, depois de tudo que  havia passado até aquele pequeníssimo intervalo de tempo, entre o real e o imaginário, pois, até então, tudo me era abstrato, teria que pensar para concretizar alguns objetivos básicos que um dia teria martelado a minha mente, fazendo-me acreditar na possibilidade de um mundo muito,  muito mais humano.
Havia um espaço de conquista entre os homens e sua realidade Este espaço perseguia não só a mim, mas a todo ser humano; ninguém possuía métodos eficazes para destrinchá-lo e, evidenciá-lo.  Eu havia me proposto a isso, queria ser aceito pelas pessoas. Nessa tentativa   camuflar-me para sentir tudo que cada uma das pessoas sentiam, ou seja, precisava entrar no mundo de cada uma para entender o porquê de tantas loucuras, de tantos sentimento sórdidos e tanta falta de consciência de uns para com os outros. E ,Bfoi assim, introduzi-me dentro de cada um, tornei-me um ser de muita sensibilidade, pois o que eu estava sentindo não era só coisa de mim, mas de cada um daqueles que me cercavam. Eu sabia que possuía uma missão, mas uma missão capaz de me elevar ao mais alto dos patamares humanos; uma missão capaz de me fazer humano, pois os outros seres que estavam ao meu redor, não eram humanos, pois não agiam como humanos, não sentiam como humanos, não viviam como humanos, era uma espécie de animal, daqueles mais indesejáveis,  no zoológico da vida, porque não se via nos outros “bichos” o que se via nos famigerados seres humanos, portanto conseguiam transformar os seus próprios meios de sobrevivência em terríveis armas de morte e conseguiam aos poucos buscar a sua própria extinção.
Os machados, as foices, as facas, os cutelos, alavancas, picaretas, automóveis e vários outros materiais que serviriam para facilitar a vida dos seres humanos, estavam aos poucos se transformando em horríveis armas que tiravam sem piedade a vida dos outros irmãos, através de sangrentas batalhas por um pedaço de chão, por uma busca indiscriminada pelo progresso ou por pura banalidade, só pelo prazer de ver a água vermelha que nasce da veia de cada um sendo derramada no solo sagrado da nossa inconsciência nata. Às vezes, eu me estremecia todo só de imaginar tanta crueldade, tanta obstinação por um poder, que nem sequer valia a pena, pois eu tinha certeza,  o poder não valia nada se não conseguíssemos estar de bem com o nosso próprio interior. Eu era assim, diferente, só que eu não tinha coragem de falar para as pessoas, tinha somente que fingir ser uma delas, mesmo não aprovando nenhuma das atitudes praticadas por todos os meus irmãos. Eu tinha a ingrata obrigação de dizer amém e ser cúmplice de todos os atos impensados  daqueles que estavam à minha volta , porque uma andorinha só não faz verão e a sociedade me cobrava uma postura dentro dos padrões “normais”, e ser normal naquelas circunstâncias era aceitar o pensamento de todos como verdade única, apesar de que, por dentro, eu me remoia, apenas por acreditar nos meus ideais e pensava  comigo que um dia eles seriam aceitos como mais uma alternativa de vida para todos os seres humanos.
Eu possuía uma convicção de que a vida poderia ser dura do jeito que fosse, mas de qualquer forma eu teria que vivê-la, ou seja, não adiantava nada eu me esconder nas sombras dos outros para tentar abrandar o calor do sol, porque de qualquer forma eu sentiria o calor humano a me queimar e a esquentar o meu triste e dolorido viver. Estava tentando me afirmar e ser firme em minhas decisões, e, sendo verdadeiro, as pessoas estavam  recriminando meus atos. Eu não me importava, estava querendo modificar e modificar de uma forma global todo e qualquer tipo de ambição humana; para isso eu precisava começar a ser gente, a respeitar as individualidades de cada um, a estar disposto a camuflar a minha própria realidade para transformar outras realidades. Então, fui à luta pela força extraordinária que havia dentro de mim; aos poucos estava conseguindo o crédito necessário para  colocar o meu maravilhoso projeto de vida em ação.








O CAMINHO A SEGUIR


            O jovem que ainda permanecia em mim, não queria entregar os pontos, sabia da necessidade de ser forte em busca dos meus objetivos, não era da mesma forma dos outros e por isso recebia críticas terríveis, denegriam a minha imagem, tentavam me impor características que eu não possuía, até me chamavam de mole ou coisa parecida, apenas porque eu pensava diferente deles e aquilo estava fora dos padrões normais de um garoto da minha época. Mas eu me sentia bem sendo diferente, fazia as coisas de acordo com a minha consciência, e se os colegas quisessem ser meus amigos teriam que me aceitar daquela forma pois eu achava que as minhas diferenças eram minhas e não tinham nada a ver com o meu relacionamento com as pessoas  do meu cotidiano. E consegui sobreviver entre os viciados sem possuir nenhum tipo de vício, pois a maioria dos meus amigos eram cachaceiros, pinguços, bebiam tanto que aprontavam em todos os locais que passavam, mas eu não tinha vontade de ser do tipo deles, queria criar uma imagem diferente para que os jovens pudessem trilhar, eu teria que ser então uma espécie de espelho, não poderia cometer nenhum equívoco, porque para um modelo a seguir eu pensava  ser no mínimo perfeito, mesmo sabendo  não haver como ser verdadeiramente perfeito.
            Eu estava disposto a me sacrificar na busca daquilo que eu pretendia. Comecei então a falar de um amor puro, a pregar esse amor como se ele fosse a coisa mais estupenda do mundo, e realmente falando, ele era. Comecei a pregar esse amor para as pessoas que muitas vezes sorriam na minha cara, me chamando de jovem antiquado, ultrapassado, fora da realidade, só que eu não importava com o que elas falavam, estava disposto a seguir sempre em frente. Aquilo seria a afirmação de tudo que eu realmente queria, apesar de estar convivendo no meio das pessoas totalmente viciadas, em álcool, fumo e outros tipos de drogas, mesmo eu me sentindo um deles, tendo toda a oportunidade de seguir pelo caminho mais fácil, eu não me vi entregue a nenhum desses vícios. O meu único vício que me perseguia era o de poder ajudar o meu semelhante a crescer, a encontrar a sua dignidade, que até então nem eu sabia que existia. Mas sabia que as respostas apareceriam aos poucos, me mostrando toda a capacidade  encontrada no meu corpo franzino; era uma minúscula partícula da humanidade; não poderia ajudar muita coisa, mas também sabia que eu não poderia deixar os outros pensarem por mim, a minha criatividade aflorava e eu tinha a obrigação de conquistar o meu espaço, da minha maneira e não da maneira dos outros.
            Sabia que o meu caminho seria muito árduo por ter poucas pessoas para caminhar comigo; eu tinha no meu pensamento a convicção do  melhor para mim e para os outros, e sabia que as pessoas, ao meu redor, não possuíam a lucidez necessária para chegar a esse senso crítico que eu havia chegado até então. Apesar de não entender nada de relacionamento intrapessoal, eu estava realizando, naquele momento, uma atividade de correção da minha relação com o meu semelhante, apesar de que ele não era tão semelhante assim. Eu propus para mim mesmo,  eu seria a pessoa que pregaria o amor, um amor verdadeiro de um ser humano pela a sua própria humanidade. Eu não tinha a coragem necessária para tanto, teria primeiramente que fazer uma viagem ilusória para dentro de mim, para depois tirar as conclusões pertinentes à minha escolha. Estava escoltado por anjos e me davam força naquilo que eu buscava. Eles não me deixaram nunca fracassar e quando cometia alguns deslizes, lá estavam eles me tirando do chão e me fazendo acreditar no meu próprio erro e  dando sempre um empurrão para que o meu fraquejar não me fizesse parar totalmente.
            O jovem de ideais fortes estava preste a enlouquecer o mundo com suas idéias praticamente utópicas, por parte das pessoas que não acreditavam. E se faziam muitas vezes de desinteressadas por pensar que o mundo não pudesse oferecer o que estava sendo  defendido por minha pessoa. Depois de muitas desavenças e falta de sintonia com as pessoas, resolvi então mudar o meu discurso para que as pessoas pudessem me ouvir e acreditar nas minhas propostas. De pessoa descrente, passei a crer que haveria alguma forma de mostrar a minha própria realidade; de pessoa calada, resolvi lançar meu grito de liberdade ao infinito e para as pessoas   presas a alguma coisa, sendo vítimas intensas da opressão e da falta de amor ao próximo, eu queria de alguma forma não era nem fazer história, mas que as pessoas pudessem ter um ponto de referência para aquilo que buscavam em suas vidas. A minha vontade de ver o meu irmão crescer aumentou muito. Consegui implantar dentro de mim todas as mudanças necessárias para que a minha vida não se tornasse sem sentido, ajuntei o que eu tinha de melhor em mim e fui à luta com as minhas únicas mas poderosas armas, o amor  dentro de mim e a força de vontade em superar cada obstáculo  colocado em minha vida.
            Sai em busca da realização da minha proposta de vida,  se não era a melhor pelo menos era a  almejada, e a perseguiria até a sua concretização, que eu sempre imaginava à minha frente. Na minha caminhada sempre via irmãos sem coragem, desanimados com alguma coisa, sem fé, sem esperança e até sem vontade de viver, e o que poderia eu, aquele ser de estrutura esquelética, oferecer para todas aquelas pessoas que se encontravam no meu caminho? Pois se todos olhassem bem, não poderia oferecer muita coisa, até porque se alguma delas se rebelassem contra mim eu seria estilhaçado a fragmentos tão minúsculos que seria impossível remontar-me. Mas isso não era suficiente para  eu desanimar em  passar a minha teoria que  tinha muito a ver com a prática cotidiana das pessoas. Então me qualifiquei e fiquei uma espécie de especialista em sentimentos alheios, ou seja, compreendia mais dos sentimentos dos outros do que os meus próprios sentimentos. Era mais importante para mim, estudar e entender sobre o que os outros sentiam, pois era a minha proposta de vida, era a escolha que eu havia feito, uma busca nos outros para entender  a minha  imagem, como se fosse a  minha  própria  pessoa.
            É claro que eu estava ciente, o mundo precisaria de mim, mas  eu precisaria muito mais dele, pois se o meu relacionamento com as pessoas não fosse capaz de me elevar à categoria de ser humano, eu não poderia ser tratado como tal. Era preciso me adequar ao mundo das pessoas para depois ser compreendido por elas, eu teria de fazer  as pessoas, à minha volta, acreditassem na proposta de vida que eu tinha, não só para mim, mas aquela que eu escolhi e,  com certeza, me faria cada vez mais distanciar dos outros seres que evidentemente seriam como eu, humano em existência, mas diferentes por serem desumanos em essência. Aquilo era o meu pensamento, um pedaço da minha consciência, sabia também que o tempo poderia ser um aliado para o sucesso ou fracasso de minhas atividades relativas a cada etapa do meu projeto de vida e o maior projeto para mim, era o de satisfazer as pessoas e mostrar a cada uma qual seria o seu caminho a seguir.
            Abandonei muitas coisas para demonstrar aquilo que eu precisava para as pessoas compreender realmente, de forma clara, qual seria o objetivo de traçar tantos planos loucos na minha mente vã. Distribui minhas palavras, também loucas, às pessoas, às vezes faladas, às vezes escritas, mas sempre de forma concreta, a não ter um sentido duplo, era um jovem, mas tinha a convicção de que nem tudo  podia  ser certo para as pessoas, mas era o que realmente eu queria e era certo para mim. Tinha muita firmeza naquilo que eu expressava, e quando não possuía a certeza, ficava sem dizer nada, pois também não gostava de ficar no achismo, porque a vida havia me ensinado e  a gente não pode possuir meio termo, ou a gente é ou deixa de ser, quando nós começamos a caminhar, nós não podemos parar no meio do caminho antes de alcançar os nossos objetivos, pois quando paramos estamos regressando ao nosso próprio ponto de partida, daí é quase impossível a gente ter forças para começar de novo quando isso acontece.
            O caminho  escolhido por mim,  eu tinha certeza que não era o melhor, mas era o único e poderia me levar ao meu objetivo, assim é o caminho de várias pessoas. Ninguém possui um único caminho para seguir, todos nós possuímos uma diversidade de estradas, mas somente uma é capaz de nos levar aonde realmente queremos chegar. Muitas pessoas enveredam seus caminhos, colocando dificuldades para nem tentarem chegar aos seus objetivos, talvez por terem medo ou mesmo porque realmente não possuem objetivos definidos, eu não era desse tipo de pessoa, gostaria de ser um exemplo de ser humano, de demonstrar através de minhas ações o que sinceramente queria para mim e para minha vida. Trilhei com fé o caminho que eu tinha para seguir; enfrentei os obstáculos sem ter medo de errar, pois eu sabia que o maior erro das pessoas era ter medo de errar, e, muitas vezes, a gente deixa de acertar só por causa deste medo.
            É claro, eu precisava de muita coisa para ser um ser completo, mas tentava encontrar, no meu trajeto, as ferramentas necessárias para construir a minha própria felicidade porque eu sabia, ela dependeria muito mais de mim do que do outro, e se eu dependesse demais das pessoas para ser feliz eu não   encontraria a tal da felicidade. E cada novo ser que encontrava pelo caminho tentava conquistá-lo e transformá-lo num amigo, e foi fazendo isso, descobri a mais nobre de todas as vocações que eu nem sabia possuir dentro de mim, a vocação de conquistar e fazer amigos. O meu jeito verdadeiro de ser e muitas vezes foi criticado pelas pessoas, agora seria o motivo de orgulho e de carisma por todos aqueles que eu já havia conquistado e transformado em amigo. Eu estava pregando a minha filosofia, a mais correta desde a criação do mundo, a de ver em cada ser um irmão, a de ser esbofeteado num dos lados da face e ter que oferecer a outra para se cumprir  as palavras do nosso Pai e Criador Celeste, o Ser Onipresente de estrutura Onipotente, que comanda a vida de todo ser humano e que muitos nem acreditam na sua existência.
            Percebi que eu precisava parar de inventar desculpas para os meus erros,  Eu culpo a mim mesmo e não aos outros irmãos por  tê-los praticados, pois arranjar um bode expiatório para explicar os nossos equívocos é muito fácil, mas ter a certeza daquilo que realmente queremos é muito difícil, porque nós nunca queremos tomar decisões em nossas vidas e acabamos por tomar, como se sabe, a nossa vida é vivida a cada momento como se ele fosse único, e realmente falando, todos os nossos momentos são únicos, cabe a cada um de nós sabermos vivê-lo da nossa melhor e mais suave maneira. Eu queria fazer as pessoas acreditar de que elas poderiam ser fortes;  queria, também, que o caminho de cada uma delas fosse seguido com segurança, ou seja, eu pregava a cada uma, a vida era para ser vivida e  precisaríamos muito da nossa força interior para um dia podermos ser vencedores. Todos nós possuímos limitações e elas estarão mais presentes em nós, nos nossos momentos de fraquezas, nos dando a certeza de que são das nossas limitações a construção de um mundo ilimitado de alternativas, isto é, quanto mais fraco estamos, mais forte nós realmente seremos; só através das nossas fraquezas conseguiremos a força necessária para provarmos a  própria força. Neste pensamento, sempre constante, eu, aquele jovem caricaturado, naquele espelho, naqueles dias de setembro, queria uma chance para mostrar às pessoas que eu possuía dentro de mim a força  necessária.
            Não queria  as pessoas seguindo pelo meu caminho, e nem esperava que elas pensassem ser ele  verdadeiro, mas eu tinha que buscar a minha própria imagem, para isso voltaria um pouco no tempo e pensar em muitos obstáculos superados  para chegar ali onde eu estava. Nós precisamos, às vezes, parar e olhar ao nosso redor, para compreendermos também que  somos as peças fundamentais do nosso próprio progresso. Amar e servir é uma lei divina; necessitamos amar e ser amado, pois quem não ama resseca a alma, alma ressecada não consegue traduzir,  realmente, a precisão para o nosso viver. Eu estava cada vez mais confiante de que poderia elevar o meu pensamento e repassar para as pessoas tudo  de dentro do meu ser. Obstinei no meu pensamento de poder fazer o meu mundo mais humano, mas para isso  faria desabrochar nas pessoas um sentimento próprio de amor; também, eu precisava de metodologias diversificadas, pelo tamanho do contingente humano,  para tentar aderir à minha proposta de vida, mas não desisti, fiz de minha vida, a partir daquele momento, uma busca esporádica da minha imagem.  Não se via tão distorcida, mas expressa em cada um de meus semelhantes que eu encontrava pelo caminho  trilhado.







AS PRECES DE UM JOVEM LOUCO


            Eu já tinha me acostumado com a ignorância dos seres humanos, tudo que eu fazia era apenas uma forma de tentar transformar o meu mundo em algo evidentemente muito mais fraterno e mais justo, mas quem era eu? Apenas uma caricatura de sonho, uma pessoa desacreditada, por meus próprios semelhantes,  nada poderia fazer, a não ser orar a cada segundo, para que as coisas dessem certo em minha vida. Eu não podia ficar esperando, porque  havia aprendido que a vida só vale a pena quando os nossos ideais são buscados com afinco, e quando a nossa alma não é pequena. Mas eu queria sempre mais. Quando conseguia uma vitória queria outra bem maior, a cada novo objetivo alcançado conseguia almejar mais dez outros à frente, ou seja, a minha vida consistia numa frenética louca de sonhos e fantasias que precisaria de ações palpáveis para não se tornar completamente sem sentido. Assim era a minha vida, assim também é a vida de todos os outros seres humanos, quando não encontram aquilo que buscam se frustram e se tornam seres monótonos, sem alegria e sem esperança. Eu não era assim e nem pretendia ser, pois acreditava na essência de um ser soberano que havia me ensinado a graça da humildade e a sensibilidade de ver em cada um de meus semelhantes um irmão, mesmo quando alguém me batia num dos lados da face, eu sempre oferecia o outro para que se cumprissem as ordens desse Ser de Essência no seu velho, mas sempre atualizado, Livro da Vida.
            Ficava,  ali, parado e olhando fixo ao horizonte para ver se encontrava alguma resposta para as pessoas serem tão idiotas e mesquinhas, pois eu também poderia ficar daquela mesma forma e não era bem aquilo que eu precisava para mim em minha vida, mas poderia ser.  O meu futuro, também, quem sabe, poderia estar ali no âmago daquelas pessoas sem escrúpulos. Sempre maldiziam o próximo para tirar proveito da situação e eu nem sabia  o que seria de mim, se estaria certo ou errado, mas eu tinha por obrigação seguir os meus preceitos de estima e consideração para aquilo que eu defendia como certo, pelo menos para a minha pessoa. Não era possível o que eu havia criado e aceitado, em minha vida, como algo normal, fosse totalmente banalizado pelas pessoas as quais se encontravam ao meu redor. Eu seria mesmo  diferente, pois eu acreditava que o diferente era ser igual a mim, e não fazia o meu gênero ter as pessoas como modelo, apesar de  quando criança a gente possui limitações e segue os modelos antiquados de nossos pais, que não são errados, é verdade, mas, às vezes, se tornam ultrapassados pela própria época em que nós vivemos, ou seja, a gente aprende muitas coisas e ficam perdidas no tempo e não serão nunca aproveitadas em nossas vidas; deve ser por isso que sempre se vêem os jovens inventando modas, mas eu não me preocupava com o modismo acelerado, queria ver as coisas acontecendo no seu ritmo normal, não haveria porque acelerar a trajetória de cada coisa  acontecida em minha vida, entretanto eu não poderia e nem  ficaria esperando elas acontecerem para tomar alguma providência.
            Acreditar na essência de cada novo amanhecer é explicar com todas as letras aquilo que eu já imaginava, e fazia isto toda nova manhã e em cada novo entardecer, e no intervalo, entre esses dois períodos do meu dia, ficava a meditar a cada minuto sobre tudo  e o que os outros faziam, acreditava   ser, assim, autêntico, e tentando ser original  criei um modelo para mim, mesmo que ele não fosse seguido pelas outras pessoas, ou seja, eu não me importava com a diferença entre mim e os outros seres, eu queria apenas criar um paradigma diferente, mesmo que fosse reprovado por todas as outras pessoas mas  servisse, pelo menos, de opção, para que um dia alguém pudesse seguir. Quanto mais eu tentava ser diferente e criar esse novo modelo sentimental de jovem, mais eu me afastava das outras pessoas, e, sendo diferente, eu provavelmente teria que me tornar mais solitário, mas não estava mesmo a fim de passar o resto da minha vida colocando a vida do meu irmão em xeque, ou seja, já era o suficiente tudo que os meus famigerados irmãos já passavam, e cada nova ação equivocada, praticada por cada um, era motivo para me entristecer e fazer as minhas preces ao meu Ser de Essência Maior, Jesus Cristo o início, o meio e o fim de todo pensamento humano.
            Nas minhas orações eu não pedia nada para mim, queria apenas que as pessoas pudessem compreender,  como eu, toda a essência divina, e seguissem os mandamentos de Deus no Livro Sagrado. Muitos sabiam de cor, mas  não acreditavam serem eles  verdadeiros. Eu sei que eu não era perfeito, mas o mundo se encontrava até então imperfeito demais, era irmão matando irmão por causa de um simples pedaço de chão, as famílias fragmentadas e sem uma cabeça para dirigi-la, filhos matando pais por causa de coisas banais; a felicidade de cada um sendo destruída por suas próprias mãos por não acreditarem na sua existência; o preconceito racial e religioso fazendo o mundo virar uma turbulência;  as crianças antes de conhecerem os pais sendo jogadas nas latas de lixo; gangues brigando entre si por um poder que nem sequer existe; país poderoso querendo dominar o que já está dominado; pessoas transformando o seu momento de lazer em chacinas nos estádios de futebol; crime se organizando e lutando contra uma polícia desorganizada; pessoas de bem sendo completamente extorquidas pela máfia social; um paraíso terrestre sendo transformado num inferno; os meios de sobrevivência, humano, criados para melhorar a vida, encurtando de forma brusca a nossa própria vida; as nossas crianças deixando de ser criança cada vez mais cedo, tudo por causa de um sistema que nem sequer funciona; a prostituição pedindo passagem; o alcoolismo ganhando cada vez mais novos adeptos; a maconha e as outras drogas assumindo um papel de destaque na nossa sociedade; a mídia fragmentando todos os sentimentos do homem; as leis criadas e não executadas e quando executadas dando cada vez mais direitos aos criminosos; a sabedoria dando lugar à ignorância;  a alegria se transformando em tristeza; o orgulho dando lugar à  descrença; a beleza dando lugar aos pesadelos horríveis.
            Eu imaginava tudo. Até fiquei mais forte com essa imaginação, modifiquei todo o meu ser, queria permanecer com a mesma essência que me fizera, até então, um jovem de visão de futuro, mesmo sabendo  o futuro de todo ser humano,  a morte. Lá eu precisaria renovar o meu espírito e tratar bem a todos, os que estavam ao meu redor, para viver feliz; não adiantava  eu me desesperar   porque de qualquer forma a fúnebre e tenebrosa morte vem, por ser algo natural na vida de todos os seres vivos. Pensando, em tudo isso, resolvi praticar um ritual sagrado oferecendo a minha vida ao meu Pai Supremo.  Falando com ele, todos os momentos, através de minhas simplificadas orações. Sempre recebia críticas dos meus irmãos por eles não acreditarem na existência de Deus; então, não me importava e continuava as minhas conversas que outrora ficaram cada vez mais particulares, tudo por causa das duras críticas  dos meus semelhantes e, porque, não eram tão semelhantes assim. Aos poucos fui perdendo a coragem de orar na frente de meus irmãos, não porque estava perdendo a fé mas porque eles me esnobavam e me deixavam cada vez mais arrasado com suas críticas, porém nunca esquecia deles nas minhas orações, sempre pedia ao Meu Senhor que tivesse pena deles porque eles não sabiam o que faziam, e, verdadeiramente, eles não sabiam mesmo.
            As minhas preces sempre aconteciam em momentos propícios, no começo eu pedia muito, mas pedia muita paciência, muito amor, muita felicidade, muita coragem, e, principalmente, que Deus aumentasse a minha fé e foi isso que aconteceu, porque quando eu pedi paciência Ele me mostrou a descrença dos meus irmãos e me fez ser um ser, não cansado, mas sempre estimulado para tudo que viria a acontecer em minha vida, quando eu pedi amor, eis que Ele me fez acreditar em cada um dos meus irmãos como  sendo ele, em cada um , ou seja, eu aprendi a amar amando cada um de meus semelhantes; a felicidade que eu havia pedido era questão de tempo pois quando a gente consegue ter paciência e amar com certeza a felicidade passa a existir para essa pessoa; a coragem que eu precisava eu já possuía, contudo não sabia que a possuía e só descobri quando Deus colocou os obstáculos em minha vida para serem superados. Confiante em tudo que havia aprendido nas minhas conversas, a minha fé estava muito grande e eu  podia e conseguia fazer as minhas preces sem me importar com as outras pessoas, pois a língua afiada de cada uma  não me afligia mais; eu não era aquele ser estúpido, de pensamentos mesquinho como era a maioria esmagadora de meus ilustríssimos irmãos.
            E lá estava eu nas minhas súplicas, pedindo e pedindo. Quando descobri que as orações não servem somente para Deus nos oferecer alguma coisa, mas para nós também oferecermos para ele o nosso reconhecimento de que não poderá existir um ser mais supremo do que ele. E sempre me colocava abaixo dos outros seres, pois não há nada melhor do que a gente não se sentir melhor do que alguém, porque quando mais nos sentirmos superiores mais inferiores nós seremos para Deus. A vida me mostrava toda a capacidade que eu tinha de poder amar o meu próximo e fazer dele meu verdadeiro irmão, mas, às vezes, me faltava tempo, essa era a desculpa minha e de todos os outros seres da minha espécie. Eu pedia a Deus paciência mas para quê? Se eu não tinha tempo. Eu pedia a Deus um espaço, para quê? Se o meu tempo não era suficiente para poder preenchê-lo com minhas atitudes. Eu pedia tudo, mas não conseguia nada, tudo porque o meu Deus exigia demais de mim, ou melhor, eu não tinha nada para oferecer a Ele. Tudo porque eu era ignorante, não tinha fé suficiente para aceitá-lo em minha vida da forma como  deveria. As minhas palavras iniciais sempre foram de duras críticas aos meus semelhantes. Eu imaginava serem bem piores do que eu, e fazia tudo da maneira errada pensando estar praticando o  certo, pelo menos para mim, não acreditava muito em mudanças, mas Deus, o Ser Magnífico, me tocou e eu a cada nova oração, a cada novo amanhecer percebi que  poderia ser melhor, e, realmente falando, eu consegui observar as características fúnebres de meus irmãos como algo normal, se bem que normalidade não tem nada a ver com todas as ações praticadas por todos eles, ou seja, apenas eu consegui me diferenciar do padrão lógico das coisas. Isso era algo normal porque o que eu esperava para mim estava além dos paradigmas sociais descartáveis, que não me serviriam para nada na minha busca indiscriminada pelos meus ideais.
            Os meus ideais eram conseguir levar uma palavra de conforto para todas as pessoas, isso era simplesmente fantástico, mas  era necessário que as pessoas pudessem acreditar em mim, ou seja, eu tornaria a minha busca em algo que pudesse satisfazer a todos os meus sofridos irmãos e ficava a imaginar e através de pensamentos conversava com meu Deus: “Pai, todos os meus irmãos, hoje, não acreditam em ti. Faça-me  um ser que consiga elevar a auto-estima deles  para que     possam acreditar. Eu sei Senhor,  eles têm pouca fé, mas  tudo mudará porque tu és o Mestre dos Mestres, o dono de todas as coisas do universo.  Eu acredito nas tuas palavras como todos  acreditam; o problema, Senhor, é, que eles possuem, uma auto-estima  fracassada.  Eles não acreditam neles.  Como poderiam acreditar em ti? Ah, Senhor, mas eles acreditam da maneira deles; eles   acostumaram-se com o  sofrimento, com a  falta de coragem, com a prepotência de alguns. Faça com que eles tenham como ponto de referência  uma luz no fim do túnel. Faça isso, Senhor, em nome do teu filho amado, é o que eu te peço, amém”.
            Toda a minha vida foi assim, queria poder abraçar todos os meus irmãos, mas a distância que os meus minúsculos braços poderiam percorrer, não conseguia ir além de mim, então, acreditando na possibilidade do meu corpo franzino conseguir ultrapassar os meus próprios limites, comecei a acreditar muito mais em mim e o meu Deus estava comigo e eu estava confiante de que ele não  me abandonaria, assim poderia conseguir de forma concreta chegar muito mais próximo dos meus objetivos.
            O Deus que eu seguia era o mesmo, apesar das pessoas diferenciá-lo, ou seja, havia dentro do meu mundo uma espécie de guerra santa, as pessoas estavam fazendo da religião uma espécie de comércio, o comércio da fé, muitas pessoas prometiam curas em nome de Deus, mas para isso a pessoa teria que pagar; outras porém, perguntavam aos seus fiéis, quem tinha fé? E aquele que ofertasse mais, tinha fé maior. E lá estava eu novamente a conversar com o meu Deus: “Senhor, ajude-me a ser um ser completamente despido de orgulho, faça de mim um celeiro de humildade, eu pretendo que as pessoas cresçam, faça então com que elas acreditem em ti, não nos outros deuses falsos que existem por aí, porque todos eles tombarão diante de ti, e aqueles que acreditam em ti, não deixem com que eles se desviem do seu caminho, pois o seu caminho é o único que poderá nos levar ao Paraíso Celeste, amém!”.
            Eu não era normal, só pelo fato de ter um pensamento diferenciado dos demais irmãos. Isso estava me custando muito caro, mas  estava me acostumando com isso; então, voltava, de vez em quando, ao quarto e começava o meu ritual, que quase sempre era do mesmo jeito, mas sempre verdadeiro, e o meu Deus me fortalecia a cada minuto que eu clamava pelo seu nome.


  


AS AMIZADES DE UM JOVEM LOUCO


            Seguir o modelo de ser humano dos outros, para mim, seria a coisa mais absurda . Então resolvi ser, simplesmente, único, ou melhor dizendo, o oposto de tudo que eu via nos outros seres humanos. Os meus amigos eram tidos como normais; eu nem sabia o que era ser normal porque, ainda, não me via pronto a distinguir os paradigmas juvenis de minha época, ou seja, eu não me sentia melhor do que ninguém, mas também não queria seguir modelos errôneos de seres humanos  do meu meio social. Sentia-me melhor, sendo aquele ser diferenciado dos demais; até pelo fato de querer e tinha a certeza de  poder ser autêntico e, somente, sendo assim, eu poderia levar às pessoas as idéias absurdas  da minha mente. Para todos, eram algo inútil,   para mim era a certeza de  transformar o meu mundo em algo muito mais humano e justo.  Comecei então a elaborar o meu plano; não era realmente um plano, era algo natural e estava dentro de mim, não por acaso, mas que poderia ser divino, pois eu sempre acreditava na possibilidade de sempre melhorar e  isto  acontecia comigo, estava melhorando a cada minuto,  fazendo-me crer que eu poderia alcançar meus objetivos, fazendo  todos, que estavam à minha volta, também, acreditarem., A minha arma, nesta batalha, era a mais simples e  todos a possuíam mas  não sabiam usar; as minhas ações também eram conhecidas por todos mas  ninguém as praticavam; não por serem erradas, mas porque as pessoas, naquele momento, nem sabiam mais que elas existiam. Os meus atos eram os mais verdadeiros porém desacreditados por todos. Tudo porque haviam ficado num passado muito distante. O amor era o que poderia estar me fazendo acreditar na possibilidade de reverter o quadro, tão ambicioso, das pessoas, na busca de um poder falso e de um futuro sem ideais.
            Eu já não conseguia me impor como realmente era para acontecer. Eu  tinha que seguir um script e nem eu sabia se existia. Para mim, aquilo era o cúmulo do absurdo, pois todas as minhas tentativas de ser original tinham sido despencadas de ladeira abaixo. Os meus sonhos já não eram somente meus, a minha vida estava sendo a vida de outro, se eu parasse para refletir, realmente, a vida de todos os seres humanos é vivida em função dos outros, mas como eu não havia refletido, tornei-me amalucado, sem história e porque não dizer, sem memória. Tudo, que estava dentro de mim, era um sentimento de tristeza e de negação aos meus ideais, não porque eu quisesse, mas é porque a sociedade da qual faço parte, sempre me cobra por isso. Mesmo assim, sem ser realmente o que eu pretendia ser, fazia de tudo para conseguir ser feliz e até  conseguia, pois eu já sabia distinguir o certo do errado, mesmo assim, sempre que tinha oportunidade, agia errado, pois o erro já era parte do meu ser. Eu devia ser  completamente distorcido; não por mim; mas também  pelas pessoas que faziam parte do meu cotidiano.  Assim, as dúvidas sempre vinham à minha mente todas as vezes que eu precisava escolher entre o certo e o errado. A maioria das vezes, eu precisava saber se o certo atingiria, satisfatoriamente, um grande número de pessoas ou o errado é que contribuiria para o meu crescimento, juntamente com a sociedade? Vinham dúvidas à minha mente e eu teria que resolvê-las, até porque a vida é feita de escolhas, mas escolhas que venham de formas até equivocadas à nossa imaginação, mas  de um jeito ou de outro contribuiriam para  o nosso mundo,  no mínimo, diferente. O meu pensamento era o seguinte: “escolha é abrir mão daquilo que a gente acha certo e até aceitá-lo como errado, pois na democracia nós aprendemos a ficar com a maioria.” É isso mesmo. Eu já estava começando a entender tudo que acontecera comigo, mas não entendia nada que  com os outros. O jovem louco de desejo  residia dentro de mim e já estava se acostumando com as caras feias das pessoas  ao meu redor. Nada mais poderia me surpreender com as atitudes delas, ou seja,  não tinha que provar nada para elas;  tinha, sim,  provar para mim mesmo o que eu estava buscando para minha vida não era nada utópico, até  porque, eu acreditava veemente; tinha convicção e poderia alcançar os meus objetivos. Tudo dependeria única e exclusivamente de mim. Fui conseguindo forças; quando me sentia fraco e quanto mais fraco eu estava, mais forte eu me sentia porque acreditava em um alguém muito poderoso,   dando-me forças para seguir o caminho que eu mesmo havia objetivado para mim e que ele mesmo havia traçado antes que eu nascesse.
            Queria voltar a ser o jovem, completamente, oposto, mas tudo que eu fazia era ser o mesmo, ou seja, só conseguia repetir tudo que os outros faziam, eu não me sentia bem com isto, mas era a coisa mais viável que poderia me acontecer tudo porque eu não poderia deixar as minhas amizades, mesmo sabendo que elas poderiam me fazer um ser completamente errôneo e distante do que realmente eu era. Fiz então uma reminiscência, uma espécie de viagem ao fundo do meu próprio ego, para descobrir todo o meu ser, e entendi que na minha infância, não muito distante, eu havia sofrido por retaliações, discriminação, humilhação, e todas as coisas possíveis a uma pequena criança, apesar de não ser negro, o meu primeiro amigo de escola foi negro, mas isso não foi o fator mais marcante de minha infância, foi que a minha figura infantil era muito calada e por ser calada conseguia captar melhor as coisas, e que também, lá naquela pequena mente, havia um pensamento de guerreiro, e era isso que me tornava mais confiante, eu sabia que poderia ser autêntico, e  as pessoas poderiam me tornar menos eu, ou seja, eu teria que ser muito forte para não perder a minha identidade.
            Já na infância, eu tive que suportar as chacotas dos coleguinhas;  muitas vezes me criticavam, só pelo fato  eu tratar as pessoas de igual para igual. Não fora preciso nenhuma professora para me ensinar esta lição na escola, e não foi na escola que eu a aprendi, eu aprendi vivendo ou, melhor dizendo,  não aprendi, foi algo  dentro de mim, desde que me entendi por gente, mesmo sendo um garotinho calado, sempre encontrava espaço para olhar as coisas com outros olhos. A meu ver, as coisas deveriam ser completamente diferentes do que elas se mostravam e do que a sociedade aceitava, sempre via pessoas dizendo, “as coisas são assim mesmo, quem sou eu para mudar o que ninguém nunca conseguiu?”. Eu imaginava diferente, se as coisas eram assim e  ninguém fizesse nada para mudar, continuariam assim; mas se alguém tentasse mudar, por menos que fossem elas,  não seriam assim.
            Bastaria, então, que as pessoas se unissem em busca de um ideal,  um ponto em comum para que pudessem, com certeza, entender o instrumento de transformação da nossa sociedade Se a sociedade não é justa, talvez seja pelo fato de que as pessoas  nunca se tocaram e nunca fizeram algo para torná-la mais justa, pois não adianta nada falarmos dos deveres que os outros têm a cumprir, se nós não sabemos qual é o nosso, e se sabemos, não queremos cumpri-los. As pessoas poderiam até me recriminar em meus atos, mas não poderiam tirá-los de mim. Até por que eu buscava  uma forma das pessoas aceitarem suas limitações e fazerem de suas vidas algo evidentemente muito melhor. Era assim que eu queria a minha vida, do jeito de um livro, aberto, onde as pessoas pudessem ler, reler e todos os dias tirar conclusões diferentes  aos seus anseios, pois mesmo com as minhas loucuras eu precisaria elevar a capacidade de amar, tanto minha, quanto das demais pessoas, daquela forma que estava acontecendo, o amor   não poderia continuar, eu não gostaria de que as pessoas me esquecessem tão cedo, até pelo fato  que me esquecendo, elas estariam esquecendo todas as espécies de loucuras  dos meus pensamentos que seriam a minha única e esplêndida razão de viver.
            Não quero e nem vou ser o único louco, pois  contaminarei a todos com essa loucura indigesta que me alucina e me faz crer na possibilidade de um mundo mais fraterno, mais humano, onde as pessoas com certeza poderão virar, olhar para frente e não temer um inimigo às suas costas, e parem de me olhar como se eu estivesse destruindo as coisas mais importantes deles: a cobiça, o poder e a corrupção, pois se corrompem por coisas banais. É importante que todos deixassem de lado esses sentimentos hipócritas de poder, que é uma espécie de prazer passageiro porque parece uma bola de neve, quanto mais se enrola maior fica, ou seja quanto mais se tem o poder mais se quer o poder e mais se busca o poder e no final das contas menos se tem o poder.
            A única coisa  nossa é a moral, a nossa maneira de ser  é única. E  por ser única, devemos tomar cuidado para  ela não  nos causar constrangimentos; a vida é para ser vivida por isso devemos vivê-la da nossa melhor maneira. É claro que teremos momentos difíceis, mas todos eles servirão para enfatizar toda a importância do ato de viver. Os problemas existem na vida de cada um, para serem resolvidos, e quanto mais eles aparecem, mais nos sentimentos fortes ao resolvermos cada um, e quanto mais pensamos que não conseguiremos resolvê-los, mais descobrimos sermos suficientes para torná-los alcançáveis num curtíssimo espaço de tempo. Ah, o tempo! Não é que eu me esquecendo do tempo, esse aliado cruel, digo cruel, porque tudo depende dele, se não fosse ele, eu não estaria aqui relatando tudo isso. O tempo, ao mesmo tempo em que é um aliado, ele se torna nosso pesadelo, pois se as coisas acontecem rapidamente a culpa é dele, se acontecem lentamente a culpa continua sendo dele, nós nunca conseguimos assumir as nossas falhas por causa dele, ou seja, ele é o culpado pelos nossos sucessos e fracassos, mas continua sendo simplesmente o intervalo entre o homem e a sua própria história.
            Querer vê-lo passar mais rapidamente é o desejo daqueles que se encontram em estado de angústia e querer vê-lo passar mais lentamente é o desejo daqueles que se encontram em estado de graça, para eternizar esse momento. Só que acontece exatamente o contrário, quando estamos angustiados o tempo demora muito para passar e quando estamos alegres ele se torna mais acelerado. É a ótica do viver, tudo pode acontecer num simples e curtíssimo espaço de tempo, ou seja, de um segundo para outro pode demorar uma eternidade, ou pode ser mais veloz do que a própria barreira do nosso pensamento. Aproveitar o tempo  é imprescindível para vivermos bem a nossa vida, então que vivamos cada momento como se ele fosse único, pois pensando bem, todos os momentos de nossas vidas levarão uma verdadeira eternidade para serem repetidos, apesar de   imaginarmos que eles sempre são repetidos, pois na verdade não os são.
            Eu queria fazer de todo momento uma eternidade, mas só conseguia enxergar o que estava bem perto dos meus olhos; não tinha uma visão de  tudo,entretanto   não era um dilema só meu, todas as pessoas que estava à minha volta, também, tinham o meu pensamento, só que de maneira fragmentada e oculta, ou seja, sentiam mas não conseguiam colocar em prática os seus pensamentos, era como se eles não passassem de um sonho, muito mais irreal do que a nossa própria imaginação.
            Para traduzir tudo, os meus amigos não poderiam ser como eu, eles tinham os seus próprios pensamentos, e não era da mesma forma  porque, propriamente, falando, ninguém é perfeito, e se todos fossem evidentemente da mesma forma como a gente imaginasse, a vida perderia a graça e o mundo viraria uma ilha de tédio, pois estaria cercado de monotonia por todos os lados, e no meio de nossos ideais, não haveria distinção entre o que seria certo ou errado, tudo seria causa de inquietude e impaciência diante das controvérsias que, com certeza, dominariam a mente de cada um.
            Os meus amigos não eram os melhores, mas eram os meus amigos, e muitas vezes eu tinha que reprimi-los por algumas atitudes impensadas, mas como eu tinha liberdade de chamá-los de meus amigos, eu também tinha a obrigação de não deixarem cair em desgraça, ou seja, o que eu queria para mim, eu queria para eles, assim deveria ser as nossas atitudes com todos aqueles que chamamos de amigos. Mas angustiava-me o fato de que a amizade  não estava valendo nada, se encontrava muito mais desvalorizada do que as moedas dos países subdesenvolvidos.
            Eu teria que conviver com aquela angústia, mas me fortalecia ainda mais quando a cada novo dia conquistava novos amigos e a minha maneira de conquistá-los era  saudável, aceitando-os com seus problemas e até ajudando a resolvê-los; doando-me a cada momento em que estavam precisando de mim, e, que muitas vezes, recebia críticas por parte deles mesmos.  Eu não me importava com as críticas,  sabia que de uma forma ou de outra elas viriam e seriam mais uma para não me entregar e de não ser igual, em algumas atitudes, aos outros, não pelo fato de que eu queria ser o melhor, mas pelo fato de  ser igual é um sacrilégio, ou seja, sendo igual  me igualo em número com os outros, mas sendo diferente, com certeza, eu poderia contribuir muito mais e realmente, fazer a diferença.



  




UMA SOCIEDADE ALTERNATIVA


            Eu imaginava tudo. A minha busca era a de conseguir transformar o meu mundo desumano em vestígios de humanidade, na tentativa de retirar da extinção o sentimento mais supremo de todos os seres humanos, o amor. Para isso era preciso fazer as pessoas entenderem que o verbo amar deveria ser conjugado em todos os tempos, mesmo sabendo que dentro da ignorância, nasce seres superdotados de sentimentos, ou melhor dizendo, dentro do mundo cheio de ódio e rancor, pode aparecer alguém preocupado com o amor, dentro da estupidez do mundo poderá aparecer alguém sensato que realmente dê valor aos gestos de sentimentos.
            Um pequeno gesto, por parte de qualquer um, vale mais do que todas as palavras, e não adianta as pessoas falarem tanto de algo que não acreditam. Esse era o meu pensamento e poderia ser muito bem o pensamento de várias outras pessoas,  desse estereotipo, as quais eu mentalizei dentro de mim. Não sei se aparecerá alguém desta forma tão diferente, mas eu não poderia deixar a minha batalha no meio do caminho, eu entendia que alguém precisava de mim, e só por precisar era um motivo a mais para  eu não desistir de lutar pelos meus ideais.
            Uma sociedade perfeita eu sei não haveria, mas eu poderia lutar para que a minha sociedade tenha mais alternativas de escolhas, pois  tinham vontade de praticar determinado tipo de ação, mas, por ser minoria, não praticavam. Era nesse aspecto que eu mais me diferenciava dos outros seres da minha mesma espécie, as pessoas precisavam de um modelo, mas eu não me sentia esse modelo de pessoa;  eu tinha as minhas individualidades e  de qualquer maneira elas seriam as individualidades de outras pessoas. Eu teria que descobrir o porquê delas serem tão espevitadas em mim.
            A sociedade teria que mudar totalmente o seu padrão, ou seja, todos os membros que estavam dentro dela mesmo, sendo uma partícula dela, não estavam mais acreditando em suas potencialidades, até porque não as possuíam. O amor deveria ser pregado por todas as pessoas, mas eu estava percebendo que ele estava virando um sentimento estúpido sem características de amor e aos poucos estava se transformando numa lenda,  porque todos acreditam na sua existência,  mas ninguém estava mais o sentindo, dentro de si. Para mim, ele poderia ser comparado com a Iara, Mula-sem-cabeça, Lobisomem, Curupira, e várias outras lendas famosas do nosso folclore, até porque se eu pensasse bem, o só existe se existir alguém que acredite na sua existência. Eu já estava vendo o amor, mas não estava mais acreditando na sua existência, eu já o estava  sentindo porque tudo que até então era tão claro. A pessoa sem mais nem menos tornaram-se obscuros e a minha mente amalucada já não compreendia a razão pela qual as pessoas estavam brigando entre si e se destruindo por suas próprias mãos.
            Através dos próprios meios de sobrevivência, os meus irmãos construíam armas de morte e estavam dando fim uns aos outros, uma faca por exemplo, um pequeno instrumento de cozinha, estava sendo usada para os mais terríveis assassinatos; uma corda, que fora criada para ajudar as pessoas, estava sendo usada para os mais diversificados tipos de suicídios; um machado. que tanto foi necessário ao homem para a construção de estradas, casas, estaria sendo usado para esbagaçar crânios de irmãos; os meios de transportes usados para facilitar a vida; se vendo demolindo de forma assombrosa os vestígios vitais da raça humana, tudo por causa de um progresso falho. E porque a tecnologia da controvérsia chegou às classes menos favorecidas da sociedade, que para mim, não havia diferença, até porque a violência estava e continua por toda a parte, os seres humanos estão se esquecendo de viver e de transformar sua vida em algo mais útil.
            Não é pelo fato de ter dinheiro, que a violência aumentou, não é nada disso, a sociedade esqueceu do verbo amar muito mais rápido do que imaginável, e se pararmos para pensar é isso, pois o amor maior é Deus, e o nosso Deus está sendo trocado por deuses que ao invés de pregar o amor, prega uma espécie de convivência que dilacera de vez com os laços familiares, não está mais existindo família, a sociedade está quase chegando ao fundo do poço, e o culpado de tudo, somos todos nós, seres humanos, ambiciosos por um poder e nem sequer existe, à procura de algo que só se encontra na mente, à busca de um prazer estúpido e passageiro  é o caso dos vícios que  cada dia  aumenta dentro dos nossos lares, tomando todo o espaço do carinho e fraternidade o qual era para existir dentro de cada um.
            Eu sabia que muito pouco poderia fazer para mudar a realidade, mas nunca poderia deixar  esse muito pouco se transformar de repente em nada, pois sempre acreditava no velho ditado: “é melhor pingar do que secar”, pois eu precisava lutar para não deixar toda a minha luta fracassar, ou seja, eu queria que todos, mesmo se não amassem, se entendessem de forma clara o principio básico do amor, o sentimento responsável pela nossa própria existência na face do Planeta Terra,
            Eu era um ser espirituoso, sempre me via falando de amor e entregando amor a quem viesse de encontro à minha pessoa, mas na maioria das vezes, encontrava pessoas atéias que nem sequer conseguiam enxergar um palmo diante dos seus narizes, até porque, o Deus invisível não estava tendo o poder que todos esperavam, pois ninguém tinha fé, era muito mais produtivo acreditar no Deus do dinheiro, um Deus poderoso que estava corrompendo todos os seres humanos, pois para cultuá-lo as pessoas eram capazes de tudo, vender o próprio corpo, praticando e aumentando a prostituição, uma promiscuidade de horizontes infindáveis que estavam aparecendo para contaminar e destruir de vez tudo de melhor que existia na sociedade; o Deus do Prazer Passageiro também estava presente e de forma assombrosa fazendo crescer ainda mais a Religião das Drogas, uma religião ascendente, que se destaca pela volúpia dilacerada de seus praticantes, de procurar sempre mais o prazer que se encontra no álcool, no cigarro, e em todas as outras drogas que causam de certa forma um alívio para a mente, e que destrói de forma indecente todo o complexo muscular, ósseo, moral e espiritual humano. Eu já estava me sentindo realmente louco, mas um louco consciente de que quem precisava de remédio para me curar desse mal, só que eu não sabia que espécie de remédio poderia ser usada para amenizar o mal da sociedade.
            A minha vontade era de sair mundo afora e procurar um grupo de pessoas que fossem iguais a mim, mas as notícias que eu via na TV não era nada animadoras, não sabia por onde começar a mudar a sociedade e no silêncio do meu frio quarto, às vezes, suava de tanta preocupação porque eu sonhava com uma sociedade realmente alternativa que pudesse fazer todos os seres humanos seguirem, de forma exemplar, os caminhos legais, só que eu não entendia o que realmente seria um caminho legal, pois aquilo que para mim era legal, para os outros eram completamente errado porque fugiam do padrão normal e habitual das coisas. Eu não tinha muitas alternativas para mudar o que era praticamente imutável. Eu também não pensava em ser igual, apesar de algumas semelhanças,  teria que prosseguir em busca de uma realidade que para muitos seria irreal, mas  para mim era uma convicção de mundo onde as pessoas poderiam e seriam, evidentemente, diferentes.
            Certo dia, eu estava refletindo na letra da música “Imagine” do John Lennon, principalmente aquela parte que diz: “Você pode até me achar um sonhador, mas eu não sou o único, um dia você se juntará a mim, e o mundo será um só!” até porque era isso que eu ouvia as pessoas comentarem a meu respeito, sempre diziam: “você é louco, só você é que pensa assim, você é muito antiquado, isso é o que você pensa e é muito diferente do que os outros pensam, se você me mostrar alguém que tenha os seus mesmos pensamentos eu te aprovo”. E sempre reprovavam,  ninguém queria ser chamado de louco, a procura de uma causa que, para muitos, era perdida, parecia , eu, uma ovelha desgarrada, a única que não tinha salvação. Isso  me dava mais forças para eu não desistir, e a cada dia mais eu me fortalecia, porque eu era um espécime em extinção, e, portanto, deveria fazer de tudo para não me corromper. Como foi o que aconteceu com todos os meus ditos irmãos, que ao invés de terem cada um o seu ponto de vista, se viram entregues ao mundo dos prazeres carnais, é claro, eu também, por ser humano, tinha uma porção de vontade de praticar atos obscenos, mas por acreditar que tudo é passageiro e por ter a certeza de acontecer  tudo  no tempo certo, eu não praticava; não queria acelerar o passo das coisas, como todos faziam; eu queria apenas ser coerente porque  tudo deveria acontecer da forma correta e não seria um prazer passageiro a demonstrar toda a minha postura de ser cheio de problemas e repleto de defeitos.
            A sociedade muitas vezes cometia atos abusivos entre os seus membros, essa não deveria ser a forma correta para eu conseguir me aproximar de cada um deles, mas sendo um deles, eu aos poucos esqueceria de mim, e era por isso mesmo que eu não me entregava aos vícios periódicos, acostumados por todos os meus semelhantes. Eu tinha a obrigação de ser o original, até pelo fato de  eu não achar nada certo o que era praticado pelos meus terríveis e aterrorizantes irmãos. Sabia que todos continuariam me criticando por tudo que eu faria e desagradasse cada um deles, mas não era esse o meu medo, o meu medo era o de ser esquecido pela sociedade, porque se eu fosse apenas um, não adiantaria nada, mas como eu era diferente, dificilmente seria esquecido por todos aqueles aos quais cruzaram comigo no decorrer de toda a minha vida.
            Um script social diferente é o que eu almejava, e não deixarei nunca de almejar, pois nós nunca estaremos contentes, sempre quando vencemos um desafio, já planejamos outro, depois outro... apenas eu tinha a certeza daquilo que eu buscava, e se a gente não tiver realmente certeza daquilo que buscamos, é melhor a gente esperar para se ter essa certeza, caso contrário poderemos fazer coisas que  mais tarde nos arrependeremos, porque a vida é o resultado daquilo que buscamos por nós mesmos, e viver é buscar dentro de nós mesmos a força que nos faz necessários.
            Poderia até ser diferente, mas eu tinha certeza de que eu poderia fazer alguma coisa para mudar o meu mundo, conseguir transformá-lo em algo mais justo e confiável, então no meu imaginário de possibilidades, tentava modificar cada pequeno detalhe que para mim poderia ser um defeito, e de alguma forma poderia obstruir o espaço que existia na minha mente. \a sociedade alternativa teria que ser um retrato de tudo que seria bom, mas ninguém pode dizer o que é bom, se realmente não viver o que é bom, ninguém pode falar de carinho se não conhecer carinho, ou melhor, pode até falar, mas de maneira inconsciente, eu já estava pensando que todos os meus atos eram também inconscientes, porque ninguém falava de amor e eu amava, ninguém falava de carinho e eu falava, a minha visão era de alguém que em algum lugar vivera toda a espécie de amor. Parecia que eu tinha vindo de outro planeta e o ser extraterrestre que  se aflorava em mim,  dava-me  certeza de  dias melhores  e a cada dia  esperava mais melhorias .
            Aquele louco, de sonhos impossíveis, queria fazer as pessoas acreditarem na possibilidade de um mundo, evidentemente, muito melhor.  A responsabilidade de tudo que poderia vir a acontecer de errado, devia ser assumida por alguém e era esse o meu medo, mas eu não poderia deixar de ir à luta na realização do meu maior sonho, o sonho mais bonito que eu tivera, até então, em minha vida, tentar colocar todos os seres humanos no mesmo patamar, ou seja, tentar diminuir consideravelmente o tamanho da diferença  entre  os humanos. Não estava mais agüentando tanta indiferença de raça, cor e credo religioso, para mim, ninguém poderia ser melhor do que ninguém, mas a sociedade é capitalista e racista, e todos os seus elementos já estavam acostumados com isso, porque eu via pessoas se discriminando; porque as mesmas leis que lhes trazem direitos, trazem-lhes as mais pesadas obrigações, um exemplo bem claro vemos bem próximo de nós, em 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea abolindo todos os escravos que havia no Brasil, mas hoje há uma escravidão maior do que aquela do Período Colonial e Imperial, porque a escravidão que se limitavam aos negros e índios, chegou de forma assombrosa aos brancos, e agora os negros e os índios tornaram-se escravos de um sistema social ridicularizado por leis que muitas vezes só existem no papel. Falam tanto de direitos humanos, mas não existe qualquer forma de humanidade entre os seres.
            Lutarei bravamente para que eu não seja o único louco, quero num futuro bem próximo, contar com dezenas, centenas, milhares de loucos que pensem iguais a mim, ou que pelo menos tenham os mesmos ideais de libertação, eu sei que a tarefa não vai ser fácil, e não espero resultados imediatos, pois tenho certeza que para encontrar uma sociedade alternativa é preciso de alguém para mostrar alternativas para essa sociedade. Ninguém poderá viver na solidão, e "uma andorinha sozinha não faz verão, sendo assim eu acredito nas potencialidades de todos que estão à minha volta, não desistirei nunca dos meus sonhos e não deixarei nunca de sonhar, até pelo fato de que quem não sonha resseca a alma.
            A sociedade sempre precisou de um mártir, eu não quero ser esse mártir, mas com certeza tentarei de todas as formas possíveis ser o mais fiel exemplo de ser humano, não um ser humano perfeito, mas um ser humano cheio de falhas, pois sendo assim terei como me aproximar das pessoas sem que elas tenham medo dessa aproximação. Até porque, perfeito mesmo, só Jesus Cristo, que, mesmo assim, recebeu críticas e mais críticas para provar o seu amor à humanidade, e, hoje, mais de dois mil anos depois da sua passagem física pela Terra, vivendo como nós, é alvo de críticas por tudo que fez e continua fazendo por cada um de nós.
            Quando qualquer um de nós estiver sofrendo, devemos parar e pensar em todos os atos de Jesus, só ele é o caminho, só de refletirmos sobre sua vida, já dá para perceber que por maior que seja o nosso sofrimento é muito menos do aquele que Jesus sofreu na cruz do calvário por cada um de nós, a nossa dignidade, a nossa felicidade, a nossa esperança, sempre estará nele, é ele que nos dará a força necessária para superarmos todos os problemas  em nossas vidas, basta que todos nós, membros da sociedade, abracemos com firmeza a característica comum que temos com cada um. Nós somos sócios e sócios discutem o que é melhor para todos, não o que favorece apenas um pequeno grupo, temos então deixar de pensarmos somente em nós; deixar o nosso egocentrismo de lado e pensar naquilo que realmente vai me favorecer, mas que também favorecerá um grande número de pessoas. Não pode ser só por minha causa que as coisas deverão acontecer, mas também, para todos os seres humanos.
            Eu acredito na possibilidade de um mundo melhor e isso  acontecerá quando todos acreditarem e fazerem a sua parte, para isso é necessário que todos saibam qual é a sua parte.





POLIVALÊNCIA


Tudo que a gente busca , se houver muita persistência, consegue. Era assim a minha crença. Aquilo que aparentemente é fácil demais se torna sem sabor. Para o jovem louco era muito verídico o ditado popular: “quando a esmola é demais até o santo desconfia”. Quem busca realizar seus sonhos, tem que arregaçar as mangas e ir à luta, com a arma mais poderosa que Deus deu, a nossa fé, além de ter  muita força de vontade e obstinação na execução daquilo que fora proposto como meta na vida. Caso contrário, deverá deixar e sonhar, e assim, estará ressecando cada vez mais a sua alma.
Acredito que a vida seja sempre uma constante busca de realizações, pois quando conseguimos êxito num determinado assunto, logo vem outro com um patamar ou grau de dificuldade maior, dando realmente sentido e completando a dinâmica, a sua própria dinâmica.
Nem sempre estamos satisfeitos; as dificuldades que a vida  oferece, só serve para testar toda a nossa fortaleza, pois só os fortes sobrevivem. Às vezes, é preciso abandonar muitos sonhos para realizar outros;  eu mesmo não os abandonava, apenas adiava. Isto não queria dizer que eu era um ser desqualificado ou desclassificado, apenas eu teria que entregar o melhor de mim para desempenhar, com êxito,  cada uma das minhas funções. Era óbvio, eu não  permaneceria toda minha vida numa só função.
A trajetória de todo ser humano é cheia de altos e baixos, o que, realmente, me fazia acreditar era eu poder desempenhar certa função. Essa era a minha força de vontade e a minha curiosidade ao desconhecido (algo que deve estar dentro de cada ser humano) e porque não dizer: a capacidade que sempre possuímos de usar a nossa própria maneira de ser e de certa forma transformar o nosso viver.
Os seres humanos são  ricos em  alternativas, ou melhor dizendo, são criativos, sabem no mínimo blefar uma palavrinha horrorosa, que está sempre acompanhando a nossa vivência, mas  nunca conhecemos ou entendemos realmente o seu significado.
Eu não pretendia ser um blefador porque tudo aquilo que  fazeria, sempre me colocava um grau abaixo e não acima como fazem todos os blefadores, e, assim, não corria riscos de não dar conta do recado. Muitas pessoas chamam esta atitude de humildade. É fácil ser assim, basta você se conhecer muito bem e sempre se colocar abaixo daquilo que você avaliou, mas isto também não quer dizer  se aniquilar; o que já sabe é se precaver de alguma surpresa que o futuro possa trazer. Outra lição que eu aprendi também é a de  estar sempre disposto a recomeçar e cada recomeço é uma forma de reciclar o que aprendemos.
O jovem louco era criativo, abusado, persistente e não possuía orgulho; estava sempre disposto a  recomeçar, mas cada recomeço era uma forma de crescimento tanto interior como exterior.
Nunca fui de dizer que sabia das coisas, pois um pensamento filosófico de Sócrates estava sempre dentro de mim: “Só sei que nada sei!”
A minha humildade era grandiosa, aprendi a ser assim na labuta do meu dia-a-dia. A minha vida nunca foi fácil, mas deveria imaginar que a vida do outro também não é. Todos nós somos seres limitados, até traçarmos objetivos novos e cobrar mais empenho de nós mesmos. É uma briga entre o  nosso interior querendo vencer o exterior. E você ter que fazer de tudo para  haver um equilíbrio entre estas duas forças.
As características que eu possuía no meu “currículum vitae” eram suficientes para que eu fosse aprovado pela sociedade?
Esta era uma pergunta que sempre me torturava. Uma simples folha de papel pode ser o caminho indiscutível para a formação de profissionais, desqualificados e sem capacitação para as atividades desempenhadas, daí o motivo para tanto egoísmo. É um capitalismo selvagem destruindo quase todas as possibilidades das pessoas serem honestas, e não serem tão mesquinhas. O currículo de uma pessoa é o resultado daquilo que ele acumula durante toda a sua vida. Num currículo encontramos  as qualidades das pessoas; ali não há uma mostra dos defeitos. É uma concorrência, ou você é melhor ou a sua chance de ser um profissional fica cada vez mais distante.
Sei que eu não podia ser tudo, mas queria ser um pouco, o mínimo possível, seria o suficiente para que eu fosse o máximo. Trocando em miúdos,  nós precisamos é sermos realmente capazes de buscar objetivos e traçar metas alcançáveis. Não devemos nunca fantasiar as coisas, há sempre aquela concorrência quando se fala em emprego. As pessoas recheiam os currículos, com mentiras, apenas para tomar proveito da situação, muitas vezes não possuem, na prática, as qualidades especificadas para o desenvolvimento da função, ou seja, o papel aceita tudo, mas a prática não!
Aí é que está o problema da maioria das pessoas, nunca estão satisfeitas com o que têm nem com o que são, sempre se vêem frustradas por  não fazerem aquilo que realmente sabem.
Foi pensando nestes problemas que o jovem louco que existia em mim, me mostrou que não era preciso saber tudo de uma coisa para se ter sucesso, mas sim, entender um pouco de tudo. Uma pessoa polivalente hoje tem muito mais chance de se dar bem em sua profissão, seja ela qual for.
A gente não precisa entender só aquilo que é atribuição específica da função que assumimos, pois cada atividade desenvolvida requer vários outros atributos para se chegar ao seu pleno desenvolvimento
Polivalente. É essa a palavra que vai nos fazer dignos do merecimento da função que desempenhamos. Devemos ser uma mistura heterogênea de função pois quando desenvolvemos uma atividade seremos capazes de suprir toda a agonia, deficiência e deixamos transparecer a nossa própria maneira de ser.
Foi pensando assim que eu decidi ser uma pessoa eclética na tentativa de mudar o meu próprio mundo e ter mais uma chance de me dar bem profissionalmente. Esta foi o meu diferencial em relação a todos os outros. Não é difícil, você tem um sonho, que para realizá-lo precisa de etapas. Basta apenas que você capriche em cada uma dessas etapas que for passando. Assim, a vida terá mais sabor e a gente encontra razões para lutar e não será nunca um profissional frustrado.
Ser polivalente é uma característica que será muito cobrada no mundo globalizado. É verdade que a ciência foi se especializando em partes, ou seja, o profissional conhecia o todo, e agora conhece apenas o especifico, mas ainda assim um profissional atuante, em diversas áreas, que conhece um pouco de tudo, é muito mais valorizado dentro do seu próprio trabalho.
O jovem que permanecia em mim, era um louco, pelo novo, por novas conquistas e pela certeza de que dias melhores viriam. Era também um apaixonado pela vida e por todos os seres humanos, era diante dos seus irmãos que este jovem se tornava um ser essencialmente feliz.
Ser polivalente, às vezes, causa inveja e  transtornos indesejáveis para quem  é. Imagine você estando no seu lugar, desempenhando uma função e chegar outra pessoa dando “pitaco” naquilo que é de sua responsabilidade.
É chato! Não. É muito chato! Às vezes, os polivalentes são tratados de metidos, é isso mesmo!
O jovem louco que resolveu ser polivalente se preocupava muito com isso. Eu não queria que as pessoas me vissem como mexeriqueiro, como um intrometido. Para isso não acontecer, me espelhei no meu próprio rosto que mostrava uma face até então oculta. Eu possuía uma característica que me era peculiar, a de sempre conseguir fazer amigos. Como isso acontecia?
Através da minha simplicidade e humildade, fui aprendendo a respeitar cada pessoa e a fazer dela o reflexo do meu próprio rosto. Seguindo as palavras e ideologias do meu Mestre Maior, Jesus Cristo que um dia teve a sabedoria de dizer: “Amai o teu próximo como a ti mesmo”!
Ser polivalente é complicado, mas isso não deve atrapalhar a pessoa de se aproximar do seu objetivo. É claro,  precisamos tomar muito cuidado estando certo ou errado, a pessoa será criticada e uma crítica sempre será uma crítica. Poderá trazer transtornos irreparáveis tanto para a pessoa que a faz quanto para  quem recebe.
A polivalência, hoje, é uma necessidade básica para ser um profissional de sucesso; é preciso buscar dentro do nosso mundo, um outro mundo, que não se resume somente em repetir os mesmos fracassos, e nos deixar em dúvida daquilo que queremos. É antes de tudo, se ter certeza de um mundo repleto de horizontes onde a pessoa (o polivalente) navegue dentro do seu ser e procure preencher com outras funções aquilo que ele não encontra dentro da sua própria função.




AS MARCAS DE UMA EDUCAÇÃO

Sempre fico a imaginar dentro de minha louca mente: O que será de nosso mundo, se a educação que está sendo repassada já se perdeu nas curvas da estrada?  Sempre que precisamos inventar uma coisa nova,  batemos de frente com um passado que nos dá a resposta  ao presente, ou seja, a educação está sempre precisando de idéias novas. As  idéias novas não existem.  As pessoas não têm a coragem de ousar, por isso sempre se vêem pregando teorias educacionais que, em diversas partes, já fracassaram e  sempre aparecem  necessitando de uma mudança. Mas, o que eu, uma pessoa completamente leiga, poderia dizer a respeito de um assunto que nem mesmo  conhecia em sua plenitude?
Não é preciso entender. Por mais que façamos força, não conseguiríamos disfarçar os rumos que a educação está tomando, não é possível para uma mente totalmente decapitada pelo capitalismo selvagem e ignorada pela maioria das pessoas, conseguir uma explicação convincente. A única coisa que me fez desacreditar na educação era a forma de  as pessoas: professores, alunos, enfim, a sociedade  se escondendo com medo da transformação que ela mesma poderia causar a todos se fosse levada a sério.
A educação é um caminho  sempre pleiteado por todos, mas que, às vezes, as pessoas não possuem ou não sabem usar o transporte adequado para que possam trafegar por este caminho sem medo de seus obstáculos. Por causa disso ficam à mercê da própria sorte. Ficando assim na dependência de um atalho para recuperar o tempo gasto, prosseguir e retomar o seu percurso. Se você já sabe do atalho, isto é, aprendeu, naturalmente, para poder avançar , mas se não, a pessoa fica complicada para o resto da vida.
Na maioria das vezes a educação de uma parte independe da vontade da outra, por ela ser individual na sua prática, porque as pessoas são completamente diferentes uma das outras. Mesmo assim, não se trata de um exercício vago é preciso acreditar, quando não acreditamos, ela se perde e se transforma em fontes de desesperos e alternâncias.
O jovem louco, talvez até por ser diferente, mas nunca ausente se dispunha de armas poderosas: uma mente bastante flexível e configurada até então para fazer os questionamentos certos e buscar as respostas adequadas ou que mais se aproximavam da sua verdade.
Quando eu havia entrado na escola para ser alfabetizado, fui compreendendo aos poucos que ela é o limite de todo ser humano, e que somente ali é que a gente traça os objetivos concretos para a nossa própria vida, mas a escola não é mais vista como uma instituição séria até pelo fato da sociedade ter mudado completamente os seus conceitos sobre educação.
Eu ficava ali naquela lástima louca com minha mente amalucada tentando rever todos os meus princípios. O que era entendido por educação? A educação só é vista como educação dentro de uma escola? Ficava atordoado com tantas perguntas vagas e com tantas respostas que não me davam realmente convicção de tudo que eu buscava dentro do meu fantástico universo de pensamentos. Ainda assim, encontrava forças para compreender uma coisa bastante certa, a educação nunca é feita sozinha a sociedade sempre dita as regras, partindo de um ato solidário e nunca solitário.
Para uma pessoa se ter sucesso dentro da escola, é preciso antes de qualquer coisa possuir exemplos, e estes são apregoados para as pessoas antes mesmas de freqüentarem as salas de aula. Somente com exemplos práticos sejam eles de pais, irmãos, amigos é que uma pessoa poderá ter êxito na sua vida educacional. Todo comportamento humano depende da educação, de como ela foi adquirida,é verdade que há alguns casos isolados como é o meu, pois só por ter pensamento oposto aos demais é que me taxavam de louco, rebelde sem causa, e o pior, muitas vezes me ignoravam.
Aprendi a partir deste momento, ser uma pessoa muito mais crítica, mas também muito mais dono de mim. Descobri por meus próprios esforços aquilo que muitas vezes não seria possível, a arte de aprender a viver vivendo. E vivendo, compreendi que todos os nossos anseios só poderão nos trazer resultados se nós realmente tivermos uma educação tanto doméstica quanto escolar ou social à altura.
A escola para o jovem louco era a capacidade que ele possuía de traçar metas e fazer com que seus objetivos fossem aos poucos se cristalizando e se tornando realidade. Era ali, esquentando banco, que ele teria de passar a maior parte do seu tempo.
Estava cansado de olhar ao meu redor e ver uma educação escolar fragilizada por um sistema falho e por uma pirâmide catastrófica de problemas onde as pessoas não se preocupavam com os rumos tomados por ela.
O ensino escolar brasileiro sempre se viu cercado de pessoas que normalmente se mostravam alheios ao progresso do processo, fazendo com que, cada um dos que estavam dentro dele se tornassem também alheios ao novo. Deve ser por isso que eu possuía a firmeza dentro dos meus ideais, nunca queria deixar transparecer para as pessoas que eu sabia ou não sabia das coisas.
A minha educação era de um autodidata, mas eu compreendi que todas as pessoas devem ser assim até porque é preciso ter uma compreensão precoce de um determinado assunto. O que eu quero dizer é que ninguém começa um aprendizado do nada, ou seja, conhecimentos maiores certamente precisam de conhecimentos prévios anteriores.
Vi durante toda a minha vida, pessoas se dizerem burras por não compreenderem certas coisas. Na escola não foi diferente, muitas pessoas  se maldiziam que eram burros porque não aprendiam matemática e aqueles que aprendiam com facilidade eram postos em graus superiores.
Aquilo me fazia mais volúvel, eu não queria ser um mártir, uma figura a ser seguida, mas de qualquer forma eu sabia que seria seguido por muitas pessoas. De alguma forma eu era o exemplo a ser copiado, até porque os adolescentes de minha época não sabiam ser criativos do mesmo jeito que eu era. Continuei a minha luta pela educação que é um dos mitos da sociedade que sempre será necessário dentro de cada um.
Eu havia aprendido durante a minha breve existência: nunca estaremos distantes da educação, nem da formal, nem da informal pois sempre estaremos nos batendo de frente com qualquer uma delas. É uma sociedade exigente, que exige a todos os momentos que façamos uma reciclagem dos nossos conhecimentos, tanto como receptor como interlocutor.
Hoje nós estamos dentro de uma escola por nossa causa, amanhã pelos nossos filhos e netos, e ainda eu penso que não tenho nada a ver com isso? É a escola da vida ensinando sempre a lição a ser seguida. A vida sendo necessária pela educação e a educação sendo a base de uma sociedade no mínimo mais fortalecida de objetivos e atitudes.
É uma loucura também para mim ver a loucura educacional que se manifesta em todas as vertentes da sociedade, e é um abuso sentir a todos os momentos a guerra impulsiva pelo prazer do conhecimento estampado em cada rosto que quer mas não busca, pois se buscasse com certeza ele estaria a cada dia mais renovado e quando mais se busca algo mas se pode ter.
O jovem louco só era capaz de se sentir louco pela certeza de que seus passos seriam seguidos por alguém que como ele tinha objetivos embora não muitos definidos, mas que sempre traziam repercussões muito benéficas para o grandioso universo de pensamento de cada pessoa que buscava segui-lo.
A gente nunca poderá se imaginar o melhor e não era esse o pensamento do jovem louco, a educação seria sua busca e sem dúvidas o alicerce para as suas conquistas. Não seria apenas pelo fato das pessoas desacreditarem nelas que elas iriam se transformar num amontoado de pensamentos mal elaborados e de buscas sem metas, ou seja, um caminho que não iria levar a lugar algum. Mesmo tendo um pensamento diferenciado dos demais seres da minha espécie, eu queria através da educação aproximar mais um pouco dos outros seres e transformar não só o meu mundo, mas o universo mágico que se encontra ao redor de cada pessoa.
A educação era a forma que eu encontrava para extravasar os meus pensamentos e porque não dizer, os meus próprios sentimentos. Ali dentro daquela sala com carteiras ora enfileiradas, ora em círculos, eu teria que observar os professores lá na frente, às vezes dizendo o que eu não gostaria de ouvir, mas que de certa forma, teria que me acostumar,para mostrar posteriormente as minhas qualidades que por enquanto não possuía ou não sabia colocá-las à mostra para as pessoas.
Fui observando… observando… e aos poucos entendendo e me colocando dentro do meu universo de magia, aquilo que eu gostaria de fazer e de traçar para a minha vida. Uma busca que a educação, apesar de tão fragilizada, seria o ponto crucial para que de certa forma eu consiga chegar ao meu objetivo.
De tanto observar os mestres… comecei… a me identificar cada vez mais com alguns deles… e num futuro bem próximo… quem sabe…teria que me acostumar até a ser um deles. E porque não buscar então o que cada um poderia me oferecer de melhor? Era assim que o jovem louco se sentia… buscar o melhor de cada um… e fazer dele uma mistura no mínimo mais completa… para que o seu mundo fosse completamente transformado, mas transformado de maneira plena e capaz. Era preciso ser assim e, apesar das dificuldades, fui assimilando o que as pessoas poderiam me oferecer e consegui separar tudo aquilo que seria melhor para mim e para a vida daqueles que se encontravam à minha volta.
Só a educação educaria minha forma de ser, e eu contribuía para que ela fosse sempre melhor, apenas havendo uma entrega mutua é que o nosso mundo poderá ser melhor e muito mais humano. O jovem louco fará de tudo para que as pessoas não esqueçam nunca que eles são capazes e responsáveis por cada atitude cometida por elas no decorrer de sua trajetória de vida.
A felicidade existe…o amor existe… o Paraíso existe… e é preciso realmente que acreditemos nas suas existências, pois do contrário é melhor que nós mesmos nem acreditemos na nossa própria existência. Na fragilidade é que conseguimos mostrar toda a nossa fortaleza e nós só conseguimos ser à medida que conseguimos amar. Eu amo!!!
Ei! Ops! Por que será que ninguém consegue me escutar? A vida já me fez tantas surpresas! Mas mesmo assim estou firme de pé! Com os ouvidos bem abertos somente escutando! Com os olhos sempre arregalados observando cada gesto humano! Com as minhas mãos sempre ocupadas tentando acalentar e oferecer um pouco de ajuda para as pessoas, mas sem apontar defeitos. Com a minha boca sempre querendo falar alguma coisa boa e bonita para as pessoas.
Espero que cada um consiga entender aos poucos o que eu sou, e que também aos poucos se interajam e sejam de certa forma mais um louco a lutar por um sonho o de conseguir não ser transformado e nem excluído por essa sociedade tão excludente.
O que realmente eu gostaria era que cada um, fosse um pouco de mim e aos poucos seriam dezenas… centenas… milhares… bilhares…de pequenos ou grandes loucos que farão da minha sociedade algo muito melhor, e eu não me sentiria assim tão solitário.